segunda-feira, 29 de agosto de 2011

O Conde de Monte Cristo - Capítulo 62



LXII

OS FANTASMAS




À
 primeira vista, e examinada de fora, a casa de Auteuil não tinha nada de esplêndida, nada do que se poderia esperar de uma residência destinada ao magnífico Conde de Monte Cristo. Mas tal simplicidade devia-se à vontade do proprietário, que ordenara taxativamente que nada fosse mudado no exterior. Mas o exterior era o exterior e o interior era o interior, como era fácil de demonstrar. Com efeito, mal se abria a porta, o espetáculo mudava.
O Sr. Bertuccio excedera-se a si mesmo no bom gosto das decorações e na rapidez da execução. Assim como outrora o duque de Antin mandara abater numa noite uma alameda de árvores que incomodava a vista de Luís XIV também em três dias o Sr. Bertuccio mandara encher de plantas um pátio inteiramente nu, e belos álamos e sicômoros, trazidos com os seus enormes blocos de raízes, sombreavam a fachada principal da casa, diante da qual em vez de pedras semi-ocultas pelas ervas, se estendia um tapete de relva cujas placas tinham sido colocadas naquela mesma manhã, tapete vasto ainda perlado da água com que fora regado.
Quanto ao resto, as ordens provinham do Conde. Ele próprio entregara a Bertuccio uma planta onde estavam indicados o número e a localização das árvores que deviam ser plantadas, bem como a forma e o espaço do relvado que devia suceder à calçada.
Vista assim, a casa tornara-se irreconhecível, e o próprio Bertuccio protestava que não a reconhecia, assim metida na sua moldura de vegetação.
O intendente não desgostaria, enquanto ali estava, de fazer algumas transformações no jardim, mas o Conde proibira-o taxativamente de tocar fosse no que fosse. Bertuccio vingou-se enchendo de flores as antecâmaras, as escadas e as chaminés.
O que denotava a extrema habilidade do intendente e a profunda ciência do amo, um para servir e o outro para se fazer servir, era o fato de aquela casa, deserta havia vinte anos, tão sombria e tão triste ainda na véspera, toda impregnada do cheiro a mofo que se poderia chamar odor do tempo, ter adquirido num dia, com o aspecto da vida, os aromas preferidos do proprietário e até o seu grau de luminosidade favorito. Porque o Conde, quando chegasse, teria ali, ao alcance da mão, os seus livros e as suas armas, diante dos olhos os seus quadros preferidos e nas antecâmaras o cão de cujas carícias gostava e os pássaros cujo canto apreciava. Porque toda aquela casa, acordada do seu longo sono como o palácio da Bela do Bosque Adormecido, vivia, cantava, expandia-se, semelhante a essas casas que amamos há muito tempo e nas quais, quando por infelicidade as deixamos, fica involuntariamente parte da nossa alma.
Os criados iam e vinham contentes naquele belo pátio: uns, já senhores das cozinhas, cirandavam, como se sempre tivessem morado naquela casa, pelas escadas restauradas na véspera; outros enchiam as cocheiras, onde as carruagens, numeradas e arrumadas, pareciam instaladas havia cinqüenta anos, e outros ainda percorriam as cavalariças, onde os cavalos, à manjedoura, respondiam relinchando aos moços de estrebaria que lhes talavam com infinitamente mais respeito do que muitos criados falam aos amos.
A biblioteca estava disposta em dois corpos, de ambos os lados da parede, e continha cerca de dois mil volumes. Uma seção inteira estava destinada aos romances modernos e o que saíra na véspera já estava arrumado no seu lugar, pavoneando-se na sua encadernação vermelha e ouro.
Do outro lado da casa, no mesmo plano da biblioteca, ficava a estufa, guarnecida de plantas raras que vegetavam em grandes jarros japoneses, e no meio da estufa, maravilha ao mesmo tempo da vista e do olfato, um bilhar que se diria abandonado havia uma hora no máximo pelos jogadores, que tinham deixado as bolas imobilizarem-se no tapete.
Apenas um quarto fora respeitado pelo magnífico Bertuccio. Diante desse quarto, situado no canto esquerdo do primeiro andar e ao qual se podia subir pela escada secreta, os criados passavam com curiosidade e Bertuccio com terror.
Às cinco horas exatas, acompanhado de Ali, o Conde chegou diante da casa de Auteuil. Bertuccio esperava a sua chegada com uma impaciência laivada de inquietação. Esperava alguns cumprimentos, mas também temia uma franzidela de sobrolho.
Monte Cristo apeou no pátio, percorreu toda a casa e deu a volta ao jardim, silencioso e sem exteriorizar o menor sinal de aprovação ou descontentamento. Apenas quando entrou no seu quarto, situado do lado oposto ao quarto fechado, estendeu a mão para a gaveta de um movelzinho de pau-rosa, que já lhe chamara a atenção na sua primeira visita.
— Isto só pode servir para guardar luvas — disse.
— Com efeito, Excelência — respondeu Bertuccio, encantado — Se a abrir, encontrará luvas.
Nos outros móveis o Conde encontrou também o que esperava encontrar: garrafas, charutos, jóias.
— Muito bem! — disse novamente.
E o Sr. Bertuccio retirou-se encantado, tão grande era o poder e real a influência daquele homem sobre tudo o que o rodeava.
Às seis horas exatas ouviu-se tropear um cavalo diante da porta de entrada. Era o nosso capitão de sipaios, que chegava montado em Médeah. Monte Cristo esperava-o na escadaria, com um sorriso nos lábios.
— Tenho certeza de que sou o primeiro a chegar! — gritou-lhe Morrel — Vim propositadamente mais cedo para o ter um instante só para mim, antes de todas as pessoas. Julie e Emmanuel mandam-lhe milhões de cumprimentos. Ah! Sabe que tudo isto aqui é magnífico? Diga-me uma coisa, Conde: os seus criados cuidarão do meu cavalo como deve ser?
— Esteja tranqüilo, meu caro Maximilien, eles sabem o que fazem.
— É que ele precisa de ser esfregado com palha. Se visse o andamento que trouxe! Uma verdadeira tromba!
— Acredito. Nem outra coisa era de esperar de um cavalo de cinco mil francos! — perguntou Monte Cristo, no tom em que um pai falaria a um filho.
— Lamenta-os? — perguntou Morrel, com um sorriso franco.
— Eu? Deus me defenda! — respondeu o Conde — Não. Só lamentaria que o cavalo não fosse bom.
— É tão bom, meu caro Conde, que o Sr. de Château-Renaud, o homem mais conhecedor de França, e o Sr. Debray, que monta os árabes do ministério, correm atrás de mim neste momento, um pouco distanciados, como vê, e ainda são seguidos pelos cavalos da baronesa Danglars, que vêm num trote que lhes permite percorrer com facilidade as suas seis léguas por hora.
— Seguem-no, então? — perguntou Monte Cristo.
— Olhe, aí os tem!
Com efeito, naquele preciso momento um cupé com a parelha toda fumegante e dois cavalos de sela já sem fôlego chegavam diante do portão da casa, que se abriu diante deles. O cupé descreveu imediatamente o seu círculo e foi parar diante da escadaria, seguido dos dois cavaleiros. Num instante, Debray desmontou e chegou à portinhola. Ofereceu a mão à baronesa, que ao descer lhe fez um sinal imperceptível para todos, exceto para Monte Cristo.
Mas o Conde não perdia nada, e naquele gesto viu brilhar um bilhetinho branco, tão imperceptível como o sinal, e que passou, com uma facilidade que indicava o hábito de semelhante manobra, da mão da Sra. Danglars para a do secretário do ministro.
Atrás da mulher desceu o banqueiro, pálido como se saísse do sepulcro em vez de sair do seu cupé.
A Sra. Danglars lançou à sua volta um olhar rápido e investigador, que Monte Cristo foi o único a compreender, e no qual abarcou o pátio, o peristilo e a fachada da casa. Depois, reprimindo uma leve emoção, que sem dúvida se lhe refletiria no rosto se fosse permitido ao seu rosto empalidecer, subiu a escadaria ao mesmo tempo que dizia a Morrel:
— Se o senhor fosse um dos meus amigos, lhe perguntaria se o seu cavalo está à venda.
Morrel esboçou um sorriso, que mais parecia uma careta, e virou-se para Monte Cristo, como se lhe suplicasse que o tirasse do embaraço em que se encontrava.
O Conde compreendeu-o.
— Minha senhora — respondeu — Porque não me faz antes a mim essa pergunta?
— Porque consigo, senhor — declarou a baronesa — Não temos o direito de desejar seja o que for, pois estamos demasiado certas de o obter. Por isso me dirigi ao Sr. Morrel.
— Infelizmente — prosseguiu o Conde — Sou testemunha de que o Sr. Morrel não pode ceder o seu cavalo, pois deu a sua palavra de honra de que o conservaria.
— Como assim?
— Apostou que domaria Médeah no espaço de seis meses. Compreende agora, baronesa, que se se desfizesse dele antes do prazo fixado na aposta não só o perderia como ainda diriam que tinha medo? Ora um capitão de sipaios não pode, mesmo para satisfazer um capricho de uma mulher bonita, na minha opinião uma das coisas mais sagradas deste mundo, deixar que se espalhe semelhante boato.
— Como vê, minha senhora... — disse Morrel, dirigindo a Monte Cristo um sorriso de reconhecimento.
— De resto, parece-me — interveio Danglars num tom desabrido mal disfarçado por um sorriso forçado — Que a senhora já tem cavalos de sobra.
Não estava nos hábitos da Sra. Danglars deixar passar semelhantes ataques sem responder, e, no entanto, com grande admiração dos mais novos, fingiu não ouvir e não respondeu nada.
Monte Cristo sorriu do seu silêncio, que denotava uma humildade desacostumada, e mostrou à baronesa dois enormes vasos de porcelana da China sobre os quais serpenteavam vegetações marinhas de um tamanho e de um trabalho tais que só à natureza era dado possuir tanta riqueza, tanta seiva e tanta espiritualidade. A baronesa estava maravilhada.
— Pois sim, mas noutras mãos lhe plantariam lá dentro um castanheiro das Tulherias! — observou — Como terá sido possível cozer alguma vez semelhantes enormidades?
— Minha senhora, não devemos fazer tal pergunta a nós próprios, fabricantes de estatuetas e de vidro despolido com desenhos transparentes; neste caso, trata-se de uma obra de outros tempos, de uma espécie de criação de gênios da terra e do mar.
— Explique-se melhor. De que época são estes vasos?
— Não sei. Apenas ouvi dizer que o imperador da China mandou fazer um forno de propósito; que nesse forno, um após outro, se cozeram doze vasos idênticos a estes; que dois se quebraram devido ao calor excessivo do lume, e que os restantes dez foram descidos a trezentas braças no fundo do mar. Mar que, sabendo o que se pretendia dele, lançou sobre os vasos as suas lianas, torceu os seus corais e incrustou as suas conchas. Tudo isto foi cimentado por uma permanência de duzentos anos naquelas profundezas inauditas, porque uma revolução derrubou o imperador que ordenara a experiência e só deixou a ata de que constava o cozimento dos vasos e a sua descida ao fundo do mar. Passados duzentos anos encontrou-se a ata e pensou-se recuperar os vasos. Mergulhadores munidos de máquinas construídas propositadamente partiram à descoberta na baía em que tinham sido lançados; mas dos dez só se encontraram três: os outros tinham sido dispersos e quebrados pelas vagas. Quero muito a estes vasos no fundo dos quais imagino às vezes que monstros informes, assustadores, misteriosos e idênticos àqueles que só os mergulhadores vêem, fixaram com espanto o seu olhar mortiço e frio, e nos quais dormiram cardumes de peixes, que neles se refugiaram para fugir à perseguição dos seus inimigos.
Entretanto, Danglars, pouco apreciador de curiosidades, arrancava maquinalmente, uma a uma, as flores de uma magnífica laranjeira. E quando acabou com a laranjeira dirigiu-se para o cacto, mas este, de temperamento menos fácil do que a laranjeira, picou-o afrontosamente. Então, estremeceu e esfregou os olhos como se saísse de um sonho.
— Senhor — disse-lhe Monte Cristo sorrindo — Sei que é apreciador de quadros e que tem alguns magníficos; por isso, não lhe recomendo os meus, embora tenha aqui dois Hobbemas, um Paul Potter, um Mieris, dois Gerard Dow, um Rafael, um Van Dyck, um Zurbaran e dois ou três Murillos dignos de lhe serem apresentados.
— Aqui está um Hobbema — disse Debray — Reconheço-o.
— Sim, é verdade!
— Ofereceram-no ao museu.
— Que não tem nenhum, creio? — arriscou Monte Cristo.
— Não, e mesmo assim não o quis comprar.
— Porquê? — perguntou Château-Renaud.
— Você tem graça! Porque o Governo não é suficientemente rico para isso.
— Perdão! — desculpou-se Château-Renaud — Apesar de ouvir dizer isso todos os dias, há oito anos a esta parte, ainda não consegui me habituar.
— Acabará por se habituar — disse Debray.
— Não me parece — respondeu Château-Renaud.
— O Major Bartolomeo Cavalcanti e o Visconde Andréa Cavalcanti! — anunciou Baptistin.
De gravata de cetim preto acabada de sair das mãos do fabricante, barba acabada de fazer, bigode grisalho, olhar atrevido e uniforme de major adornado com três placas e cinco cruzes, em suma, numa indumentária impecável de velho soldado, assim apareceu o major Bartolomeo Cavalcanti, o terno pai que conhecemos. Junto dele, de casaca novinha em folha, caminhava de sorriso nos lábios o visconde Andréa Cavalcanti, o filho respeitoso que também já conhecemos. Os três jovens conversavam juntos. Olharam para o pai e para o filho, mas muito naturalmente os seus olhos detiveram-se mais tempo no último, que examinaram com minúcia.
— Cavalcanti... — disse Debray.
— Um belo nome — acrescentou Morrel — Que figura!
— Sim — disse Château-Renaud — É verdade, os italianos denominam-se bem, mas vestem-se mal.
— Você é difícil de contentar, Château-Renaud — contrapôs Debray — Aquela casaca é de um excelente alfaiate e novinha em folha.
— É precisamente isso que lhe critico aquele cavalheiro tem ar de quem se veste assim hoje pela primeira vez.
— Quem são aqueles senhores? — perguntou Danglars ao Conde de Monte Cristo.
— Bem ouviu: são os Cavalcanti.
— Fico esclarecido quanto ao nome, mas mais nada.
— É verdade, o senhor não está ao corrente da nossa nobreza de Itália. Quem diz Cavalcanti diz estirpe de príncipes.
— Boa fortuna? — perguntou o banqueiro.
— Fabulosa.
— Que fazem?
— Procuram gastá-la sem o conseguirem. Aliás, têm créditos sobre o senhor, segundo me disseram quando me visitaram anteontem. Convidei-os até em sua intenção. Hei de apresentar-los.
— Mas parece-me que falam muito corretamente o francês — observou Danglars.
— O filho foi educado num colégio do Meio-Dia, em Marselha ou nos arredores, creio. Verá pelo seu entusiasmo.
— A propósito de quê? — perguntou a baronesa.
— Das francesas, minha senhora. Está absolutamente decidido a casar em Paris.
— Que rica idéia! — exclamou Danglars, com desdém, encolhendo os ombros.
A Sra. Danglars fitou o marido com uma expressão que em qualquer outro momento pressagiaria tempestade, mas pela segunda vez calou-se.
— O barão parece hoje muito sombrio — observou Monte Cristo à Sra. Danglars — Por acaso terão querido fazê-lo ministro?
— Ainda não, que eu saiba. Creio antes que jogou na Bolsa, que perdeu e que não sabe como se justificar.
— O Sr. e a Sra. de Villefort! — gritou Baptistin.
As duas pessoas anunciadas entraram. O Sr. de Villefort, apesar do seu domínio sobre si mesmo, estava visivelmente impressionado. Quando lhe apertou a mão, Monte Cristo sentiu-a tremer.
“Decididamente, não há como as mulheres para saberem dissimular”, disse Monte Cristo para consigo, vendo a Sra. Danglars sorrir ao procurador régio e beijar a mulher deste.
Depois dos primeiros cumprimentos, o Conde viu Bertuccio, que, ocupado até ali do lado da copa, se esgueirava para uma salinha contígua àquela onde se encontravam.
Foi ter com ele.
— Que deseja, Sr. Bertuccio? — perguntou-lhe.
— Vossa Excelência não me disse quantos convidados eram.
— Ah, é verdade!
— Quantos talheres?
— Conte-os o senhor mesmo.
— Todos já chegaram, Excelência?
— Já.
Bertuccio olhou através da porta entreaberta.
Monte Cristo não o perdia de vista.
— Oh, meu Deus! — exclamou o intendente.
— Que é? — perguntou o Conde.
— Aquela mulher!... Aquela mulher!...
— Qual?
— Aquela de vestido branco e cheia de diamantes! A loura!...
— A Sra. Danglars?
— Não sei como se chama, mas é ela, senhor, é ela!
— Ela, quem?
— A mulher do jardim! A que estava grávida! A que passeava enquanto esperava!
Bertuccio ficou de boca aberta, pálido e com os cabelos em pé.
— Enquanto esperava quem?
Sem responder, Bertuccio indicou Villefort com o dedo, mais ou menos da mesma maneira que Macbeth indicou Banto.
— Oh!... Oh!... — murmurou por fim — Vê?
— O quê? Quem?
— Ele!
— Ele?... O Sr. Procurador régio? O Sr. de Villefort? Claro que vejo.
— Mas então... não o matei?
— Tem cada uma! Começo a convencer-me que enlouqueceu, meu caro Sr. Bertuccio — perguntou o Conde.
— Não morreu?...
— Não, claro que não morreu, como vê! Em vez de o ferir entre a sexta e a sétima costela esquerda, como fazem os seus compatriotas, o senhor feriu-o mais acima ou mais abaixo, e aquela gente da justiça tem a alma muito agarrada ao corpo, não sabia? A não ser que nada do que me contou fosse verdade, não passasse de um sonho da sua imaginação, de uma alucinação do seu espírito. Provavelmente adormeceu depois de digerir mal a sua vingança; ela pesou-lhe no estômago, o senhor teve um pesadelo e pronto! Vamos, recupere a calma e conte: o Sr. e a Sra. de Villefort, dois; o Sr. e a Sra. Danglars, quatro; o Sr. de Château-Renaud, o Sr. Debray e o Sr. Morrel, sete; o Sr. Major Bartolomeu Cavalcanti, oito.
— Oito! — repeliu Bertuccio.
— Espere! Espere! Está com muita pressa de ir embora, que diabo! Esquece-se de um dos meus convidados. Desvie-se um bocadinho pala a esquerda... olhe... o Sr. Andréa Cavalcanti, aquele jovem de casaca preta que está a admirar a Virgem de Murillo e que se vira agora.
Desta vez, Bertuccio começou um grito, que o olhar de Monte Cristo lhe extinguiu nos lábios.
— Benedetto...!! — murmurou baixinho — Que fatalidade!
— Estão a dar seis e meia, Sr. Bertuccio — disse severamente o Conde — Está na hora a que dei ordem para se ir para a mesa; bem sabe que não gosto de esperar.
E Monte Cristo voltou à sala, onde o esperavam os seus convidados, enquanto Bertuccio regressava à sala de jantar apoiando-se nas paredes. Cinco minutos mais tarde, as duas portas da sala abriram-se, Bertuccio apareceu, e fazendo, como Vatel em Chantilly, um derradeiro e heróico esforço, anunciou:
— Sr. Conde está servido.
Monte Cristo ofereceu o braço à Sra. de Villefort.
— Sr. de Villefort — disse — Seja o par da Sra. Baronesa Danglars, peço-lhe.
Villefort obedeceu e entraram na sala de jantar.






 continua...



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Primeira Lei de Murphy: "Se alguma coisa tem a mais remota chance de dar errado, certamente dará".
Comentário de Churchill sobre o homem: "O homem pode ocasionalmente tropeçar na verdade, mas na maioria das vezes ele se levanta e continua indo na mesma direção".

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