— CAPÍTULO VINTE E UM —
A Frente de Liberação dos Elfos Domésticos
HARRY, RONY E HERMIONE
FORAM AO CORUJAL naquela noite à procura de Pichitinho para Harry poder enviar
uma carta a Sirius, contando-lhe que conseguira passar ileso pelo dragão. No
caminho, Harry pôs Rony a par de tudo que Sirius lhe informara sobre Karkaroff.
Embora,
de início, Rony tivesse se chocado em saber que o bruxo fora um Comensal da
Morte, na altura em que chegaram ao Corujal ele já estava dizendo que os três
deviam ter desconfiado disso o tempo todo.
— Se
encaixa direitinho, não é! — disse ele — Você se lembra do que Malfoy disse no
trem, que o pai dele era amigo de Karkaroff? Hora, a gente já sabe onde se
conheceram. Provavelmente estavam correndo mascarados na Copa Mundial... mas
vou dizer uma coisa, Harry, se foi Karkaroff que pôs o seu nome no Cálice de
Fogo, ele agora vai estar se sentindo muito idiota, não acha? Não funcionou,
não é? Você só levou um arranhão! Vem até aqui, eu faço isso...
Pichitinho
estava demasiado excitado com a idéia de fazer uma entrega, voava sem parar à
volta da cabeça de Harry, piando continuamente. Rony agarrou a coruja no ar e
segurou-a quieta para que o amigo pudesse prender a carta à perna da ave.
—
Acho que não é possível que as outras tarefas sejam tão perigosas. Como
poderiam ser? — prosseguiu Rony enquanto levava Pichitinho até a janela — Sabe de
uma coisa? Acho que você poderia vencer esse torneio, Harry, estou falando
sério.
Harry
sabia que Rony só estava dizendo isso para compensar o seu comportamento nas
últimas semanas, mas assim mesmo gostou. Hermione, no entanto, encostou-se à
parede do Corujal, cruzou os braços e amarrou a cara para Rony.
—
Harry tem um longo caminho a percorrer até o fim do torneio — disse ela séria —
Se essa foi a Primeira Tarefa, nem quero pensar qual vai ser a próxima.
—
Você é um raio luminoso de sol, não é não? Você e Profª. Trelawney deviam se
reunir um dia desses.
E,
dizendo isso, Rony lançou Pichitinho pela janela. A ave mergulhou quase quatro
metros antes de conseguir se sustentar; a carta amarrada a sua perna era muito
mais comprida e pesada que o normal, Harry não pôde resistir à tentação de
contar a Sirius, lance a lance, exatamente como voara para cá e para lá,
circulara e se desviara do Rabo-Córneo.
Os
três acompanharam Pichitinho desaparecer na noite, e então Rony falou:
—
Bom, é melhor descermos para a sua festa surpresa, Harry, a esta altura, Fred e
Jorge já devem ter pilhado comida suficiente das cozinhas.
Não
deu outra. Quando entraram, a Sala Comunal da Grifinória explodiu de vivas e
gritos outra vez. Havia montanhas de bolos e garrafões de suco de abóbora e
cerveja amanteigada em cima de cada móvel, Lino Jordan soltara alguns dos seus
Fogos Fabulosos do Dr. Filibusteiro Sem Fumaça Nem Calor, por isso o ar estava
denso de estrelas e faíscas e Dino Thomas, que era muito bom em desenho, tinha
pendurado magníficos galhardetes novos, a maioria dos quais mostrava Harry
voando na Firebolt em volta da cabeça do dragão, embora houvesse uns dois que
mostravam Cedrico com os cabelos em chamas.
Harry
se serviu da comida, quase esquecera como era se sentir realmente faminto, e se
sentou com Rony e Hermione. Não conseguia acreditar na felicidade que sentia:
recuperara o apoio de Rony, dera conta da Primeira Tarefa e só teria que
enfrentar a Segunda dali a três meses.
—
Putz, isso é pesado — comentou Lino Jordan, levantando o ovo dourado, que Harry
deixara em cima de uma mesa, e pesando-o nas mãos — Abra, Harry, vamos! Vamos
ver o que tem dentro!
— Ele
tem que decifrar a pista sozinho — disse Hermione depressa — É a regra do
torneio...
— Eu
devia arranjar um jeito de passar pelo dragão sozinho, também — murmurou Harry,
de modo que somente Hermione o ouvisse, e ela deu um sorriso culpado.
— É,
anda, Harry, abra! — fizeram coro vários colegas.
Lino
passou o ovo a Harry e o garoto enfiou as unhas no sulco que corria a toda volta
do objeto, forçando o ovo a abrir. Estava oco e completamente vazio, mas no
momento em que Harry o abriu, um som terrível, alto e agudo como um agouro,
encheu a sala. A coisa mais próxima àquilo que Harry já ouvira fora a orquestra
fantasma na festa do aniversário de morte de Nick Quase Sem Cabeça, em que
todos os componentes tocavam um serrote musical.
—
Fecha isso! — berrou Fred, as mãos tampando os ouvidos.
— Que
é isso? — perguntou Simas Finnigan, olhando o ovo enquanto Harry tornava a
fechá-lo com um estalo — Parecia um espírito agourento... quem sabe você vai
ter que passar por um deles da próxima vez, Harry!
— Era
alguém sendo torturado! — arriscou Neville, que ficara muito pálido e largara
os pães de salsicha no chão — Você vai ter que enfrentar a Maldição Cruciatus!
—
Deixa de ser babaca, Neville, isso é ilegal — disse Jorge — Não usariam a
Maldição Cruciatus contra os campeões. Achei que lembrava um pouco o Percy
cantando... quem sabe você vai ter que atacar ele quando estiver debaixo do
chuveiro, Harry.
—
Quer uma tortinha de geléia, Mione? — ofereceu Fred.
Hermione
olhou com ar de dúvida para o prato que o garoto lhe estendia.
Fred
sorriu.
—
Pode se servir. Não fiz nada com elas. É com os cremes de caramelo que você tem
de se cuidar...
Neville,
que acabara de encher a boca de creme, se engasgou e o cuspiu fora.
Fred
deu uma risada.
— É
só uma brincadeirinha, Neville...
Hermione
apanhou uma tortinha de geléia. Depois perguntou:
—
Você apanhou tudo isso na cozinha, Fred?
— Foi
— respondeu ele sorrindo para a garota. Ele fez uma voz de falsete e imitou um
elfo doméstico — “O que pudermos lhe arranjar, meu senhor, qualquer coisa!” são
super-prestativos... me arranjariam um boi assado se eu dissesse que estava
faminto.
—
Como é que você entra lá? — perguntou Hermione com uma voz inocentemente
desinteressada.
— É
fácil, tem uma porta escondida atrás da pintura de uma fruteira. É só fazer
“cosquinha” na pera, ela ri e... — ele parou olhou desconfiado para a garota —
Por quê?
—
Nada — apressou-se Hermione a dizer.
— Vai
tentar liderar uma greve de elfos domésticos, é? Vai desistir dos folhetos e
incitar os caras a se revoltarem?
Algumas
pessoas riram.
Hermione
não respondeu.
— Não
vai perturbar os elfos dizendo que têm que pedir roupas e salários! — avisou-a
Fred — Vai desviar os caras do preparo da comida!
Nesse
instante, Neville provocou uma ligeira distração transformando-se em um grande
canário.
—
Ah... me desculpe, Neville — gritou Fred, abafando as risadas — Me esqueci...
foram os cremes de caramelo que enfeitiçamos...
Um
minuto depois, Neville entrava na muda e quando as penas acabaram de cair ele
reapareceu tal qual era. E até engrossou o coro de gargalhadas.
—
Cremes de Canários! — anunciou Fred para os alunos facilmente excitáveis —
Jorge e eu inventamos, sete sicles cada, pechincha!
Era
quase uma hora da manhã quando Harry finalmente foi para o dormitório em
companhia de Rony, Neville, Simas e Dino. Antes de fechar as cortinas de sua
cama, o garoto colocou a miniatura do Rabo-Córneo Húngaro em cima da
mesa-de-cabeceira onde o dragão bocejou, se enroscou e fechou os olhos.
Para
ser sincero, pensou Harry ao correr as cortinas da cama, Hagrid tinha uma certa
razão... eles eram realmente legais, os dragões...
* * *
O começo de Dezembro
trouxe chuva e neve granulada a Hogwarts. Mesmo cheio de correntes de ar como
costumava ser o castelo no inverno, Harry se sentia grato por suas lareiras e
paredes grossas todas as vezes que passava pelo navio de Durmstrang no lago,
jogando com os ventos fortes, as velas negras enfunadas contra o céu escuro.
Ocorreu-lhe que a carruagem de Beauxbatons provavelmente era bem fria também.
Hagrid,
reparou ele, estava mantendo os cavalos de Madame Maxime bem abastecidos do
uísque que preferiam, os vapores que subiam do cocho a um picadeiro eram
suficientes para deixar tonta a classe inteira de Trato das Criaturas Mágicas.
Isto não ajudava nada, porque os garotos continuavam cuidando dos horrorosos
explosivins e precisavam ficar sóbrios.
— Não
tenho bem certeza se eles hibernam ou não — disse Hagrid, na aula seguinte, à
classe que tremia de frio na horta de abóboras varrida pelo vento — Achei que
devíamos tentar ver se os bichos querem tirar uma soneca... vamos colocá-los
nessas caixas...
Agora
só restavam dez, aparentemente ainda não haviam se fartado de se matar uns aos
outros. Cada um agora chegava quase a um metro e oitenta centímetros de
comprimento. A carapaça grossa e cinzenta, as perninhas curtas em movimento, as
caudas que expeliam fogo, os ferrões e os sugadores se somavam para tornar os
explosivins as coisas mais repugnantes que Harry já vira.
A
turma olhou desanimada para as enormes caixas que Hagrid trouxera, todas
forradas com almofadas e cobertores macios.
—
Vamos levá-los para as caixas — disse Hagrid — Tampá-las, e ver o que acontece.
Mas
os explosivins, pelo que se viu, não hibernavam, e não gostavam de ser enfiados
à força em caixas forradas com almofadas com uma tampa por cima.
Hagrid
logo começou a gritar:
— Não
entrem em pânico, não entrem em pânico! — enquanto os bichos desembestavam pela
horta de abóboras agora juncada com os restos de caixas fumegantes.
A
maioria da turma, Malfoy, Crabbe e Goyle à frente, tinha fugido para a cabana
de Hagrid pela porta dos fundos e se barricara lá dentro. Harry, Rony e
Hermione, no entanto, estavam entre os alunos que tinham ficado do lado de fora
tentando ajudar o professor. Juntos, conseguiram dominar e prender nove dos
explosivins, embora ao custo de vários cortes e queimaduras, finalmente, faltou
apenas uma das criaturas.
— Não
vão assustá-lo! — gritou Hagrid, enquanto Rony e Harry usavam as varinhas para
lançar fagulhas no bicho, que avançava ameaçadoramente para os garotos, o
ferrão nas costas estremecendo em riste — Tentem passar a corda pelo ferrão
para ele não poder atacar os outros.
— Ah,
é, nós nem íamos querer uma coisa dessas! — gritou Rony zangado, enquanto ele e
Harry recuavam contra a parede da cabana de Hagrid, ainda mantendo o explosivim
afastado com fagulhas.
—
Ora, ora, ora... isso parece realmente divertido!
Rita
Skeeter estava debruçada na cerca do jardim de Hagrid, apreciando a confusão.
Usava uma grossa capa carmim com uma gola de peles e trazia a bolsa de
crocodilo no braço.
Hagrid
se atirou em cima do bicho que acuava Harry e Rony e achatou-o, um jorro de fogo
disparou de sua cauda, queimando os pés de abóbora mais próximos.
—
Quem é a senhora? — perguntou Hagrid à jornalista, enquanto passava a corda no
ferrão do explosivim e apertava o laço.
—
Rita Skeeter, repórter do Profeta Diário — respondeu a moça, sorrindo para ele.
Seu dente de ouro brilhou.
—
Pensei ter ouvido Dumbledore dizer que a senhora não podia mais entrar na
escola? — disse Hagrid erguendo ligeiramente as sobrancelhas enquanto saía de
cima do bicho achatado e começava a arrastá-lo para junto dos companheiros.
Rita
fez de conta que não ouviu o que Hagrid acabara de dizer.
—
Como é o nome dessas criaturas fascinantes? — perguntou ela, com um sorriso
ainda maior.
—
Explosivins — resmungou Hagrid.
—
Sério? — disse ela, parecendo vivamente interessada — Nunca ouvi falar deles
antes... e de onde é que eles vêm?
Harry
notou uma vermelhidão subir da barba negra e desgrenhada de Hagrid e sentiu um
súbito desânimo. Onde é que Hagrid arranjara aqueles bichos? Hermione que
parecia estar pensando mais ou menos a mesma coisa, disse depressa:
—
Eles são muito interessantes, não é mesmo? Não são, Harry?
—
Quê? Ah, são... ai... interessantes — disse o garoto quando a amiga pisou seu
pé.
— Ah,
você está aqui, Harry! — exclamou Rita olhando para o lado — Então você gosta
da aula de Trato das Criaturas Mágicas? Uma de suas matérias preferidas?
— É —
disse Harry corajosamente.
Hagrid
lhe deu um grande sorriso.
— Que
beleza! — disse Rita — Realmente uma beleza. Está ensinando isso há muito
tempo? — perguntou ela a Hagrid.
Harry
reparou que os olhos da jornalista corriam de Dino (que recebera um corte feio
no rosto), para Lilá (cujas vestes estavam bastante chamuscadas), para Simas
(que estava cuidando de vários dedos queimados), e dele para as janelas da
cabana, onde se encontrava a maior parte da turma, de nariz colado na vidraça,
esperando ver se era seguro sair.
—
Este é o meu segundo ano — respondeu o professor.
— Que
beleza... o senhor não gostaria de dar uma entrevista? Contar sua experiência
com criaturas mágicas? O Profeta publica uma coluna zoológica toda
Quarta-Feira, como o senhor com certeza já sabe. Nós poderíamos falar desses...
hum... estouradins?
—
Explosivins — apressou-se a corrigir Hagrid — Hum... claro, por que não?
Harry
teve uma sensação ruim sobre o convite, mas não havia como se comunicar com
Hagrid sem Rita ver, por isso ele foi obrigado a ficar em silêncio observando
Hagrid e Rita combinarem se encontrar no Três Vassouras para uma longa
entrevista, mais para o fim da semana. Então a sineta tocou no castelo,
anunciando o fim da aula.
—
Bem, tchau, Harry! — gritou Rita alegremente para o garoto, enquanto ele se
afastava com Rony e Hermione — Até Sexta-Feira à noite, então, Hagrid!
—
Rita vai distorcer tudo que ele disser — comentou Harry baixinho.
—
Desde que ele não tenha importado aqueles explosivins ilegalmente nem nada do
gênero — disse Hermione desesperada.
Eles
se entreolharam, era exatamente o tipo de coisa que Hagrid seria capaz de
fazer.
—
Hagrid já se meteu em montes de confusão antes e Dumbledore nunca o despediu —
disse Rony em tom de consolo — O pior que pode acontecer é Hagrid ter que se
livrar dos bichos. Desculpe... eu disse o pior? Quis dizer o melhor.
Harry
e Hermione caíram na gargalhada e, sentindo-se mais animados, foram almoçar.
Harry
gostou imensamente da aula de Adivinhação naquela tarde, a turma ainda estava
fazendo mapas e predições, mas agora que ele e Rony tinham voltado a ser amigos
a coisa recuperara a antiga graça. A Profª. Trelawney, que andara tão
satisfeita com os garotos quando eles estiveram predizendo mortes horrendas
para si mesmos, não tardou a se irritar quando os dois ficaram de risadinhas na
hora em que ela explicava as várias maneiras com que Plutão era capaz de
desorganizar a vida diária.
—
Seria de pensar — disse ela, num sussurro místico que não ocultava seu óbvio
aborrecimento — Que alguns de nós — e olhou significativamente para Harry —
Seriam um pouquinho menos frívolos se tivessem visto o que vi quando consultei
a minha bola de cristal ontem à noite. Eu estava sentada bordando, muito
absorta, quando fui tomada por um impulso de consultar a bola. Levantei-me e me
sentei diante dela e contemplei suas profundezas cristalinas... e o que acham
que vi olhando para mim?
— Uma
morcega velha com os óculos maiores do que a cara? — cochichou Rony.
Harry
fez muita força para ficar com a cara séria.
— A
morte, meus queridos.
Parvati
e Lilá levaram as mãos à boca, fazendo cara de horror.
—
Sim, senhores — disse a professora, acenando a cabeça de modo impressionante —
Ela está se aproximando, cada vez mais, descrevendo círculos no céu como um
urubu, cada vez mais baixa... sempre mais baixa sobre o castelo...
Ela
olhou diretamente para Harry, que bocejou com a boca escancarada e de maneira
óbvia.
—
Teria sido mais impressionante se ela não tivesse anunciado isso oito vezes
antes — disse Harry, quando finalmente recuperaram o ar fresco na escada sob a
sala de Trelawney — Mas se eu caísse duro toda vez que ela diz que vou cair, eu
seria um milagre da medicina.
—
Seria uma espécie de fantasma super-concentrado — disse Rony rindo, ao passarem
pelo Barão Sangrento que ia em sentido contrário, um olhar sinistramente fixo
nos olhos enormes — Pelo menos ela não passou dever de casa. Espero que a
Profª. Vector tenha passado um monte para Hermione, adoro ficar à toa quando
ela está ocupada...
Mas a
garota não apareceu para jantar, nem estava na biblioteca quando eles foram
procurá-la. A única pessoa que estava lá era Vítor Krum. Rony ficou parado um
tempo atrás das estantes, observando Krum e discutindo aos cochichos com Harry
se deveria pedir um autógrafo, mas então percebeu que havia umas seis ou sete
garotas rondando entre as estantes ao lado, discutindo exatamente a mesma
coisa, e perdeu o entusiasmo pela idéia.
—
Onde será que ela se meteu? — indagou Rony quando os dois rumavam para a Torre
da Grifinória.
— Sei
lá... Asnice.
Mas a
Mulher Gorda mal começara a girar para frente quando o ruído de alguém correndo
às costas dos garotos anunciou a chegada de Hermione.
—
Harry! — ofegou ela, derrapando até parar ao lado dele.
A
Mulher Gorda olhou para a garota, com as sobrancelhas erguidas.
—
Harry, você tem de vir comigo... tem de vir, aconteceu a coisa mais
fantástica... por favor...
Ela
agarrou o braço de Harry e tentou arrastar o garoto de volta ao corredor.
— Que
é que aconteceu? — perguntou Harry.
— Eu
mostro a você quando a gente chegar lá, ah, anda logo, depressa...
Harry
olhou para Rony; este olhou para Harry intrigado.
— Ok
— disse Harry, começando a retroceder pelo corredor com Hermione, Rony correndo
para acompanhá-los.
— Ah,
não se incomodem comigo! — gritou a Mulher Gorda irritada para os garotos — Não
peçam desculpas por terem me incomodado! Vou continuar pendurada aqui, aberta,
até vocês voltarem, não é isso?
— É,
obrigado — gritou Rony por cima do ombro.
—
Hermione, onde é que estamos indo? — perguntou Harry, depois que a garota os
fizera descer seis andares e já estavam na escadaria de mármore do Saguão de
Entrada.
—
Você vai ver, você vai ver já, já! — disse Hermione excitada.
Ela
virou à esquerda ao pé da escada e correu para a porta que Cedrico cruzara na
noite seguinte ao Cálice de Fogo ter regurgitado o seu nome e o de Harry.
O
garoto jamais passara ali antes. Ele e Rony acompanharam Hermione, desceram um
lance de escadas de pedra, mas em vez destas terminarem em uma sombria passagem
subterrânea, como a que levava à masmorra do Snape, os garotos se viram em um
corredor de pedra, largo, muito bem iluminado com archotes, e decorado com
alegres pinturas, na maioria, de comida.
— Ah,
espera aí... — disse Harry lentamente, a meio caminho do corredor — Espera um
instante, Hermione...
—
Quê? — ela se virou para olhá-lo, o rosto que era só expectativa.
— Já
sei do que se trata — disse Harry.
O
garoto cutucou Rony e apontou para o quadro logo atrás de Hermione.
Era a
pintura de uma enorme fruteira de prata.
—
Hermione! — exclamou Rony, entendendo — Você não está tentando nos pegar a laço
para aquela história do fale outra vez?
—
Não, não, não estou! — apressou-se ela a dizer — E não é fale, Rony...
—
Você mudou o nome? — perguntou Rony, franzindo a testa — Que somos então? A
Frente de Liberação dos Elfos Domésticos? Não vou invadir a cozinha para fazer
eles pararem de trabalhar, não vou fazer isso...
— Não
estou lhe pedindo isso! — disse Hermione impacientemente — Desci aqui agora há
pouco para conversar com eles e encontrei... ah, anda, Harry, quero lhe
mostrar!
A
garota tornou a agarrá-lo pelo braço, puxou-o para diante do quadro da
fruteira, esticou o dedo indicador e fez cócegas na enorme pêra verde. A fruta
começou a se contorcer e rir e, de repente, transformou-se em uma grande
maçaneta verde. Hermione segurou-a, abriu a porta e empurrou Harry pelas
costas, com força, obrigando-o a entrar.
O
garoto teve apenas uma breve visão de um amplo aposento de teto alto, grande
como o Salão Principal acima, repleto de tachos e panelas de latão empilhados
ao redor das paredes de pedra, um grande fogão de tijolos no extremo oposto,
quando alguma coisa pequena se precipitou do meio do aposento ao encontro dele,
guinchando:
—
Harry Potter, meu senhor! Harry Potter!
No
segundo seguinte todo o ar dos seus pulmões foi expelido, o elfo, aos guinchos,
colidiu com ele na altura do diafragma, abraçando-o com tanta força que o
garoto pensou que suas costelas iam partir.
—
D-Dobby? — ofegou Harry.
—
Dobby, meu senhor, é sim! — guinchou a voz na altura do seu umbigo — Dobby teve
muita esperança de ver Harry Potter, meu senhor, e Harry Potter veio ver ele,
meu senhor!
Dobby
soltou o garoto e recuou alguns passos, sorrindo para Harry de orelha a orelha,
seus enormes olhos verdes, redondos como bolas de tênis, se enchendo de
lágrimas de felicidade. Tinha quase exatamente a mesma aparência com que Harry
o conhecera: o nariz fino e reto, as orelhas de morcego, as mãos e os pés
compridos, exceto pelas roupas, que eram muito diferentes.
Quando
Dobby trabalhara para os Malfoy, sempre usara a mesma fronha velha e imunda.
Agora, porém, vestia a combinação mais extravagante de roupas que Harry já vira
na vida; fizera uma escolha de peças pior do que a dos bruxos na Copa Mundial.
Usava um abafador de chá à guisa de chapéu, no qual estavam presos vários
distintivos coloridos, uma gravata com estampa de ferraduras de cavalo sobre o
peito nu, calções que pareciam os de uma criança jogar futebol e meias
desaparelhadas. Uma delas, Harry reparou, era a preta que ele tirara do próprio
pé e induzira o Sr. Malfoy a jogar para Dobby, e ao fazer isso, libertara-o. A
outra era listrada de rosa e laranja.
—
Dobby, que é que você está fazendo aqui? — perguntou Harry surpreso.
—
Dobby veio trabalhar em Hogwarts, meu senhor! — guinchou o elfo excitado — O
Prof. Dumbledore deu emprego a Dobby e Winky meu senhor!
—
Winky? — exclamou Harry — Ela também está aqui?
—
Está, sim, senhor, está! — disse Dobby, e agarrando a mão de Harry puxou-o para
dentro da cozinha entre quatro longas mesas de madeira que estavam ali.
Cada
uma das mesas, o garoto notou ao passar, estava colocada exatamente embaixo das
quatro mesas das Casas em cima, no Salão Principal. Naquele momento não havia
comida nelas, o jantar já terminara, mas ele supôs que uma hora antes
estivessem carregadas de travessas que então eram mandadas pelo teto para as
suas correspondentes no andar superior. No mínimo uns cem elfos estavam parados
pela cozinha, sorrindo, inclinando a cabeça e fazendo reverências quando Dobby
passou com Harry por eles. Todos usavam o mesmo uniforme, uma toalha de chá
estampada com o timbre de Hogwarts e amarrada como uma toga, como a de Winky.
Dobby
parou diante do fogão de tijolos e apontou.
—
Winky, meu senhor! — disse ele.
Ela
estava sentada em um banquinho junto ao fogo. Ao contrário de Dobby, obviamente
não saíra catando roupas. Usava uma saia e uma blusa comportadas, e um chapéu
azul combinando, com aberturas laterais para suas orelhonas. Mas, enquanto cada
peça da estranha coleção de roupas de Dobby estava impecavelmente limpa e bem
cuidada, pois até pareciam novas em folha, era visível que Winky não estava
cuidando das próprias roupas. Havia manchas de sopa na blusa e um chamuscado na
saia.
—
Olá, Winky — cumprimentou Harry.
Os
lábios de Winky tremeram. Então ela rompeu em lágrimas, que transbordaram dos
seus grandes olhos castanhos e caíram pela roupa, exatamente como acontecera na
Copa Mundial de Quadribol.
— Ah
meu Deus! — exclamou Hermione. Ela e Rony tinham seguido Harry e Dobby até o
fundo da cozinha — Winky, não chore, por favor, não...
Mas
Winky chorava com mais vontade que nunca. Dobby, por outro lado, sorria
radiante para Harry.
—
Harry Potter gostaria de tomar uma xícara de chá? — guinchou ele alto, abafando
os soluços de Winky.
—
Hum... ah, ok — disse o garoto.
Instantaneamente,
uns seis elfos domésticos vieram correndo atrás dele, trazendo uma grande
bandeja de prata com um bule de chá, xícaras para Harry, Rony e Hermione, uma
jarrinha de leite e um grande prato de biscoitos.
—
Serviço de primeira! — exclamou Rony, com admiração na voz.
Hermione
franziu a testa para ele, mas os elfos pareciam encantados da vida, fizeram uma
grande reverência e se retiraram.
— Há
quanto tempo está aqui, Dobby? — perguntou Harry, quando o elfo serviu o chá
para todos.
— Só
uma semana, Harry Potter, meu senhor! — respondeu Dobby alegremente — Dobby
veio ver o Prof. Dumbledore, meu senhor. Sabe, meu senhor, é muito difícil um
elfo doméstico que foi dispensado arranjar outro emprego, meu senhor, muito
difícil, mesmo...
Ao
ouvir isso, Winky chorou ainda mais alto, seu nariz de tomate amassado pingando
pela frente da blusa, embora ela não fizesse o menor esforço para estancar essa
pingadeira.
—
Dobby viajou pelo país durante dois anos, meu senhor, tentando encontrar
trabalho! Mas Dobby não encontrou nada, meu senhor, porque agora ele quer
receber ordenado!
Os
elfos domésticos por toda a cozinha, que estavam escutando e observando com
interesse, desviaram os olhos ao ouvirem isso, como se Dobby tivesse dito
alguma coisa grosseira e constrangedora.
Hermione,
porém, exclamou:
—
Assim é que se faz, Dobby!
—
Muito obrigado, senhorita! — disse o elfo, dando a ela um sorriso que era só
dentes — Mas a maioria dos bruxos não quer um elfo doméstico que exige
ordenado, senhorita. “Isto não é próprio de um elfo doméstico”, dizem eles e
batem a porta na cara de Dobby! Dobby gosta de trabalhar, mas quer se vestir e
quer receber ordenado, Harry Potter... Dobby gosta de ser livre!
Os
elfos domésticos de Hogwarts agora começaram a se afastar discretamente de
Dobby, como se ele tivesse alguma doença contagiosa. Winky, no entanto,
continuou onde estava, embora se notasse um decidido aumento no volume do seu
choro.
— E,
então, Harry Potter, Dobby vai visitar Winky e descobre que ela foi libertada,
também! — conta Dobby com satisfação.
Ao
ouvir isso, Winky se atirou para frente e caiu do banquinho, de rosto no chão
de lajotas, batendo os pequenos punhos e positivamente urrando de infelicidade.
Hermione
imediatamente se ajoelhou ao lado dela e tentou consolá-la, mas nada que
dissesse produzia a menor diferença. Dobby continuou sua história, guinchando
alto para abafar o choro estridente de Winky.
—
Então Dobby teve a ideia, Harry Potter, meu senhor! “Por que Dobby e Winky não
procuram um trabalho juntos?” “Onde é que existe trabalho suficiente para dois
elfos domésticos?”, pergunta Winky. E Dobby pensa e se lembra, meu senhor!
Hogwarts! Então Dobby e Winky vieram ver o Prof. Dumbledore, meu senhor e o
professor nos contratou!
Dobby
sorriu muito animado e lágrimas de felicidade brotaram, mais uma vez, dos seus
olhos.
— E o
Prof. Dumbledore diz que vai pagar a Dobby, meu senhor, se Dobby quer
pagamento! E, assim, Dobby é um elfo livre, meu senhor, e Dobby recebe um
galeão por semana e um dia de folga por mês!
—
Isso é muito pouco! — exclamou Hermione indignada, ainda curvada para os gritos
incessantes e os murros no chão de Winky.
— O
Prof. Dumbledore ofereceu a Dobby dez galeões por semana e folgas nos fins de
semana — disse Dobby, estremecendo de repente como se a perspectiva de tanto
lazer e riqueza o assustasse — Mas Dobby fez ele baixar a oferta, senhorita...
Dobby gosta da liberdade, senhorita, mas não quer tanto assim, senhorita, ele
gosta mais do trabalho.
— E
quanto é que o Prof. Dumbledore está pagando a você Winky? — perguntou Hermione
bondosamente.
Se a
garota achou que isso ia animar Winky, estava delirando. Winky realmente parou
de chorar, mas, quando se sentou, ficou encarando Hermione com seus imensos
olhos castanhos, seu rosto lavado de lágrimas e inesperadamente furioso.
—
Winky é um elfo em desgraça, mas Winky ainda não está aceitando pagamento —
guinchou ela — Winky não decaiu a esse ponto! Winky está devidamente
envergonhada de ter sido libertada!
—
Envergonhada? — perguntou Hermione perplexa — Mas... Winky, espera aí! É o Sr.
Crouch que devia estar envergonhado e não você! Você não fez nada errado, ele é
que foi realmente horrível com você...
Mas
ao ouvir isso, Winky levou as mãos às aberturas laterais do chapéu e achatou as
orelhas para não poder ouvir nem mais uma palavra e guinchou:
— A
senhorita não vai insultar o meu amo! A senhorita não vai insultar o Sr.
Crouch! O Sr. Crouch é um bruxo bom, senhorita! O Sr. Crouch fez bem em mandar
a feia Winky embora!
—
Winky está tendo dificuldades para se adaptar, Harry Potter — guinchou Dobby
confidencialmente — Winky se esquece que não está mais presa ao Sr. Crouch, que
pode dizer o que pensa agora, mas não quer fazer isso.
— Os
elfos domésticos não podem dizer o que pensam dos amos, então? — perguntou
Harry.
— Ah,
não, não meu senhor — disse Dobby repentinamente sério — Faz parte da
escravidão do elfo doméstico, meu senhor. Guardamos silêncio e os segredos dos
amos, meu senhor, defendemos a honra da família e nunca falamos mal dela,
embora o Prof. Dumbledore tenha dito a Dobby que não faz questão disso. O Prof.
Dumbledore disse que a gente é livre para... para...
Dobby
pareceu subitamente nervoso e chamou Harry mais para perto.
Harry
se inclinou para ele.
Dobby
cochichou:
—
Disse que a gente é livre para chamar ele de... de velho caduco se quiser, meu
senhor!
Dobby
deu uma risadinha assustada.
— Mas
Dobby não quer, Harry Potter — disse ele voltando a falar normalmente e
balançando a cabeça de modo que suas orelhas abanavam — Dobby gosta muito do
Prof. Dumbledore, meu senhor, e tem orgulho de guardar os segredos dele.
— Mas
você pode dizer o que quiser sobre os Malfoy agora? — perguntou Harry sorrindo.
Um
olhar de temor surgiu nos olhos imensos de Dobby.
—
Dobby... Dobby poderia — disse cheio de dúvida. Aprumou então seus ombrinhos —
Dobby poderia dizer a Harry Potter que seus antigos amos eram... eram... Bruxos
malvados das trevas!
Dobby
ficou parado um instante, o corpo todo tremendo, horrorizado com a sua própria
coragem, então correu até a mesa mais próxima e começou a bater a cabeça nela,
com força, guinchando:
—
Dobby mau! Dobby mau!
Harry
agarrou o elfo por trás da gravata e afastou-o da mesa.
— Obrigado,
Harry Potter, obrigado — disse Dobby sem fôlego, esfregando a cabeça.
—
Você só precisa de um pouco de prática — disse Harry.
—
Prática! — guinchou Winky furiosa — Você devia era ter vergonha, Dobby, falando
desse jeito dos seus amos!
—
Eles não são mais meus amos, Winky! — disse Dobby em tom de desafio — Dobby não
se importa mais com o que eles pensam!
— Ah,
você é um elfo mau, Dobby! — lamentou-se Winky, as lágrimas escorrendo mais uma
vez pelo seu rosto — O coitadinho do meu Sr. Crouch, que é que ele está fazendo
sem a Winky? Está precisando de mim, está precisando da minha ajuda! Eu cuidei
dos Crouch a vida inteira e minha mãe fez isso antes de mim e minha avó antes
dela... ah, o que elas diriam se soubessem que Winky foi libertada? Ah, que vergonha,
que vergonha! — ela escondeu o rosto na saia e abriu um berreiro.
—
Winky — disse Hermione com firmeza — Tenho certeza de que o Sr. Crouch vai indo
muitíssimo bem sem você. A gente o viu, sabe...
— A
senhorita tem visto o meu amo? — perguntou Winky sem fôlego, erguendo o rosto
manchado de lágrimas da saia, mais uma vez, e arregalando os olhos para
Hermione — A senhorita tem visto ele aqui em Hogwarts?
—
Tenho. Ele e o Sr. Bagman são juízes no Torneio Tribruxo.
— O
Sr. Bagman vem também? — guinchou Winky e, para grande surpresa de Harry (e de
Rony e Hermione também, pela expressão no rosto deles), ela pareceu novamente
zangada — O Sr. Bagman é um bruxo malvado! Um bruxo muito malvado! Meu amo não
gosta dele, ah, não, nem um pouquinho!
—
Bagman... malvado? — exclamou Harry.
— Ah
é — disse Winky, acenando furiosamente com a cabeça — Meu dono contou a Winky
umas coisas! Mas Winky não vai repetir... Winky... Winky guarda os segredos do
amo... — e mais uma vez ela se debulhou em lágrimas; os garotos a ouviam
soluçar escondida na saia — Coitado do meu amo, coitado do meu amo, não tem
mais a Winky para ajudar!
Os
garotos não conseguiram extrair de Winky nem mais uma palavra que fizesse
sentido. Deixaram-na chorar e terminaram o chá, enquanto Dobby tagarelava alegremente
sobre sua vida de elfo liberto e seus planos para o seu ordenado.
— A
próxima coisa que Dobby vai comprar é um suéter sem mangas, Harry Potter! —
disse ele alegremente, apontando para o peito nu.
— Vou
lhe dizer o que vou fazer — disse Rony, que parecia ter se afeiçoado muito ao
elfo — Vou lhe dar o suéter que minha mãe tricotar para mim este Natal, eu
sempre ganho um. Você não tem nada contra a cor marrom, tem?
Dobby
ficou encantado.
—
Talvez a gente tenha que dar uma encolhida nele para caber em você, mas vai
combinar bem com o seu abafador de chá.
Quando
se preparavam para ir embora, muitos elfos que os cercavam se aproximaram,
oferecendo lanchinhos para os garotos levarem. Hermione recusou, com uma
expressão constrangida, ao ver a maneira com que os elfos continuavam a se
curvar e fazer reverências, mas Harry e Rony encheram os bolsos com bolos e
tortas.
—
Muito obrigado! — disse Harry aos elfos, que tinham se agrupado em torno da
porta para lhes desejar boa noite — Até à vista, Dobby.
—
Harry Potter... Dobby pode ir ver o senhor de vez em quando, meu senhor? —
perguntou Dobby hesitante.
—
Claro que pode — disse o garoto e o elfo abriu um sorriso.
* * *
—
Sabe de uma coisa? — disse Rony, depois que ele, Hermione e Harry haviam
deixado a cozinha para trás e já estavam subindo as escadas para o Saguão de
Entrada — Todos esses anos sempre fiquei realmente impressionado com a
capacidade de Fred e Jorge pegarem comida na cozinha, ora não é nada difícil,
não é mesmo? Os caras mal podem esperar para dar a comida!
—
Acho que foi a melhor coisa que poderia ter acontecido a esses elfos, sabe —
disse Hermione seguindo à frente para subir a escadaria de mármore — Dobby ter
vindo trabalhar aqui, quero dizer. Os outros elfos vão ver como ele está feliz,
depois de libertado, e devagarinho vão se lembrar de desejar a mesma coisa!
—
Vamos esperar que eles não prestem muita atenção na Winky — disse Harry.
— Ah,
ela vai se animar — disse Hermione, embora parecesse meio em dúvida — Depois
que passar o choque e ela se acostumar a Hogwarts, vai ver que está muito
melhor sem o tal do Crouch.
— Mas
ela parece que ama o cara — disse Rony com a voz enrolada (acabara de morder o
bolo).
— Mas
ela não tem uma boa opinião do Bagman, não é — comentou Harry — Que será que
Crouch diz dele em casa?
—
Provavelmente diz que Bagman não é um bom chefe de departamento — disse
Hermione — E vamos ser sinceros... ele tem razão, não acham?
—
Mesmo assim, eu preferia trabalhar para ele do que para o velho Crouch — disse
Rony — Pelo menos Bagman tem senso de humor.
— Não
deixa o Percy escutar você dizendo isso — falou Hermione, dando um sorrisinho.
— É,
Percy não iria querer trabalhar para ninguém que tivesse senso de humor, não é
mesmo? — disse Rony, agora começando a comer a bomba de chocolate — Percy não
reconheceria uma piada nem que ela dançasse pelada na frente dele, usando só o
abafador de chá do Dobby na cabeça.
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