sábado, 8 de outubro de 2011

O Conde de Monte Cristo - Capítulo 95




XCV

O PAI E A FILHA




V
imos, no capítulo anterior, a Sra. Danglars ir anunciar oficialmente à Sra. de Villefort o próximo casamento de Mademoiselle Eugénie Danglars com o Sr. Andréa Cavalcanti. Esse anúncio oficial, que indicava ou parecia indicar uma resolução tomada por todos os interessados nesse grande acontecimento, fora, no entanto precedido de uma cena de que devemos dar conta aos nossos leitores.
Pedimo-lhes, portanto que dêem um passo atrás e se transportem à própria manhã desse dia de grandes catástrofes, no belo salão cheio de dourados que lhes demos a conhecer e que era o orgulho do seu proprietário, o Sr. Barão Danglars.
Com efeito, nesse salão, por volta das dez horas da manhã, passeava havia alguns minutos, muito pensativo e visivelmente inquieto, o próprio barão, que olhava para todas as portas e se detinha a cada ruído.
Quando a sua reserva de paciência se esgotou, chamou o criado de quarto.
— Etienne — disse-lhe — Veja por que motivo Mademoiselle Eugénie me pediu que a esperasse no salão e informe-se porque me faz esperar há tanto tempo.
Expelido este acesso de mau humor, o barão recuperou um pouco a calma.
Efetivamente, Mademoiselle Danglars mandara pedir uma audiência ao pai logo que acordara e designara o salão dourado como o local dessa audiência. A singularidade de semelhante diligência, e, sobretudo o seu caráter “oficial”, não tinham de modo algum surpreendido o banqueiro, que acedera imediatamente ao pedido da filha e fora o primeiro a chegar ao salão.
Etienne em breve regressou da sua embaixada.
— A criada de quarto da menina — disse — Informou-me que a menina estava acabando de se arranjar e não tardaria a vir.
Danglars fez um sinal de cabeça indicativo de que estava satisfeito. Perante a sociedade, e até perante a família, Danglars afetava ser um bonacheirão e um pai fraco.
Era um aspecto do papel que se impusera na comédia popular que desempenhava, era uma máscara que adotara e que parecia convir-lhe, tal como convinha aos perfis direitos das máscaras das personagens do teatro antigo ter os lábios arrepanhados e risonhos, enquanto o lado esquerdo tinha os lábios descaídos e chorosos.
Apressamo-nos a dizer que na intimidade os lábios arrepanhados e risonhos desciam ao nível dos lábios descaídos e chorosos, de modo que na maior parte do tempo o bonacheirão desaparecia e entrava em cena o marido brutal e o pai déspota.
— Por que diabo essa louca quer me falar, segundo diz, não vai simplesmente ao meu gabinete? — murmurava Danglars — E por que me quer falar?
Remoia pela vigésima vez este pensamento inquietante no cérebro quando a porta se abriu e Eugénie apareceu, de vestido do cetim preto salpicado de flores mates da mesma cor, em cabelo e enluvada como se fosse ocupar a sua poltrona no Teatro Italiano.
— Então, Eugénie, que temos? — perguntou o pai — E por quê o salão, com toda a sua solenidade, quando podia estar tão bem no meu gabinete particular?
— Tem toda a razão, senhor — respondeu Eugénie, fazendo sinal ao pai de que se podia sentar — E acaba de fazer duas perguntas que resumem antecipadamente toda a conversa que vamos ter. Vou, portanto responder a ambas. E contra as leis do hábito, primeiro à segunda, por ser a menos complexa. Escolhi o salão, senhor, para local de encontro, a fim de evitar as impressões desagradáveis e as influências do gabinete de um banqueiro. Os livros de caixa, por mais dourados que sejam, as gavetas fechadas como portas de fortalezas, os maços de notas vindos ninguém sabe donde e as quantidades de cartas vindas de Inglaterra, da Holanda, da Espanha, da Índia, da China e do Peru atuam em geral estranhamente sobre o espírito de um pai e fazem-no esquecer que existe no mundo um interesse maior e mais sagrado do que o da posição social e da opinião dos seus clientes. Escolhi, portanto o salão, onde vê, sorridentes e felizes nas suas magníficas molduras, o seu retrato, o meu, o da minha mãe e todo o gênero de paisagens pastoris e bucólicas enternecedoras. Confio muito na influência das impressões exteriores. Talvez, sobretudo em relação ao senhor, seja um erro; mas que quer, não seria artista se me não restassem algumas ilusões.
— Muito bem — respondeu o Sr. Danglars, que escutara a tirada com imperturbável sangue frio, mas sem compreender uma palavra, absorto como estava, como qualquer homem cheio de idéias preconcebidas, a procurar o fio da sua própria idéia nas idéias da interlocutora.
— Está. portanto o segundo ponto esclarecido, ou quase — disse Eugénie, sem o menor constrangimento e com a desenvoltura muito masculina que a caracterizava — E o senhor parece-me satisfeito com a explicação. Agora voltemos ao primeiro. Perguntava-me por que solicitara esta audiência. Vou dizer-lhe em duas palavras. Ei-las, senhor: não quero casar com o Sr. Visconde Andréa Cavalcanti.
Danglars deu um pulo na poltrona e, no impulso, levantou ao mesmo tempo os olhos e os braços ao céu.
— Meu Deus, sim, senhor — continuou Eugénie, sempre muito calma — Está surpreendido, bem vejo, porque desde que toda essa combinaçãozinha está em marcha não manifestei a mais pequena oposição, certa como estou sempre de, no momento apropriado, opor francamente às pessoas que em nada me consultaram e às coisas que me desagradam uma vontade franca e absoluta. No entanto, desta vez, essa tranqüilidade, essa passividade, como dizem os filósofos, tinha outra origem; provinha de, como filha submissa e dedicada... — um sorriso breve desenhou-se nos lábios carminados da jovem — Tentar a obediência.
— E então? — perguntou Danglars.
— E então, senhor — prosseguiu Eugénie — Tentei até ao limite das minhas forças, e agora que chegou o momento, apesar de todos os esforços que empreguei sobre mim própria, sinto-me incapaz de obedecer.
— Mas enfim, Eugénie, a razão? — perguntou Danglars, que, espírito primário, parecia antes de mais nada esmagado pelo peso daquela lógica implacável, cuja fleuma denotava tanta premeditação e força de vontade — Qual a razão dessa recusa?
— A razão? — replicou a jovem — Oh, meu Deus, não é que o homem seja mais feio, mais estúpido ou mais desagradável do que outro, não. O Sr. Andréa Cavalcanti pode até passar, junto daqueles que apreciam os homens pelo rosto e pela figura, por ser um modelo muitíssimo aceitável. Também não é porque o meu coração esteja menos inclinado para ele do que para qualquer outro; isso seria uma razão de colegial que considero absolutamente abaixo de mim. Não amo absolutamente ninguém, senhor; sabe-o, não é verdade? Não vejo, portanto, por que motivo, sem disso ter absoluta necessidade, iria embaraçar a minha vida com um companheiro eterno. Não disse o sábio algures: “Nada de excessos!”? E em outro passo: “Trazei tudo convosco”?, até  aprendi estes dois aforismos em latim e em grego. Um é, creio, de Fedro, e o outro, de Bias. Pois bem, meu querido pai, no naufrágio da vida, porque a vida é um naufrágio eterno das nossas esperanças, lanço ao mar a minha bagagem inútil, muito simplesmente, e fico com a minha vontade, disposta a viver absolutamente só e, portanto absolutamente livre.
— Desgraçada! Desgraçada! — murmurou Danglars, empalidecendo, pois conhecia por longa experiência a solidez do obstáculo com que deparava tão de repente.
“Desgraçada! Desgraçada”, diz o senhor? — prosseguiu Eugénie — Mas não, na realidade, e a exclamação parece-me absolutamente teatral e afetada. Pelo contrário, feliz porque lhe pergunto: que me falta? A sociedade acha-me bela, e isso é qualquer coisa que merece ser acolhida favoravelmente. Gosto dos bons acolhimentos: alegram as caras e os que me rodeiam parecem-me também menos feios. Sou dotada de algum espírito e de certa sensibilidade relativa, que me permite extrair da existência geral para o fazer entrar na minha o que nela encontro de bom, como faz o macaco quando parte a noz verde para lhe extrair o que contém. Sou rica, porque o senhor possui uma das maiores fortunas da França e porque sou sua filha única e o senhor não é tão teimoso como o são os pais da Porta Saint-Martin e da Gaieté, que deserdam as filhas por lhes não quererem dar netos. Aliás, a lei, previdente, tirou-lhe o direito de me deserdar, pelo menos por completo, tal como lhe tirou o poder de me obrigar a casar com o Sr. Fulano ou o Sr. Sicrano. Assim, bela, espirituosa, possuidora de algum talento, como dizem nas operas cômicas, e rica... mas é uma felicidade, senhor! Por que me chama desgraçada?
Danglars, vendo a filha sorridente e orgulhosa até à insolência, não pôde reprimir um gesto de brutalidade, acompanhado de alguns berros, mas mais nada. Debaixo do olhar interrogador da filha, diante daquele belo sobrolho negro, franzido pela interrogação, virou-se com prudência e acalmou-se imediatamente, domado pela mão de ferro da circunspecção.
— De fato, minha filha — respondeu com um sorriso — Você é tudo o que se gaba de ser, exceto uma única coisa, minha filha. Não quero, porém dizer-te qual demasiado bruscamente; prefiro deixar-te adivinhá-la...
Eugénie olhou Danglars, muito surpreendida por lhe contestarem um dos florões da coroa de orgulho que acabava de colocar tão soberbamente na cabeça.
— Minha filha — continuou o banqueiro — Explicou-me perfeitamente quais eram os sentimentos que presidiam às resoluções de uma jovem como você quando decidia não se casar. Agora é o momento de dizer quais são os motivos de um pai como eu quando decide que a filha se casará.
Eugénie inclinou-se, não como filha submissa que escuta, mas sim como adversária prestes a discutir que espera.
— Minha filha — prosseguiu Danglars — Quando um pai pede à filha que tome um marido, tem sempre um motivo qualquer para desejar o casamento. Uns são dominados pela mania a que te referia há pouco, ou seja, a se verem reviver nos netos. Não tenho essa fraqueza, começo por te dizer, pois as alegrias da família são quase indiferentes. Creio que posso confessar isto a uma filha que sei ser bastante filósofa para compreender esta indiferença e não a considerar um crime.
— Com certeza — declarou Eugénie — Falemos com franqueza, senhor, prefiro isso.
— Oh, bem vê que, sem compartilhar, de modo geral, a sua simpatia pela franqueza, me submeto a ela quando creio que as circunstâncias a tal me convidam! — disse Danglars — Continuo, portanto. Te propus um marido, não por você, porque na verdade não pensava por nada deste mundo em você nesse momento, gosta da franqueza, pois aqui a tem, suponho, mas sim porque necessitava que pressionasse esse marido o mais depressa possível no sentido de participar em certas combinações comerciais que estou em vias de estabelecer neste momento.
Eugénie fez um gesto.
— E como tenho a honra de te dizer, minha filha, e não me deve querer mal por isso porque foi você quem me obrigou a falar. É com pesar, como deve compreender, que entro nestas explicações aritméticas com uma artista como você, que receia entrar no gabinete de um banqueiro porque pode deparar com impressões ou sensações desagradáveis ou anti-poéticas. Mas fique sabendo, minha querida menina, que nesse gabinete de banqueiro, em que, apesar de tudo, se dignou a entrar anteontem para me pedir os mil francos que lhe dou todos os meses para os teus alfinetes, se aprendem muitas coisas proveitosas até às jovens que não se querem casar. Aprende-se, por exemplo, e em atenção para com a tua susceptibilidade nervosa lhe explicarei neste salão, aprende-se, dizia, que o crédito de um banqueiro é a sua vida física e moral, que o crédito sustenta o homem tal como a respiração anima o corpo, e a tal respeito o Sr. de Monte Cristo fez-me um dia um discurso que nunca mais esqueci. Aprende-se que à medida que o crédito desaparece o corpo se transforma em cadáver e que isso deve acontecer dentro de muito pouco tempo ao banqueiro que honra ser pai de uma filha tão forte em lógica.
Mas Eugénie, em vez de se curvar, reagiu ao golpe.
— Arruinado! — exclamou.
— Encontrou a expressão exata, minha filha, a boa expressão — declarou Danglars, coçando o peito com as unhas e conservando nas feições rudes o sorriso de homem sem coração, mas não sem espírito — Arruinado! É isso.
— Ah! — exclamou Eugénie.
— Sim, arruinado! Pronto, eis, portanto revelado esse segredo cheio de horror, como diz o poeta trágico. Agora, minha filha, ouve da minha boca como esta desgraça se pode tornar mais pequena para você; não digo para mim, mas sim para você.
— Oh, o senhor é mau fisionomista se imagina que é por mim que deploro a catástrofe que me expõe! — exclamou Eugénie — Eu arruinada! E que me importa? Não me resta o meu talento? Não posso, como a Pasta, como a Malibran ou como a Grisi, conseguir o que o senhor nunca me daria, fosse qual fosse a sua fortuna, isto é, cem ou cento e cinqüenta mil francos de rendimento, que deverei unicamente a mim, e que, em vez de me chegarem às mãos como chegam esses pobres doze mil francos que o senhor me dá com olhares impertinentes e palavras de censura pela minha prodigalidade, me virão acompanhados de aclamações, de bravos e de flores? E quando não tivesse esse talento de que o seu sorriso me prova que desconfia, não me restaria ainda este profundo amor pela independência que me ocupará sempre o lugar de todos os tesouros e que domina em mim até o instinto da conservação?
“Não, não é por mim que fico triste, pois eu saberei sempre tirar-me de apuros; os meus livros, os meus lápis, o meu piano, são tudo coisas que não custam caro e que poderei sempre proporcionar-me, nunca me faltarão. Pensa talvez que me aflijo pela Sra. Danglars?... Desiluda-se também. Ou eu me engano muito ou a minha mãe tomou todas as precauções contra a catástrofe que o ameaça e que passará sem a atingir. Ela colocou-se ao abrigo dessa contingência, creio, e não foi velando por mim que descurou as suas preocupações de fortuna. Porque, graças a Deus, deixou-me toda a minha independência a pretexto de que eu amava a minha liberdade. Oh, não, senhor, desde a infância que vejo acontecerem muitas coisas à minha volta! E sempre as compreendi tão bem que a infelicidade nunca me causou mais impressão do que devia causar. Desde que me conheço que não sou amada por ninguém. Claro que isso me levou muito naturalmente a não amar ninguém. Tanto melhor! Agora já tem a minha profissão de fé.
— Então — disse Danglars, pálido de uma cólera que não devia nada ao amor paterno ofendido — Então a menina persiste em querer consumar a minha ruína?
— A sua ruína! Eu consumar a sua ruína! — exclamou Eugénie — Que quer dizer? Não o compreendo.
— Tanto melhor, pois isso deixa-me um raio de esperança. Escute...
— Estou escutando — respondeu Eugénie, olhando tão fixamente o pai que este teve de fazer um estorço para não baixar os olhos diante do olhar poderoso da filha.
— O Sr. Cavalcanti casa contigo — continuou Danglars — E casando contigo traz três milhões de dote, que coloca no meu banco.
— Ah, muito bem! — exclamou Eugénie com soberano desprezo e alisando as luvas uma sobre a outra.
— Julga que lhe ficarei com esses três milhões? — perguntou Danglars — De modo nenhum Esses três milhões destinam-se a produzir pelo menos dez. Obtive com um banqueiro meu colega a concessão de uma via férrea, a única indústria que nos nossos dias oferece as probabilidades fabulosas de êxito imediato que noutros tempos Law atribuiu, para levar à certa os pobres Parisienses, esses eternos anjinhos da especulação, a um Mississipi fantástico. Pelos meus cálculos, deve-se possuir um milionésimo de via férrea como antes se possuía uma jeira de terra em pousio nas margens do Ohio. Trata-se de um investimento hipotecário, o que é um progresso, como verá, pois teremos pelo menos dez, quinze, vinte, cem francos de ferro em troca do nosso dinheiro. Pois bem, pela minha parte tenho de depositar dentro de oito dias quatro milhões! Quatro milhões, te repito, que renderão dez ou doze.
— Mas durante a visita que lhe fiz anteontem, senhor, e de que se dignou lembrar-se — perguntou Eugénie — Vi-o receber em depósito, é este o termo, não é? Cinco milhões e meio. Até me mostrou esse dinheiro em dois saques sobre o Tesouro, e se admirou de que um papel de tão grande valor não me deslumbrasse como se fosse um relâmpago.
— Pois sim, mas esses cinco milhões e meio não me pertencem, são apenas uma prova da confiança que depositam em mim O meu título de banqueiro popular valeu-me a confiança dos hospitais, e os cinco milhões e meio são dos hospitais. Em outro tempo, não hesitaria em servir-me deles, mas hoje são conhecidos os grandes prejuízos; que tenho sofrido e, como te disse, o crédito começa a fugir-me. De um momento para o outro, a administração pode reclamar o depósito e se o tivesse empregado em outra coisa seria obrigado a abrir falência fraudulenta. Não receio as falências, acredita, mas as falências que enriquecem e não as que arruínam. Ora, se casar com o Sr. Cavalcanti e eu receber os três milhões do dote, ou mesmo só que acreditem que os recebi ou vou receber, o meu crédito restabelece-se e a minha fortuna, que há um ou dois meses se engolfou em abismos abertos sob os meus passos por uma fatalidade inconcebível, consolida-se. Compreende?
— Perfeitamente. Empenha-me por três milhões, não é?
— Quanto mais alta a importância, mais lisonjeira; dá uma idéia do teu valor.
— Obrigada. Só mais uma palavra, senhor: promete-me que, embora servindo-se à vontade do valor nominal do dote que deve trazer o Sr. Cavalcanti, não tocará no dinheiro? Não se trata de um caso de egoísmo, trata-se de um caso de delicadeza. Desejo muito ajudá-lo a recuperar a sua fortuna, mas não quero ser sua cúmplice na ruína dos outros.
— Mas se te digo que com esses três milhões... — começou a protestar Danglars.
— Acha que pode tirar de apuros, senhor, sem necessitar mexer nesses três milhões?
— Assim espero, mas sempre com a condição do casamento consolidar o meu crédito.
— Poderá pagar ao Sr. Cavalcanti os quinhentos mil francos que me dá pelo meu contrato?
— Ele os receberá assim que regressarmos do registro civil.
— Ótimo!
— Ótimo?... Que quer dizer?
— Quero dizer que, logo que assine, poderei dispor livremente da minha pessoa?
— Absolutamente.
— Então, ótimo. Como lhe dizia, senhor, estou pronta a casar com o Sr. Cavalcanti.
— Mas quais são os seus projetos?
— Oh, isso é o meu segredo! Onde estaria a minha superioridade sobre o senhor se, conhecendo o seu, lhe revelasse o meu?
Danglars mordeu os lábios.
— Portanto, está pronta a fazer as poucas visitas oficiais que são absolutamente indispensáveis?
— Estou — respondeu Eugénie.
— E a assinar o contrato dentro de três dias?
— Sim.
— Nesse caso, é a minha vez de te dizer: ótimo!
E Danglars pegou na mão da filha e apertou-a entre as suas.
Mas, coisa extraordinária, enquanto lhe apertava a mão, o pai não se atreveu a dizer. “Obrigado, minha filha!”, nem a filha teve um sorriso para o pai.
— A conferência terminou? — perguntou Eugénie, levantando-se.
Danglars fez sinal com a cabeça de que não havia mais nada a dizer.
Cinco minutos mais tarde, o piano soava debaixo dos dedos de Mademoiselle d’Armilly, e Mademoiselle Danglars cantava a maldição de Brabantio.
No fim do trecho, Etienne entrou e anunciou a Eugénie que os cavalos estavam atrelados e que a baronesa a esperava para irem fazer visitas. Vimos as duas mulheres passarem por casa de Villefort, donde saíram para continuarem as suas voltas.



 continua... 




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Lei de ComimAs pessoas aceitarão sua idéia muito mais facilmente se você disser a elas que quem a criou foi Albert Einstein.
Lei de Murphy

O companheirismo é essencial à sobrevivência. Ele dá ao inimigo outra pessoa em quem atirar.

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