segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Harry Potter e as Relíquias da Morte - Capítulo 12





— CAPÍTULO DOZE —
MAGIA É PODER



A MEDIDA QUE AGOSTO FOI PASSANDO, o quadrado de capim alto no meio do Largo Grimmauld foi secando ao sol até se tornar marrom e quebradiço. Os habitantes do número doze nunca eram vistos por ninguém das casas vizinhas, nem o número doze em si. Os trouxas que moravam no largo havia muito tempo tinham aceitado o divertido erro de numeração que deixara o número onze ao lado do número treze.
E, no entanto, o largo, aos poucos, vinha atraindo visitantes que pareciam achar a anomalia muito curiosa. Não se passava um dia sem que uma ou duas pessoas chegassem ao lugar sem outro objetivo, ou assim parecia, que não o de se debruçar nas grades diante dos números onze e treze, para observar a emenda das duas casas. Não eram sempre os mesmos, dois dias seguidos, embora se parecessem na aversão por roupas comuns. A maioria dos londrinos que passavam pelos visitantes estavam acostumados a trajes excêntricos e nem reparavam, ainda que, ocasionalmente, um deles pudesse olhar para trás imaginando por que alguém usaria capas tão compridas naquele calor.
Os curiosos não pareciam extrair grande satisfação de sua vigília. Por vezes, um deles partia em direção à casa, agitado, como se, enfim, tivesse visto algo interessante, apenas para acabar recuando, desapontado.
No primeiro dia de Setembro, havia mais pessoas rondando o largo do que jamais houvera. Meia dúzia de homens com longas capas pararam atentos e silenciosos, observando, como sempre, as casas onze e treze, mas a coisa que esperavam ver continuava a lhes escapar. À medida que a noite foi caindo e trazendo, pela primeira vez em semanas, inesperadas rajadas de chuva fria, ocorreu um desses momentos inexplicáveis em que eles tiveram a impressão de ter visto algo interessante.
O homem de cara torta apontou-o para o companheiro mais próximo, um homem pálido e gorducho, e ambos avançaram, mas, momentos depois, retomaram a descontraída inatividade anterior, com um ar de contrariedade e decepção.
Entrementes, no interior do número doze, Harry acabara de entrar no corredor. Quase perdera o equilíbrio quando aparatou no degrau à frente da porta, e achou que os Comensais da Morte pudessem ter percebido o seu cotovelo momentaneamente à mostra. Fechando com cuidado a porta ao passar, tirou a Capa da Invisibilidade, pendurou-a no braço e correu pelo corredor lúgubre em direção ao porão, apertando na mão o exemplar do Profeta Diário que roubara.
O sussurro habitual de “Severo Snape?” saudou-o, o vento gelado passou por ele e sua língua enrolou por um instante.
— Eu não o matei — respondeu, quando pôde, e prendeu a respiração enquanto o espectro poeirento explodia. Aguardou até alcançar a metade da escada da cozinha, fora do alcance da Sra. Black e da nuvem de poeira, para gritar — Trouxe notícias, e vocês não vão gostar.
A cozinha estava quase irreconhecível.
Todas as superfícies agora brilhavam: as panelas e tachos de cobre tinham sido polidos até adquirirem um brilho rosado, o tampo da mesa de madeira luzia, as taças e pratos, a postos para o jantar, cultuavam à luz das chamas vivas que dançavam na lareira, onde fumegava um caldeirão. Nada no aposento, porém, apresentava uma mudança mais dramática do que o elfo doméstico, que agora veio correndo receber Harry, vestido com uma alvíssima toalha, os pelos de sua orelha limpos e fofos como algodão, o medalhão de Régulo balançando no peito magro.
— Tire os sapatos, por favor, meu senhor Harry, e lave as mãos antes do jantar — crocitou Monstro, apanhando a Capa da Invisibilidade e sacudindo-a para pendurar em um gancho na parede, ao lado de várias vestes antiquadas recém-lavadas.
— Que aconteceu? — perguntou Rony, apreensivo.
Ele e Hermione estiveram estudando um maço de anotações e mapas feitos à mão, e que cobriam uma das extremidades da longa mesa da cozinha. Agora, no entanto, pararam para observar a aproximação de Harry que atirou o jornal em cima dos pergaminhos espalhados.
Uma grande foto de um homem de cabelos negros, nariz curvo, muito conhecido dos três, encarou-os sob a manchete: SEVERO SNAPE CONFIRMADO DIRETOR DE HOGWARTS.
— Não! — exclamaram Rony e Hermione.
A garota foi mais rápida, agarrou o jornal e começou a ler a notícia em voz alta.

Severo Snape, há anos Professor de Poções na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, foi hoje nomeado diretor na mudança mais importante entre as que foram realizadas no corpo docente da tradicional escola. Aleto Carrow assumirá a função de Professora de Estudos dos Trouxas face ao pedido de demissão da titular, enquanto seu irmão, Amico, ocupará o posto de Professor de Defesa Contra as Artes das Trevas.
— Agradeço a oportunidade de defender os melhores valores e tradições bruxos...

— Suponho que sejam matar e cortar orelhas! Snape, diretor! Snape no gabinete de Dumbledore: pelas calças de Merlim! — guinchou Hermione, sobressaltando Harry e Rony. Ela se levantou da mesa de um salto e se precipitou para fora da cozinha, gritando — Volto em um minuto!
— Pelas calças de Merlim? — repetiu Rony, achando graça — Ela deve estar bem perturbada.
Ele puxou o jornal para perto e correu os olhos pelo artigo sobre Snape.
— Os outros professores não vão aceitar isso. McGonagall, Flitwick e Sprout sabem a verdade, sabem como Dumbledore morreu. Não vão aceitar Snape como diretor. E quem são esses Carrow?
— Comensais da Morte — respondeu Harry — Tem fotos deles aí dentro. Estavam no alto da torre quando Snape matou Dumbledore, é a reunião dos amigos. E... — continuou Harry, amargurado, puxando uma cadeira — Não vejo opção para os outros professores senão permanecerem nos cargos. Se o Ministério e Voldemort estão apoiando Snape, terão de escolher entre ficar e ensinar ou passar uns aninhos em Azkaban, isto é, se tiverem sorte. Calculo que ficarão, para tentar proteger os alunos.
Monstro veio apressado em direção à mesa, trazendo uma grande terrina nas mãos, e serviu a sopa nos pratos imaculados, assoviando entre os dentes.
— Obrigado, Monstro — disse Harry, fechando o Profeta para não precisar olhar para a cara de Snape — Bem, pelo menos sabemos exatamente onde ele está agora.
Harry começou a levar a colher de sopa à boca. A qualidade da culinária de Monstro tinha melhorado drasticamente desde que ganhara o medalhão de Régulo: a sopa de cebola de hoje era a melhor que Harry já provara.
— Ainda tem uma pá de Comensais da Morte vigiando a casa — disse ele a Rony enquanto comia — Mais do que de costume. É como se estivessem esperando que a gente saísse carregando os malões da escola para tomar o Expresso de Hogwarts.
Rony consultou o relógio.
— Estive pensando nisso o dia todo. O expresso partiu faz umas seis horas. É esquisito não estar a bordo, não é?
Harry pareceu rever em imaginação a Maria Fumaça, quando ele e Rony a seguiram pelo ar, tremeluzindo por campos e montanhas, uma lagarta vermelha ondulando sobre trilhos. Tinha certeza de que Gina, Neville e Luna estavam sentados juntos neste momento, talvez se perguntando onde ele, Rony e Hermione estariam, ou discutindo a melhor maneira de sabotar o novo regime de Snape.
— Eles quase me viram voltando para casa, agora há pouco — disse Harry — Aterrissei de mau jeito no degrau da porta, e a capa escorregou um pouco.
— Faço isso todas as vezes. Ah, aí vem ela — acrescentou Rony, esticando-se na cadeira para ver Hermione entrando na cozinha — Em nome dos cuecões folgados de Merlim, que aconteceu?
— Me lembrei disto aqui — Hermione ofegava.
Trazia nas mãos um enorme retrato emoldurado, que apoiou no chão antes de apanhar a bolsinha de contas no aparador da cozinha. Abrindo-a, tentou forçar o quadro para dentro, e, embora ele fosse visivelmente grande demais para caber naquela bolsinha minúscula, em segundos desapareceu, como tantas outras coisas, em suas amplas profundezas.
— Fineus Nigellus — explicou Hermione, atirando a bolsa na mesa da cozinha, com o estrondo metálico habitual.
— Desculpe? — perguntou Rony, mas Harry entendeu.
A imagem de Fineus Nigellus era capaz de sair do retrato no Largo Grimmauld e visitar o outro que havia pendurado no gabinete do diretor de Hogwarts: a sala circular no alto da torre onde, sem dúvida, Snape estava sentado neste momento, na posse triunfal da coleção de delicados objetos mágicos de prata que pertencera a Dumbledore: a Penseira, o Chapéu Seletor e, a não ser que a tivessem levado para outro lugar, a Espada de Gryffindor.
— Snape poderia mandar Fineus Nigellus dar uma olhada aqui em casa para ele — explicou Hermione a Rony, tornando a ocupar o seu lugar à mesa — Que experimente fazer isso agora, só o que Fineus vai ver é o interior da minha bolsa.
— Bem pensado! — exclamou Rony, impressionado.
— Obrigada — sorriu Hermione, puxando o prato de sopa para perto — Então, Harry, que mais aconteceu hoje?
— Nada. Vigiei a entrada do Ministério durante sete horas. Nem sinal dela. Mas vi seu pai, Rony. Está com ótima aparência.
Rony agradeceu, com a cabeça, a notícia. Eles tinham concordado que era perigoso demais tentar se comunicar com o Sr. Weasley entrando ou saindo do Ministério, porque estava sempre cercado por outros funcionários. Tranquilizava, porém, vê-lo nesses rápidos relances, mesmo que parecesse muito ansioso e esgotado.
— Papai nos contou que a maioria dos funcionários do Ministério usa a Rede de Flu para ir trabalhar — disse Rony — É por isso que não temos visto a Umbridge, que jamais andaria a pé. Ela se acha muito importante.
— E aquela velha bruxa engraçada e o bruxo miúdo de vestes azul-marinho? — perguntou Hermione.
— Ah, é, o cara da Manutenção Mágica — respondeu Rony.
— Como sabe que ele trabalha na Manutenção Mágica? — tornou Hermione, com a colher de sopa suspensa no ar.
— Papai falou que todo o mundo que trabalha no departamento usa vestes azul-marinho.
— Mas você nunca nos disse isso!
Hermione largou a colher e puxou para perto o maço de anotações e mapas que ela e Rony estavam examinando quando Harry entrou na cozinha.
— Não há nada aqui que fale em vestes azul-marinho, nada! — disse ela, folheando os papéis febrilmente.
— Ora, faz mesmo diferença?
— Rony, tudo faz diferença! Se vamos entrar no Ministério sem nos trair, sabendo que eles estão superatentos aos intrusos, cada detalhezinho faz diferença! Já repassamos isso mil vezes, quero dizer, de que adiantam todas essas viagens de reconhecimento se você nem se dá o trabalho de nos dizer...
— Caramba, Hermione, esqueci uma coisinha...
— Você entende, não, que no momento é provável que não exista lugar mais perigoso para nós no mundo do que o Ministério da...
— Acho que devíamos agir amanhã — disse Harry.
Hermione parou de falar, o queixo caído.
Rony engasgou-se um pouco com a sopa.
— Amanhã? — respondeu Hermione — Você não está falando sério, Harry!
— Estou. Acho que não estaremos melhor preparados do que estamos, mesmo se continuarmos a rondar a entrada do Ministério mais um mês. Quanto mais adiarmos, mais distante o medalhão ficará. E sempre há uma boa chance de que a Umbridge o tenha jogado fora, a coisa não abre.
— A não ser — lembrou Rony — Que ela tenha arranjado um jeito de abrir e esteja possuída.
— Não faria a menor diferença, ela já era maligna desde o começo — disse Harry, sacudindo os ombros.
Hermione mordia os lábios, absorta em seus pensamentos.
—Já sabemos tudo que é importante — continuou Harry, dirigindo-se à amiga — Sabemos que pararam de aparatar e desaparatar no Ministério. Sabemos que só os funcionários mais graduados podem ter suas casas ligadas à Rede de Flu, porque Rony ouviu aqueles dois inomináveis reclamando. E sabemos, mais ou menos, onde fica a sala da Umbridge, por aquela conversa que você ouviu do cara com o colega...
— “Estarei no Nível um, a Dolores quer me ver” — repetiu-a Hermione imediatamente.
— Exato — disse Harry — E sabemos que eles entram usando umas moedas engraçadas, ou fichas, ou o que sejam, porque vi aquela bruxa pedindo uma emprestada à amiga...
— Mas não temos nenhuma!
— Se o plano funcionar, arranjaremos — continuou Harry, calmamente.
— Não sei não, Harry... tem um montão de coisas que podem dar errado, são tantas as que dependem da sorte...
— Isso não vai mudar, mesmo que a gente gaste mais três meses se preparando — replicou Harry — A hora é essa.
Ele percebeu pelas caras de Rony e Hermione que os amigos estavam amedrontados, e ele próprio não se sentia tão confiante assim, mas tinha certeza de que chegara a hora de pôr o plano em ação.
Tinham gastado as quatro semanas anteriores se revezando sob a Capa da Invisibilidade para espionar a entrada oficial do Ministério, que Rony, graças ao Sr. Weasley, conhecia desde a infância. Os garotos tinham seguido funcionários a caminho do Ministério, ouvido suas conversas e descoberto, através de cuidadosa observação, quais deles apareciam infalivelmente sozinhos, à mesma hora todos os dias. De vez em quando, tinham tido oportunidade de furtar um Profeta Diário da pasta de alguém. Aos poucos, foram preparando os diagramas e anotações agora empilhados diante de Hermione.
— Tudo bem — disse Rony, lentamente — Digamos que a gente tente amanhã... acho que devíamos ir só o Harry e eu.
— Ah, não comece com isso outra vez! — suspirou Hermione — Pensei que isso já estava decidido.
— Uma coisa é ficar parado nas entradas protegido pela capa, mas desta vez a coisa é diferente, Hermione — Rony apontou para um exemplar do Profeta Diário de dez dias antes — Você está na lista dos nascidos trouxas que não se apresentaram para o interrogatório!
— E você supostamente está morrendo de sarapintose n’A Toca! Se alguém deve ficar, é o Harry, anunciaram um prêmio de dez mil galeões pela cabeça dele...
— Ótimo, ficarei aqui. Não se esqueçam de me avisar se conseguirem derrotar Voldemort, tá?
Enquanto Rony e Hermione riam, a dor atravessou a cicatriz em sua testa. Harry ergueu subitamente a mão: viu a amiga apertar os olhos, e tentou disfarçar o movimento, afastando os cabelos da testa.
— Bem, se nós três formos, teremos que desaparatar separados — Rony foi dizendo — Não cabemos mais embaixo da capa juntos.
A dor na cicatriz de Harry foi se intensificando. Ele se levantou.
Na mesma hora, Monstro correu para ele.
— O meu senhor não terminou a sopa, o meu senhor prefere um ensopado gostoso, ou então a torta de caramelo que o meu senhor gosta tanto?
— Obrigado, Monstro, mas voltarei em um minuto... ãh... banheiro.
Consciente de que Hermione o observava desconfiada, Harry subiu correndo a escada até o corredor de entrada e dali ao primeiro andar, onde embarafustou pelo banheiro e trancou a porta. Gemendo de dor, debruçou-se na pia preta com torneiras em forma de serpentes de bocas escancaradas e fechou os olhos...
Ele estava deslizando por uma rua ao crepúsculo. De cada lado, os prédios tinham telhados altos de duas águas, pareciam casas de biscoitos. Ao se aproximar de um deles viu a brancura da própria mão de dedos longos encostar na porta.
Bateu. Sentiu uma crescente agitação... a porta abriu: à entrada, surgiu uma mulher sorridente. Seu rosto aparentou desapontamento ao ver Harry, o bom humor sumiu substituído pelo terror...
— Gregorovitch? — disse a voz aguda e fria.
A mulher sacudiu a cabeça: estava tentando fechar a porta. A mão branca segurou-a com firmeza, impedindo que a mulher o deixasse de fora...
— Procuro Gregorovitch.
— Er wohnt hier nicht mehr! — exclamou ela, balançando a cabeça — Ele não morar aqui! Ele não morar aqui! Não conhecer ele!
Abandonando a tentativa de fechar a porta, ela começou a recuar para o hall escuro, e Harry entrou, deslizando ao seu encontro, as mãos de longos dedos sacaram a varinha.
— Onde está ele?
— Das weiss ich nicht! Ele mudar! Não saber, não saber!
Ele ergueu a varinha. Ela gritou. Duas crianças entraram correndo no hall. Ela tentou protegê-las com os braços. Houve um lampejo de luz verde...
— Harry! HARRY!
Ele abriu os olhos, desfalecera no chão.
Hermione batia com força na porta.
— Harry, abra!
Tinha berrado, sabia que sim. Levantou-se e destrancou a porta, Hermione entrou aos tropeços, recuperou o equilíbrio e olhou para os lados, desconfiada. Rony vinha logo atrás, parecendo nervoso ao apontar a varinha para os cantos do banheiro gelado.
— Que estava fazendo? — perguntou Hermione com severidade.
— Que acha que eu estava fazendo? — respondeu Harry em uma débil tentativa de desafio.
— Você estava aos berros! — explicou Rony.
— Ah sim... devo ter cochilado ou...
— Harry, por favor não insulte a nossa inteligência — tornou Hermione, inspirando profundamente várias vezes — Sabemos que a sua cicatriz doeu lá embaixo, e você está branco feito cal.
Harry se sentou na borda da banheira.
— Ótimo. Acabei de ver Voldemort matando uma mulher. A essa altura, ele provavelmente já matou a família toda. E não precisava. Foi a morte de Cedrico revivida, as pessoas estavam ali...
— Harry, você não devia deixar isso acontecer mais! — exclamou Hermione, sua voz ecoando pelo banheiro — Dumbledore queria que você usasse a Oclumência! Ele achou que a ligação era perigosa: Voldemort pode usá-la, Harry! Que pode haver de bom em vê-lo matar e torturar, de que lhe adianta isso?
— Mostra o que ele anda fazendo — respondeu Harry.
— Então, você não vai nem ao menos tentar fechar a ligação?
— Hermione, não consigo. Você sabe que sou péssimo em Oclumência, nunca aprendi direito.
— Você nunca tentou de verdade! — retrucou a menina exaltada — Eu não entendo, Harry, você gosta de ter essa ligação, ou relação especial, ou seja lá o que for...
Ela vacilou sob o olhar que o amigo lhe lançou ao se levantar do chão.
— Gosto? — disse em voz baixa — Você gostaria?
— Eu... não... desculpe, Harry, não quis...
— Odeio, odeio que ele seja capaz de penetrar minha mente, que eu tenha de observá-lo quando é mais perigoso. Mas vou usar isso.
— Dumbledore...
— Esqueça Dumbledore. A escolha é minha, de mais ninguém. Quero saber por que está atrás de Gregorovitch.
— Quem?
— Um fabricante estrangeiro de varinhas. Foi quem fabricou a varinha de Krum, e Krum o considera genial.
— Mas, segundo você — lembrou Rony — Voldemort mantém Olivaras preso em algum lugar. E, se já tem um fabricante de varinhas, para que ele quer outro?
— Talvez ele concorde com Krum, talvez pense que Gregorovitch é melhor... ou talvez pense que Gregorovitch seja capaz de explicar o que a minha varinha fez quando ele me perseguiu, uma vez que Olivaras não foi.
Harry olhou para o espelho partido e empoeirado e viu Rony e Hermione trocando olhares céticos às suas costas.
— Harry, você fala o tempo todo do que a sua varinha fez — disse Hermione — Mas foi você que fez aquilo acontecer! Por que teima tanto em rejeitar a responsabilidade por seu próprio poder?
— Porque sei que não fui eu! E Voldemort também sabe, Hermione! Nós dois sabemos o que realmente aconteceu!
Os dois se encararam. Harry sabia que não convencera Hermione e que ela se preparava para contra-argumentar suas teorias: sobre a própria varinha e a insistência em ver a mente de Voldemort. Para seu alívio, Rony interveio.
— Deixa pra lá — aconselhou-a — Ele é quem decide. E, se vamos ao Ministério amanhã, não acha bom repassarmos o plano?
Com uma relutância visível, Hermione parou de discutir, embora Harry estivesse seguro de que ela voltaria a atacar na primeira oportunidade. Nesse meio tempo, eles voltaram à cozinha, onde Monstro serviu a todos o ensopado e a torta de caramelo.
Os três só foram dormir tarde da noite, depois de passarem horas revendo e tornando a rever o plano, até serem capazes de repeti-lo, uns para os outros, sem erros.
Harry, que agora ocupava o quarto de Sirius, deitou-se e ficou apontando a luz da varinha para a velha foto de seu pai, Sirius, Lupin e Pettigrew, e gastou mais dez minutos murmurando o plano para si mesmo. Ao apagar a varinha, no entanto, não estava pensando na Poção Polissuco, nem nas Vomitilhas, nem nas vestes azul-marinho da Manutenção Mágica: pensava em Gregorovitch, o fabricante de varinhas, e por quanto tempo ele teria esperança de se esconder de Voldemort, que o procurava com tanta determinação.
O amanhecer se seguiu à meia-noite com indecente rapidez.
— Você está com uma cara horrível.
Foi o cumprimento de Rony quando entrou no quarto para acordar Harry.
— Não será por muito tempo — respondeu ele, bocejando.
Os dois encontraram Hermione na cozinha. Monstro lhe servia café com pães frescos, e a garota tinha no rosto aquela expressão maníaca que Harry associava às revisões para as provas.
— Vestes... — disse ela baixinho, registrando a presença dos dois com um aceno de cabeça nervoso e continuando a mexer na bolsinha de contas — Poção Polissuco... Capa da Invisibilidade... Detonadores-Chamarizes... levem uns dois por precaução... Vomitilhas, Nugá Sangra-Nariz, Orelhas Extensíveis...
Os garotos engoliram o café da manhã e tornaram a subir, Monstro lhes fazendo reverências e prometendo esperá-los com um empadão de carne e rins.
— Abençoado seja — disse Rony, carinhosamente — E pensar que já imaginei decepar a cabeça dele e pendurá-la na parede!
Eles se dirigiram ao degrau da porta com imenso cuidado: dali viram uns dois Comensais da Morte de olhos inchados vigiando a casa do outro lado do largo enevoado. Hermione desaparatou com Rony primeiro, em seguida, voltou para apanhar Harry.
Passada a momentânea escuridão e quase sufocação de sempre, Harry se viu em uma minúscula travessa onde deviam executar a primeira parte do plano. Ainda estava vazia, exceto por dois latões de lixo, os primeiros funcionários do Ministério, em geral, não apareciam ali antes das oito da manhã.
— Certo, então — disse Hermione, consultando o relógio — Ela deve chegar dentro de cinco minutos. Depois que eu a estuporar...
— Hermione, já sabemos — disse Rony com rispidez — E pensei que íamos abrir a porta antes de a bruxa chegar, não?
Hermione deu um gritinho agudo.
— Quase me esqueci! Para trás...
Ela apontou a varinha para a porta de incêndio a um lado, fechada a cadeado e totalmente rabiscada, e ela se abriu com estrondo. O corredor escuro à mostra conduzia, como haviam registrado em suas cuidadosas viagens de reconhecimento, a um teatro vazio. Hermione tornou a puxar a porta para fazer parecer que continuava fechada.
— Agora — continuou, virando-se para encarar os amigos na travessa — Nos cobrimos novamente com a capa...
—... e esperamos — completou Rony, atirando-a sobre a cabeça de Hermione, como se fosse uma capa para gaiola de periquito australiano, e revirando os olhos.
Um minuto depois ou pouco mais, ouviram um estalido mínimo e uma bruxa miúda do Ministério, com os cabelos grisalhos revoltos, desaparatou a meio metro, piscando um pouco na claridade repentina, o sol acabara de sair de trás de uma nuvem. Ela, no entanto, não teve tempo de aproveitar o inesperado calor, porque logo o silencioso Feitiço Estuporante de Hermione a atingiu no peito, e ela desabou.
— Perfeito, Hermione — disse Rony, emergindo de trás de um latão à porta do teatro, enquanto Harry despia a Capa da Invisibilidade.
Juntos, eles carregaram a bruxa para o corredor escuro que levava aos bastidores do palco. Hermione arrancou-lhe uns fios de cabelo da cabeça e adicionou-os a um frasco com a parda Poção Polissuco que tirara da bolsinha de contas. Rony procurou alguma coisa na bolsa da bruxa.
— É Mafalda Hopkirk — informou ele, lendo um pequeno crachá que identificava a vítima como Assistente da Seção de Controle do Uso Indevido da Magia — É melhor você levar isso, Hermione, e tome as fichas.
Ele lhe entregou umas pequenas fichas douradas que retirara da bolsa da bruxa, onde havia gravadas as letras M.O.M.[1]

[1] M.O.M. é a sigla de “Ministério da Magia”, no termo original em inglês, “Ministry Of Magic”.

Hermione bebeu a Poção Polissuco, agora em um belo tom de heliotrópio, e em segundos surgiu diante dos garotos um duplo de Mafalda Hopkirk. Quando ela retirou os óculos da bruxa e colocou-os no rosto, Harry verificou o relógio.
— Está ficando tarde, o Sr. Manutenção Mágica vai chegar a qualquer segundo.
Eles se apressaram em fechar a porta para esconder a verdadeira Mafalda, Harry e Rony se cobriram com a Capa da Invisibilidade, mas Hermione ficou à vista, aguardando. Segundos depois, ouviram um novo pop, e um bruxo franzino com cara de furão apareceu diante deles.
— Ah, olá, Mafalda.
— Alô! — respondeu Hermione com uma voz tremida — Como estamos hoje?
— Nada bem, para ser franco — replicou o bruxo, que parecia extremamente deprimido.
Hermione e o bruxo rumaram para a rua principal, Harry e Rony em sua cola.
— Lamento saber que não está bem — falou Hermione com firmeza por cima da cabeça do bruxo, quando ele começou a explicar os seus problemas; era essencial detê-lo antes de chegarem à rua — Tome, coma uma bala.
— Eh? Ah, não, obrigado...
— Eu insisto! — tornou Hermione agressivamente, sacudindo o saco de pastilhas em seu rosto.
Com um ar assustado, o bruxo franzino se serviu de uma.
O efeito foi instantâneo. Assim que a colocou sobre a língua, ele começou a vomitar tanto que nem reparou quando Hermione lhe arrancou um punhado de cabelos do alto da cabeça.
— Ah, coitado! — exclamou ela, enquanto o bruxo sujava a travessa de vômito — Talvez seja melhor tirar o dia de folga!
— Não... não! — o homem tinha engasgos e ânsias, tentando prosseguir embora estivesse incapaz de andar direito — Tenho que... hoje... tenho que ir...
— Mas isso é uma tolice! — disse Hermione alarmada — Você não pode trabalhar nesse estado: acho que devia ir ao St. Mungus e pedir para darem um jeito em você!
O bruxo caíra de quatro, arquejante, ainda tentando chegar à rua principal.
— Você simplesmente não pode ir trabalhar assim! — exclamou Hermione.
Por fim, ele pareceu aceitar que a colega tinha razão. Agarrando-se a uma Hermione enojada para se pôr de pé, ele rodopiou e desapareceu sem deixar nada exceto a pasta que Rony tirara de sua mão enquanto ele andava com alguns pedaços de vômito no ar.
— Arre — exclamou Hermione, levantando a saia das vestes para evitar as poças de vômito — A sujeira teria sido bem menor se eu tivesse estuporado ele também.
— É — falou Rony, saindo debaixo da capa com a pasta do bruxo — Mas ainda acho que um monte de gente desacordada teria chamado mais atenção. Ele gosta muito de trabalhar, não? Então, joga logo essa poção com o cabelo.
Em dois minutos, Rony estava diante deles, franzino e com cara de furão como o bruxo, trajando as vestes azul-marinho que estavam dobradas dentro da pasta dele.
— Esquisito que ele não estivesse usando as vestes hoje, não, pela ansiedade que demonstrava em chegar ao trabalho. Enfim, sou Reg Cattermole, segundo a etiqueta nas minhas costas.
— Agora, espere aqui — disse Hermione a Harry, que continuava sob a Capa da Invisibilidade — Voltaremos com alguns cabelos para você.
O garoto teve que esperar dez minutos, que lhe pareceram bem mais longos, rondando sozinho a travessa suja de vômito, ao lado da porta que ocultava a Mafalda estuporada.
Finalmente, Rony e Hermione reapareceram.
— Não sabemos quem ele é — disse Hermione, entregando a Harry vários fios de cabelos crespos e negros — Mas foi para casa com um horrível sangramento no nariz! Tome aqui, ele é bem alto, você vai precisar de vestes maiores...
Ela tirou da bolsa um conjunto de vestes antigas que Monstro lavara para eles, e Harry se retirou para tomar a poção e se trocar. Uma vez completada a dolorosa transformação, Harry passou a medir mais de um metro e oitenta e, pelo que pôde sentir pelos seus braços musculosos, tinha um físico avantajado. Tinha também uma barba. Guardando a Capa da Invisibilidade e os óculos sob as novas vestes, ele se reuniu aos outros dois.
— Caramba, isso é assustador — exclamou Rony, erguendo a cabeça para Harry, agora mais alto que ele.
— Apanhe uma das fichas da Mafalda — disse Hermione a Harry — E vamos logo, são quase nove horas.
Eles saíram da travessa juntos. A uns cinquenta metros na calçada apinhada, havia grades pontiagudas e pretas ladeando duas escadas, uma destinada a Cavalheiros e outra a Damas.
— Então, vejo vocês daqui a pouco — disse Hermione nervosa, e desceu hesitante a escada para o banheiro feminino.
Harry e Rony se juntaram a vários homens com roupas estranhas que desciam para o que parecia ser um simples banheiro público de metrô, azulejado em preto e branco encardido.
— Dia, Reg! — cumprimentou outro bruxo de vestes azul-marinho ao inserir a ficha dourada na ranhura da porta de um cubículo onde entrou — Um pé no saco, hein? Obrigar a gente a entrar no Ministério dessa maneira! Quem estão esperando que apareça, Harry Potter?
O bruxo deu gargalhadas com a própria piada.
Rony forçou uma risada.
— É, é muita imbecilidade, não?
E ele e Harry entraram em cubículos contíguos. À esquerda e à direita, Harry ouviu barulho de descargas. Agachou-se e espiou pelo vão inferior do cubículo em tempo de ver as botas de alguém entrando no vaso ao lado. Olhou para a esquerda e viu Rony piscando para ele.
— Temos que dar descarga para entrar? — sussurrou.
— É o que parece — sussurrou Harry em resposta, sua voz saiu grave e solene.
Os dois se levantaram. Sentindo-se excepcionalmente tolo, Harry entrou no vaso. Percebeu imediatamente que fizera a coisa certa, embora parecesse estar dentro da água, seus sapatos, pés e vestes continuaram secos. Ele esticou o braço, puxou a corrente e, no momento seguinte, desceu veloz por um cano curto e emergiu em uma lareira no Ministério da Magia.
Levantou-se desajeitado, agora tinha muito mais corpo do que estava acostumado. O grande átrio pareceu mais sombrio do que Harry se lembrava. Antigamente, uma grande fonte dourada ocupava o centro do saguão, projetando focos tremeluzentes no soalho e nas paredes de madeira lustrosa. Agora, uma gigantesca estátua de pedra negra dominava o ambiente. Era um tanto apavorante essa enorme escultura de uma bruxa e um bruxo sentados em tronos entalhados, contemplando os funcionários ejetados das lareiras abaixo. Gravadas em letras de trinta centímetros de altura na base da estátua, havia as palavras:

MAGIA É PODER.

Harry recebeu uma forte pancada atrás das pernas: outro bruxo acabara de voar para fora da lareira às suas costas.
— Sai do caminho, não... ah, desculpe, Runcorn!
Visivelmente assustado, o bruxo careca afastou-se depressa. Aparentemente o homem de quem Harry usurpara a identidade, Runcorn, intimidava os outros.
— Psiu! — ouviu ele e, ao olhar para os lados, avistou uma bruxa miudinha e um bruxo da Manutenção Mágica com cara de furão gesticulando para ele do outro lado da estátua.
Rápido, Harry foi se reunir aos dois.
— Você entendeu tudo, então? — cochichou Hermione para ele.
— Não, Harry ainda está preso na bosta — disse Rony.
— Ah, muito engraçado... é horrível não é? — comentou ela para Harry que estudava a estátua — Você viu no que eles estão sentados?
Harry olhou com mais atenção e percebeu que aquilo que imaginou serem tronos ornamentados eram, na realidade, esculturas humanas: centenas de corpos nus, homens, mulheres e crianças, todos com feições idiotas e feias, torcidos e comprimidos para sustentar os bruxos com belos trajes.
— Trouxas — sussurrou Hermione — No lugar que realmente lhes cabe. Andem, vamos indo.
Eles se juntaram ao fluxo de bruxos e bruxas que se dirigiam para as grades douradas no fim do saguão, espiando a toda volta o mais discretamente possível, mas não viram sinal do vulto característico de Dolores Umbridge. Passaram pelos portões e entraram em um hall, onde se formavam filas diante das vinte grades douradas que encerravam igual número de elevadores. Tinham acabado de entrar na mais próxima, quando uma voz chamou:
— Cattermole!
Olharam: o estômago de Harry revirou. Um dos Comensais da Morte que presenciara a morte de Dumbledore vinha a largos passos em sua direção. Os funcionários do Ministério, próximos aos garotos, ficaram em silêncio, de olhos baixos, Harry sentiu o medo que perpassava por eles, em ondas. O rosto carrancudo e ligeiramente abrutalhado do homem destoava de suas vestes magníficas e amplas, bordadas com fios de ouro. Alguém na multidão à volta dos elevadores cumprimentou-o, bajulador:
— Dia, Yaxley!
O homem ignorou todos.
— Pedi alguém da Manutenção Mágica para dar um jeito na minha sala, Cattermole. Ainda está chovendo lá dentro.
Rony olhou para os lados como se esperasse que mais alguém interviesse, mas ninguém falou.
— Chovendo... na sua sala? Isso... é mau, não?
Rony deu uma risada nervosa.
Os olhos de Yaxley se arregalaram.
— Você está achando graça, Cattermole, é?
Umas duas bruxas saíram da fila do elevador e se afastaram afobadas.
— Não — respondeu Rony — É claro que não...
— Você se dá conta de que estou descendo para interrogar sua mulher, Cattermole? Na verdade, estou muito surpreso que você não esteja lá embaixo segurando a mão dela enquanto espera. Já desistiu de ajudá-la porque se convenceu de que não vale a pena? Provavelmente tem razão. Da próxima vez, certifique-se de que está casando com alguém de sangue puro.
Hermione deixou escapar um gritinho de horror.
Yaxley virou-se. Ela tossiu baixinho e se afastou.
— Eu... eu... — gaguejou Rony.
— Mas se minha mulher fosse acusada de ter sangue ruim — disse Yaxley — Não que alguma mulher com quem eu tenha casado pudesse ser confundida com essa ralé, e o Chefe do Departamento de Execução das Leis da Magia precisasse de um serviço, eu daria prioridade a esse serviço, Cattermole. Você está me entendendo?
— Estou.
— Então vá cuidar disso, Cattermole, e se minha sala não estiver completamente seca dentro de uma hora, o Registro Sanguíneo de sua mulher estará sob uma dúvida maior do que já está.
A grade dourada diante deles abriu estrepitosamente. Com um aceno de cabeça e um sorriso desagradável a Harry, que ele evidentemente esperava que apreciasse o tratamento dispensado a Cattermole, Yaxley saiu majestosamente em direção a outro elevador. Harry, Rony e Hermione entraram no outro, que aguardavam, mas ninguém os acompanhou: parecia que tinham uma doença contagiosa. As grades se fecharam com um ruído metálico e o elevador começou a subir.
— Que vou fazer? — perguntou Rony, na mesma hora, aos outros dois, ele parecia incapacitado — Se apareço, minha mulher, quero dizer, a mulher de Cattermole...
— Iremos com você, devemos ficar juntos... — começou Harry, mas Rony sacudiu a cabeça febrilmente.
— Isso é loucura, não temos tanto tempo assim. Vocês dois vão procurar a Umbridge, e eu vou resolver o problema na sala de Yaxley... mas como vou fazer parar de chover?
— Experimente Finite Incantatem — respondeu Hermione, imediatamente — Isso deve fazer parar a chuva, se ela for um feitiço, se não parar, é porque deu defeito em algum Feitiço Atmosférico, o que será mais difícil de consertar. Então, experimente Impervius, para proteger os pertences dele provisoriamente...
— Repete isso, devagar — disse Rony procurando, desesperado, uma pena nos bolsos, mas naquele momento o elevador parou com um tranco.
Uma voz feminina incorpórea anunciou:
— Nível quatro, Departamento para Regulamentação e Controle das Criaturas Mágicas, que inclui as Divisões de Feras, Seres e Espíritos, Seção de Ligação com os Duendes, Escritório de Orientação sobre Pragas.
As grades tornaram a se abrir e entraram dois bruxos e vários aviões de papel lilás-claro que esvoaçaram em torno da luz no teto do elevador.
— Dia, Albert — cumprimentou um homem de costeletas peludas, sorrindo para Harry. Ele deu uma olhada em Hermione e Rony quando o elevador recomeçou a subir rangendo.
Hermione agora cochichava, freneticamente, instruções para Rony.
O bruxo se curvou para Harry, malicioso, e murmurou:
— Dirk Cresswell, hein? Da Ligação com os Duendes? Uma boa divisão, Albert. Agora estou seguro de que vou conseguir o emprego dele!
O bruxo deu uma piscadela. Harry retribuiu o sorriso, esperando que fosse suficiente. O elevador parou, as grades se abriram.
— Nível dois, Departamento de Execução das Leis da Magia, que inclui a Seção de Controle do Uso Indevido da Magia, o Quartel-General dos Aurores e Serviços Administrativos da Suprema Corte dos Bruxos — anunciou a voz incorpórea.
Harry viu Hermione dar um discreto empurrão em Rony e o amigo saiu logo do elevador seguido por outros bruxos, deixando os dois a sós. No momento em que a porta dourada fechou, Hermione disse depressa:
— Harry, acho que é melhor eu ir atrás dele, acho que Rony não sabe o que está fazendo e, se for apanhado, o plano todo...
— Nível um, Ministro da Magia e Serviços Auxiliares.
As grades douradas tornaram a se abrir e Hermione ofegou. Viram quatro bruxos à sua frente, dois absortos em conversa, um bruxo de cabelos longos trajando magníficas vestes pretas e douradas e uma bruxa atarracada, com cara de sapo e um laço de veludo nos cabelos curtos, segurando uma prancheta ao peito.






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