sábado, 10 de março de 2012

O PODEROSO CHEFÃO - CAPÍTULO 27



CLASSIFICAÇÃO ETÁRIA: 14 ANOS



CAPÍTULO
27




M
ICHAEL CORLEONE chegou naquela noite e, por sua própria ordem, não foi recebido no aeroporto. Apenas dois homens o acompanhavam: Tom Hagen e um novo guarda-costas chamado Albert Neri. O apartamento mais luxuoso do hotel havia sido reservado para ele e seus acompanhantes. À sua espera estavam as pessoas que seria necessário que Michael visse.
Freddie recebeu o irmão com um caloroso abraço. Freddie estava mais forte, com aspecto mais favorável, alegre e elegantemente trajado. Usava uma roupa de seda cinza esquisitamente talhada e acessórios que combinavam com ela. O seu cabelo era cortado a navalha e arrumado tão cuidadosamente quanto o de um galã de cinema, o seu rosto brilhava de tão cuidadosamente barbeado e suas mãos tinham sido devidamente tratadas por uma manicura. Era um homem completamente diferente daquele que embarcara em Nova York quatro anos antes.
Freddie recostou-se na cadeira e examinou Michael carinhosamente.
— Você parece bastante melhor agora que consertou a cara. Sua mulher finalmente conseguiu convencê-lo, hem? Como vai Kay? Quando virá aqui nos visitar?
Michael sorriu para o irmão.
— Você também está com uma ótima aparência. Kay teria vindo desta vez, mas tem um bebê para cuidar e está esperando outro. Além disso, estou aqui a negócio, Freddie, preciso voltar amanhã à noite ou na manhã seguinte.
— Você precisa comer alguma coisa primeiro — disse Freddie — Temos um grande chefe de cozinha no hotel, você vai saborear a melhor comida que já comeu na sua vida. Vá tomar um banho de chuveiro, mudar de roupa e tudo se acertará depois aqui. Tenho todo o pessoal que você quer à sua disposição, todos eles estarão esperando quando você estiver pronto, terei apenas de chamá-los.
— Vamos deixar Moe Greene para o fim, está bem? — Michael falou prazenteiramente — Convide Johnny Fontane e Nino para virem comer conosco. E também Lucy e seu doutor. Podemos falar enquanto comemos — em seguida, voltou-se para Hagen e perguntou — Quer acrescentar mais alguém, Tom?
Hagen balançou a cabeça. Freddie recebera-o menos afetuosamente do que a Michael, mas Hagen compreendia. Freddie estava na lista negra do pai e culpava o consigliori de não procurar ajeitar as coisas. Hagen teria feito isso prazerosamente, mas não sabia por que Freddie não estava nas boas graças do pai. Don Corleone não expressara queixas específicas. Apenas dera a perceber o seu desagrado.
Já passava da meia-noite quando se reuniram em torno da mesa especial de jantar posta no apartamento de Michael. Lucy beijou Michael e não fez qualquer comentário sobre o fato de seu rosto parecer bem melhor depois da operação. Jules Segal estudou ousadamente o osso malar consertado e disse a Michael:
— Um bom trabalho. Está bem unido. E o problema do nariz?
— Já foi resolvido — respondeu Michael — Obrigado por ter ajudado.
As atenções focalizaram-se em Michael à proporção que eles comiam. Todos notaram a sua semelhança com Don Corleone nas maneiras e no modo de falar. De um modo um tanto curioso, ele inspirava o mesmo respeito, a mesma admiração, contudo ele era perfeitamente natural, esforçando-se para deixar todos à vontade. Hagen, como de hábito, ficava em plano secundário. Albert Neri era também muito tranqüilo e discreto. Alegara que não estava com fome e sentara-se numa poltrona perto da porta lendo um jornal local. Depois que terminaram o jantar, mandaram os garçons embora.
Michael falou com Johnny Fontane:
— Ouvi dizer que você recuperou a voz e está cantando tão bem como nunca; você reconquistou todos os fãs. Parabéns.
— Obrigado — respondeu Johnny.
O ator estava curioso para saber exatamente por que Michael queria vê-lo. Que favor lhe pediria?
Michael dirigiu-se a todos em geral:
— A Família Corleone está pensando em se mudar aqui para Lãs Vegas. Venderemos todos os nossos interesses no negócio de azeite e nos estabeleceremos aqui. Don Corleone, Tom Hagen e eu conversamos muito sobre o assunto e pensamos que aqui é que está o futuro da Família. Isso não quer dizer agora mesmo ou no próximo ano. Pode levar dois, três ou até quatro anos para se acertarem todas as coisas. Mas esse é o plano geral. Alguns amigos nossos possuem uma boa percentagem deste hotel e cassino, de modo que isto será a nossa base fundamental. Moe Greene nos venderá sua participação de modo que toda a organização passará à propriedade total dos amigos de Don Corleone.
O rosto redondo de Freddie mostrava certa ansiedade.
— Mike, você tem certeza de que Moe Greene venderá a sua parte? Ele nunca mencionou nada disso a mim e adora o negócio. Realmente não acredito que ele venderá.
— Far-lhe-ei uma oferta que ele não poderá recusar — respondeu Michael tranqüilamente.
As palavras foram ditas com uma voz normal, embora o efeito fosse enregelante, talvez por ser uma frase preferida de Don Corleone. Michael voltou-se para Johnny Fontane e disse:
— Don Corleone está contando com você para nos ajudar a começar. Já nos explicaram que a diversão será o grande fator para atrair jogadores. Esperamos que você assine um contrato para aparecer cinco vezes por ano, um compromisso que talvez dure uma semana. Esperamos que os seus amigos do cinema façam o mesmo. Você fez um bocado de favores a eles, agora é a sua vez de cobrar.
— Certamente — respondeu Johnny — Farei tudo pelo meu Padrinho, você sabe disso, Mike.
Mas havia uma fraca sombra de dúvida em sua voz.
— Você não perderá dinheiro no negócio nem tampouco seus amigos — disse Michael sorrindo — Você adquirirá ações do hotel, e se houver mais alguém que você ache suficientemente importante poderá também adquirir ações. Talvez você não acredite em mim, portanto quero esclarecer que estou falando em nome de Don Corleone.
— Eu acredito em você, Mike — respondeu Johnny apressadamente — Mas há mais de dez hotéis e cassinos que estão na Faixa agora mesmo. Quando vocês chegarem, o mercado talvez esteja abarrotado, talvez vocês venham muito tarde com toda a concorrência que já existe por aqui.
— A Família Corleone tem amigos que estão financiando três desses hotéis — esclareceu Tom Hagen.
Johnny compreendeu imediatamente que ele queria dizer que a Família Corleone era dona dos três hotéis, com seus cassinos. E que haveria um grande número de ações a serem distribuídas.
— Vou começar a trabalhar nisso — disse Johnny.
Michael voltou-se para Lucy e Jules Segal.
— Devo muito a você — disse ele a Jules — Ouvi dizer que você quer voltar a cortar gente e que os hospitais não querem deixar que você use as suas instalações e equipamentos por causa daquele velho negócio do aborto. Quero saber de sua própria boca, é isso o que você quer?
Jules sorriu.
— Acho que sim. Mas você não conhece a organização médica. Seja qual for o poder que você tenha, isso nada significa para eles. Receio que você não poderá ajudar-me nisso.
Michael acenou com a cabeça distraidamente.
— Certamente, você tem razão. Mas alguns amigos meus, gente muito conhecida, vão construir um grande hospital em Las Vegas. A cidade precisará dele da maneira que está crescendo e da maneira que está projetada para crescer. Talvez aceitem você na sala de operações se se conversar direitinho com eles. Diabo, quantos cirurgiões tão bons quanto você podem querer vir para este deserto? Ou quase tão bons? Faremos um favor ao hospital. Assim, você pode contar com isso. Ouvi dizer que você e Lucy vão casar, não é verdade?
Jules deu de ombros.
— Assim que eu vir que tenho algum futuro.
— Mike, se você não construir esse hospital, morrerei solteirona — atalhou Lucy em tom de brincadeira.
Todos riram. Todos menos Jules. Este disse a Michael:
— Se eu aceitar tal emprego não me serão impostas quaisquer condições?
— Nada de condições — respondeu Michael friamente — Tenho uma dívida com você e quero saldá-la.
— Mike, não fique magoado — pediu Lucy brandamente.
Michael sorriu para ela e respondeu:
— Não estou magoado — voltou-se para Jules e falou — Você disse uma grande bobagem. A Família Corleone tem mexido os pauzinhos em seu benefício. Você acha que sou tão estúpido para pedir que você faça coisas que detesta? Mas se eu o pedisse, que é que tinha? Quem diabo jamais moveu um dedo para lhe ajudar quando você estava em dificuldade? Quando ouvi dizer que você queria voltar a trabalhar como um verdadeiro cirurgião, perdi um bocado de tempo para descobrir se eu podia ajudá-lo. Não lhe estou pedindo coisa alguma. Mas pelo menos pode considerar nossas relações como amistosas, e suponho que faria por mim o mesmo que faria por qualquer bom amigo. Esta é a minha condição. Mas você pode recusá-la.
Tom Hagen baixou a cabeça e sorriu. Nem mesmo o próprio Don Corleone faria isso melhor.
Jules ficou vermelho.
— Mike, eu não quis dizer absolutamente isso. Sou muito grato a você e a seu pai. Esqueça o que eu disse.
Michael acenou coma cabeça e respondeu:
— Ótimo. Até o hospital ser construído e começar a funcionar, você será diretor do serviço médico dos quatro hotéis. Forme a sua equipe. O seu salário vai subir também, mas você deve discutir com Tom mais tarde. E, Lucy, quero que você faça uma coisa mais importante. Talvez coordenar todas as lojas que serão abertas nas galerias dos hotéis. O lado financeiro delas. Ou talvez contratando as garotas de que precisarmos para trabalhar nos cassinos, algo como isso. Assim, se Jules não a desposar, você poderá ser uma solteirona rica.
Freddie, enquanto isso, fumava o seu charuto, zangado. Michael virou-se para ele e disse brandamente:
— Sou apenas o moço de recados de Don, Freddie. A sua tarefa ele mesmo lhe dirá, naturalmente, mas tenho certeza de que vai fazer algo muito grande para torná-lo feliz. Todos comentam o serviço formidável que você está fazendo aqui.
— Então por que ele está aborrecido comigo? — perguntou Freddie queixosamente — Só porque o cassino está perdendo dinheiro? Eu não controlo esse setor, ele está a cargo de Moe Greene. Que diabo quer o velho de mim?
— Não se preocupe com isso — respondeu Michael.
Voltando-se para Johnny Fontane, Michael perguntou.
— Onde está Nino? Eu esperava vê-lo novamente.
Johnny deu de ombros.
— Nino está muito doente. Uma enfermeira está cuidando dele no quarto. Mas o doutor aqui diz que ele precisava ser internado, que ele está procurando se matar.
Michael comentou pensativamente, demonstrando realmente surpresa:
— Nino sempre foi um sujeito verdadeiramente bom. Eu nunca soube que ele tivesse feito alguma coisa repugnante, isto é, alguma coisa para prejudicar alguém. Ele nunca ligou para nada. A não ser para a bebida.
— É verdade — confirmou Johnny — O dinheiro está rolando, ele poderia arranjar um bocado de trabalho, cantando ou representando nos filmes. Pode conseguir agora cinqüenta mil dólares por filme, e ele rejeita isso. Não dá a mínima importância ao fato de ser famoso. Durante todos os anos em que temos sido companheiros, nunca soube que ele tivesse feito alguma coisa condenável. E o filho da puta está bebendo para morrer!
Jules estava a ponto de dizer algo, quando bateram na porta do apartamento. Ficou surpreso quando o homem sentado na poltrona, mais próximo da porta, não atendeu, mas continuou a ler o seu jornal. Hagen é que foi abri-la. E quase foi jogado para o lado quando Moe Greene entrou a passos largos na sala seguido de dois guarda-costas.
Moe Greene era um bandido bonitão que se tomara famoso como pistoleiro do sindicato do crime no Brooklyn. Entrara no ramo do jogo e fora para o Oeste em busca de fortuna; tinha sido uma das primeiras pessoas a ver as possibilidades de Las Vegas e construíra um dos primeiros cassinos da Faixa. Ainda tinha acessos de fúria homicida e era temido por todo mundo do hotel, não se excluindo Freddie, Lucy e Jules Segal. Sempre ficavam longe dele, quando era possível.
O seu rosto bem talhado estava horrendo agora. Ele disse para Michael Corleone:
— Estive esperando aí para falar com você, Mike. Tenho um monte de coisas para fazer amanhã, por isso pensei que pudesse conversar com você esta noite. Que tal?
Michael Corleone olhou para ele com o que parecia ser um espanto amável.
— Está bem — respondeu.
Depois fez um sinal na direção de Hagen e disse:
— Sirva uma bebida ao Sr. Greene, Tom.
Jules notou que o homem chamado Albert Neri estudava Moe Greene atentamente, não dando a mínima atenção aos dois capangas postados na porta. Ele sabia que não havia possibilidade de qualquer violência na cidade de Las Vegas. Isso era rigorosamente proibido por ser fatal para o projeto inteiro de transformar Las Vegas no refúgio legal dos jogadores americanos.
Moe Greene disse para os seus guarda-costas:
—Distribua algumas fichas com todas essas pessoas para que possam jogar no cassino.
Evidentemente, ele se referia a Jules, Lucy, Johnny Fontane e o guarda-costas de Michael, Albert Neri.
Michael acenou com a cabeça concordando:
— É uma boa idéia.
Só então foi que Neri se levantou de sua poltrona e se preparou para sair junto com os outros.
Depois das habituais saudações de despedida, ficaram na sala Freddie, Tom Hagen, Moe Greene e Michael Corleone.
Greene pôs o seu copo de bebida em cima da mesa e falou com fúria quase descontrolada:
— Que conversa é essa que ouvi que a Família Corleone vai comprar o que é meu? Posso comprar o que é de vocês. Vocês não compram o que é meu.
Michael respondeu sensatamente:
— O seu cassino vem perdendo dinheiro contra todas as probabilidades. Há alguma coisa errada na maneira pela qual você o dirige. Talvez possamos fazer melhor.
Greene deu uma gargalhada desagradável.
— Seus malditos carcamanos, eu faço um favor acolhendo Freddie quando vocês estão numa situação difícil e agora vocês querem me expulsar daqui. Isso é o que vocês pensam! Não vou ser expulso por ninguém e tenho amigos que vão me apoiar.
Michael continuou a argumentar com tranqüila sensatez:
— Você acolheu Freddie porque a Família Corleone lhe deu uma soma enorme de dinheiro para acabar de aparelhar o seu hotel. E financiou o seu cassino. E porque a Família Molinari, da Costa, garantiu a sua segurança e lhe prestou algum serviço por você o ter acolhido. A Família Corleone e você estão quites. Não sei qual o motivo por que você está se melindrando. Compraremos a sua parte por qualquer preço razoável que você estipular, que mal há nisso? Que é que há de desleal nisso? Com o seu cassino perdendo dinheiro, estamos até fazendo um favor a você.
Greene balançou a cabeça.
— A Família Corleone não tem mais tamanha força. O Padrinho esta doente. Vocês estão sendo escorraçados de Nova York pelas outras Famílias e pensam que podem apanhar umas sobras fáceis aqui. Vou-lhe dar um conselho, Mike, não tente isso.
— É por isso que você pensava que podia esbofetear Freddie em público? — retrucou Michael brandamente.
Tom Hagen, espantado, voltou sua atenção para Freddie. O rosto de Freddie Corleone estava ficando vermelho.
— Ah, Mike, isso não foi nada. Moe não teve qualquer má intenção. Ele perde as estribeiras de vez em quando, mas eu e ele somos bons amigos. Não é verdade, Moe?
Greene tornou-se cauteloso.
— É verdade, sem dúvida. Às vezes tenho de fazer o diabo para botar isso aqui funcionando direito. Fiquei danado com Freddie porque ele começou a trepar com todas as garçonetes e deixou que elas relaxassem o serviço. Tivemos uma pequena discussão e tive de dar duro nele.
O rosto de Michael estava impassível quando ele perguntou ao irmão.
— Ele deu duro em você, Freddie?
Freddie olhou aborrecido para o irmão caçula. E não respondeu.
Greene deu uma gargalhada e explicou:
— O sacana estava levando duas delas para a cama ao mesmo tempo, para fazer aquele negócio que se chama “sanduíche”. Freddie, devo admitir que você de fato estragou essas zinhas. Ninguém mais conseguia fazê-las felizes depois que você andou com elas.
Hagen percebeu que isso pegou Michael de surpresa. Eles se entreolharam. Este era talvez o verdadeiro motivo por que Don Corleone estava aborrecido com Freddie. O Don era puritano no que dizia respeito a sexo. Ele consideraria tal traquinice do seu Freddie, duas garotas ao mesmo tempo, como uma depravação. Permitir-se ainda ser fisicamente humilhado por um homem como Moe Greene era contribuir para desprestigiar a Família Corleone. Isso seria um dos motivos por que ele não estava nas boas graças do pai.
Michael, levantando-se de sua cadeira, disse em tom de despedida:
— Tenho de voltar para Nova York amanhã, portanto, pense no seu preço.
Greene respondeu selvagemente:
— Seu sacana, você pensa que pode me liquidar desse modo? Eu matei mais homens do que você antes que eu pudesse me mover. Vou pegar o avião para Nova York e conversar pessoalmente com Don Corleone. Vou lhe fazer uma proposta.
Freddie pediu nervosamente a Tom Hagen:
— Tom, você é o consigliori, você pode falar com o Don e aconselhá-lo.
Foi então que Michael despejou todo o jato frio de sua personalidade sobre os dois homens de Las Vegas.
— O Don está semi-aposentado — disse — Eu dirijo agora o negócio da Família. E afastei Tom do lugar de consigliori. Ele será exclusivamente meu advogado aqui em Las Vegas. Ele vai se mudar para cá com a família dentro de poucos meses para dar início a todo o trabalho jurídico. Portanto, o que vocês tiverem a dizer, digam a mim.
Ninguém respondeu. Michael acrescentou formalmente:
— Freddie, você é meu irmão mais velho, eu o respeito. Mas nunca mais tome partido com outra pessoa contra a Família. Nem vou mencionar isso ao Don.
Em seguida, voltou-se para Moe Greene e disse:
— Não insulte as pessoas que estão procurando ajudá-lo. Seria melhor que você usasse a sua energia para descobrir por que o cassino está perdendo dinheiro. A Família Corleone tem uma grana alta empatada aqui e não estamos obtendo os lucros correspondentes ao capital investido, mas não vim aqui com o propósito de maltratá-lo. Estou me oferecendo para ajudá-lo. Bem, se você prefere cuspir na mão que procura ajudá-lo, isso é problema seu. Não tenho mais nada a dizer.
Michael não levantou a voz uma só vez, mas suas palavras tiveram um efeito moderador sobre Greene e Freddie. Ele fixou o olhar em ambos, afastando-se da mesa para indicar que esperava que os dois se retirassem. Hagen foi até a porta e abriu-a. Os dois homens saíram sem dizer boa noite.
Na manhã seguinte, Michael Corleone recebeu um recado de Moe Greene: ele não venderia a sua parte do hotel por preço algum. Foi Freddie quem trouxe o recado. Michael deu de ombros e disse para o irmão:
— Quero ver Nino antes de voltar para Nova York.
No apartamento de Nino, encontraram Johnny Fontane sentado no sofá tomando o seu breakfast. Jules examinava Nino atrás do reposteiro fechado do quarto de dormir. Finalmente, o reposteiro se abriu.
Michael ficou chocado com o aspecto de Nino. O homem estava visivelmente se desintegrando. Os olhos estavam ofuscados, a boca mole, todos os músculos de seu rosto bambos. Michael sentou-se na beira da cama e disse:
—Nino, foi bom encontrá-lo. O Don sempre pergunta por você.
Nino deu um riso sarcástico, o seu velho riso.
— Diga a ele que estou morrendo. Diga a ele que esse negócio de trabalhar em cinema e cantar é mais perigoso do que o negócio do azeite.
— Você ficará bom — retrucou Michael — Se tem alguma coisa lhe aborrecendo que a Família possa ajudar, é só dizer.
Nino balançou a cabeça.
— Não há nada — respondeu — Nada.
Michael conversou mais alguns instantes e depois saiu. Freddie acompanhou o irmão e seu grupo ao aeroporto, mas a pedido de Michael não ficou lá até a hora da partida. Quando tomava o avião com Tom Hagen e Albert Neri, Michael virou-se para Neri e perguntou:
— Você o marcou bem?
Neri bateu na testa e respondeu:
— Tenho Moe Greene gravado e numerado aqui.





Continua... 






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Frase Curiosa"Há apenas duas maneiras de obter sucesso neste mundo: pelas próprias habilidades ou pela incompetência alheia." Jean de La Bruyère

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