Apendices
— Apêndice A —
Parte III
VII
A CASA DE EORL
Eorl, o Jovem, era o senhor dos homens de Éothéod. Essa região ficava perto das nascentes do Anduin, entre as cadeias mais distantes das Montanhas Sombrias e as partes mais setentrionais da Floresta das Trevas. Os Éothéod haviam-se mudado para aquelas paragens nos dias do Rei Eãrnil II, tendo vindo das terras nos vales do Anduin, entre a Carrocha e o Rio de Lis, e eram originariamente parentes próximos dos beornings e dos homens das orlas ocidentais da floresta. Os antepassados de Eorl afirmavam ser descendentes dos reis de Rhovanion, cujo reino ficava além da Floresta das Trevas antes das invasões dos Carroceiros, e dessa forma consideravam-se parentes dos reis de Gondor que descendiam de Eldacar.
Davam preferência às planícies e deliciavam-se com cavalos e com todas as proezas da equitação, mas naqueles dias havia muitos homens nos vales centrais do Anduin, e além disso a sombra de Dol Guldur se alongava, portanto, quando tomaram conhecimento da derrota do Rei dos Bruxos, procuraram mais espaço no Norte, e expulsaram os remanescentes do povo de Angmar do lado Leste das Montanhas. Mas nos dias de Léod, pai de Eorl, seu povo se tornara numeroso, ficando de certa forma mais uma vez comprimido na terra que era seu lar.
No ano dois mil quinhentos e dez da Terceira Era, um novo perigo ameaçou Gondor. Um grande exército de bárbaros do nordeste se espalhou em Rhovanion e, descendo das Terras Castanhas, atravessou o Anduin em jangadas. Ao mesmo tempo, por acaso ou por estratégia, os orcs (que naquela época, antes de sua guerra contra os anões, formavam um poderoso exército) desceram das Montanhas. Os invasores assolaram Calenardhon, e Cirion, Regente de Gondor, pediu a ajuda do Norte, havia uma antiga amizade entre os homens do Vale do Anduin e o povo de Gondor. Mas no Vale do Rio os homens agora eram poucos e estavam espalhados, e demoraram para prestar o auxílio possível. Por fim Eorl recebeu noticias sobre a dificuldade de Gondor e, embora parecesse muito tarde, partiu com um grande exército de cavaleiros.
Assim chegou à batalha do Campo de Celebrant, pois esse era o nome da terra verde que ficava entre o Veio de Prata e o Limclaro. Ali o exército do Norte de Gondor corria perigo. Derrotados no Descampado e isolados do Sul, seus homens tinham sido forçados a atravessar o Limclaro, e foram subitamente atacados pelo exército dos orcs que os empurrava na direção do Anduin. Não havia mais esperanças quando, inesperadamente, os Cavaleiros surgiram do Norte e investiram contra a retaguarda do inimigo. Então as chances da batalha se inverteram, e o inimigo foi expulso através do Limclaro com muitas baixas.
Eorl conduziu seus homens numa perseguição, e tão grande era o medo que precedia os cavaleiros do Norte que os invasores do Descampado também ficaram em pânico, e foram perseguidos pelos homens de Eorl através das planícies de Calenardhon.
O povo daquela região se tornara pouco numeroso desde a Peste, e os que restaram tinham sido mortos pelos selvagens orientais. Cirion, portanto, como recompensa pela ajuda recebida, doou a região de Calenardhon que fica entre o Anduin e o Isen a Eorl e seu povo, estes mandaram buscar no Norte suas esposas, filhos e pertences, assentando-se naquela região. Deram-lhe um novo nome, Terra dos Cavaleiros, e passaram a se autodenominar eorlingas, mas em Gondor sua terra era chamada Rohan, e seu povo os rohirrim (ou seja, Senhores dos Cavalos). Assim Eorl se tomou o primeiro rei da Terra dos Cavaleiros, e escolheu para morar uma colina verde á frente dos pés das Montanhas Brancas, que formavam a fronteira Sul de sua terra.
Ali os rohirrim passaram a viver como homens livres, seguindo seu próprio rei e suas próprias leis, mas em aliança perpétua com Gondor.
Muitos senhores e guerreiros, e muitas mulheres belas e corajosas, são mencionados nas canções de Rohan que ainda evocam o Norte.
Frumgar, dizem eles, era o nome do líder que conduziu seu povo para Éothéod. Sobre seu filho, Fram, contam que matou Scatha, o grande dragão de Ered Mithrin, deixando aquela terra livre dos grandes-vermes. Dessa forma Fram adquiriu grandes riquezas, mas entrou em desentendimento com os anões, que reivindicavam o tesouro de Scatha. Fram não se mostrou disposto a lhes entregar uma única moeda, e em vez disso enviou-lhes um colar com os dentes de Scatha, acompanhado dos dizeres: “Jóias como estas não têm similar em seus tesouros, pois são difíceis de se conseguir”.
Alguns dizem que os anões mataram Fram por tal insulto.
Não havia grande estima entre os éothéod e os anões.
Léod era o nome do pai de Eorl. Era domador de cavalos selvagens, pois na época havia muitos naquela região. Capturou um potro branco, que logo se transformou num cavalo forte, belo e altivo. Ninguém podia dominá-lo. Quando Léod tentou montá-lo, o animal carregou-o para longe, e por fim jogou-o ao chão, a cabeça de Léod bateu contra uma pedra, e assim ele morreu. Contava com apenas quarenta e dois anos de idade, e seu filho era um rapaz de dezesseis.
Eorl jurou que vingaria o pai. Por muito tempo caçou o cavalo, e por fim o avistou, seus companheiros esperavam que ele fosse tentar se aproximar e matá-lo com uma flechada. Mas, quando se aproximaram, Eorl pôs-se de pé e chamou o animal em voz alta:
— Venha cá, Ruína do Homem, e receba um novo nome!
Para a surpresa de todos, o cavalo olhou na direção de Eorl, aproximou-se a parou ao lado dele. Eorl disse:
— Eu o nomeio Felaróf. Você amava sua liberdade, e não o culpo por isso. Mas agora você me deve uma grande compensação, e deverá entregar sua liberdade a mim até o fim de sua vida.
Então Eorl o montou, e Felarôf se submeteu. Eorl conduziu-o para casa sem rédea ou freio, e depois disso sempre o montou dessa forma. O cavalo entendia tudo o que os homens diziam, embora não permitisse que ninguém, exceto Eorl, o montasse. Foi montado em Felaróf que Eorl cavalgou para o Campo de Celebrant, pois aquele cavalo provou ter uma vida longa como a dos homens, o mesmo sucedendo com seus descendentes. Estes eram os mearas, que não carregavam ninguém, a não ser o Rei da Terra dos Cavaleiros ou seus filhos, até a época de Scadufax. A seu respeito os homens diziam que Béma (a quem os eldar chamavam de Oromé) teria trazido o pai deles do Oeste, além do Mar.
Dos reis da Terra dos Cavaleiros entre Eorl e Théoden fala-se muito em Helm Mão-de-Martelo. Era um homem austero, de grande força.
Havia naquele tempo um homem chamado Freca, que afirmava ser descendente do rei Fréawine, embora tivesse, afirmavam os homens, muito sangue da Terra Parda, e os cabelos escuros. Ficou rico e poderoso, possuindo amplas terras dos dois lados do Adorn[1]. Perto da nascente desse rio, construiu para si uma fortaleza, dando pouca atenção ao rei. Helm não confiava nele, mas o convocava para seus conselhos, Freca vinha quando queria.
[1] Este rio vem do Oeste das Ered Nimrais e desemboca no Isen.
Para participar de um desses conselhos, Freca chegou cavalgando acompanhado de muitos homens, e pediu a mão da filha de Helm para seu filho Wulf.
Mas Helm disse:
— Você cresceu desde que esteve aqui pela última vez, principalmente em gordura, eu acho.
Os homens riram disso, pois Freca tinha uma barriga volumosa.
Então Freca ficou furioso e insultou o rei, dizendo por fim:
— Reis velhos que recusam o bastão que lhes é oferecido podem cair de joelhos.
HeIm respondeu:
— Venha! O casamento de seu filho é uma ninharia. Helm e Freca podem cuidar disso mais tarde. Enquanto isso, o rei e seu conselho têm assuntos importantes a tratar.
Quando terminou o conselho, Helm levantou-se e colocou as mãos enormes sobre os ombros de Freca, dizendo:
— O rei não permite gritarias em sua casa, mas os homens são mais livres lá fora — forçou então Freca a andar á sua frente, saindo de Edoras e entrando no campo.
Aos homens de Freca que se aproximavam, ele disse:
— Fora daqui! Não precisamos de ouvintes! Vamos tratar de um assunto particular. Vão conversar com meus homens.
E eles olharam e viram que os homens e amigos do rei estavam em número muito maior que eles, e recuaram.
— Agora, terrapardense — disse o rei — Você só tem de lidar com Helm, sozinho e desarmado. Mas você já disse muito, e é minha vez de falar. Freca, sua loucura cresceu com sua barriga. Você fala em um bastão! Se Helm não aprecia um bastão torto que lhe é jogado, ele o quebra. Assim!
Com essas palavras, deu um murro em Freca com tal força que ele caiu zonzo para trás, e morreu logo em seguida.
Helm então declarou que o filho de Freca e seus parentes próximos eram inimigos do rei, e eles fugiram, pois imediatamente Helm enviou muitos cavaleiros para as fronteiras ocidentais.
Quatro anos mais tarde (2758), grandes problemas sobrevieram a Rohan, e nenhum auxílio pôde ser enviado de Gondor, pois três esquadras dos Corsários atacaram aquele reino e havia guerra ao longo de todo o litoral. Ao mesmo tempo, Rohan foi mais uma vez invadida pelo Leste, e os homens da Terra Parda, percebendo sua oportunidade, atravessaram o Isen e desceram de Isengard. Ficou-se logo sabendo que Wulf era o seu líder. Formavam um grande exército, pois juntaram-se a ele os inimigos de Gondor que desembarcaram na foz do Lefnui e na do Isen.
Os rohirrim foram derrotados e sua terra foi assolada, os que não foram mortos ou escravizados fugiram para os vales das montanhas. Helm foi expulso das Travessias do Isen com grandes perdas, refugiando-se no Forte da Trombeta e no precipício que ficava mais atrás (que depois ficou conhecido como Abismo de Helm). Ali ficou sitiado. Wulf tomou Edoras e sentou-se em Meduseld, intitulando-se rei. Ali Haleth, filho de Helm, foi o último a morrer, defendendo as portas.
Logo em seguida começou o Inverno Longo, e Rohan ficou coberta de neve por quase cinco meses (de Novembro a Março, 2758-9). Tanto os rohirrim como seus inimigos sofreram enormemente com o frio, e com a escassez que se prolongou por mais tempo.
No Abismo de Helm houve muita fome depois do Iule, sentindo-se desesperado, contra o conselho do rei, Háma, seu filho mais novo, conduziu um grupo de homens numa surtida com a intenção de saquear as provisões do inimigo, mas todos se perderam na neve. Helm tornou-se feroz e sombrio devido á penúria e á tristeza, e apenas o terror que causava já valia muitos homens na defesa do Forte. Ele saía sozinho, vestido de branco, e se esgueirava como um troll-de-neve pelos acampamentos inimigos, matando muitos homens com as próprias mãos.
Acreditava-se que, se ele não levava arma alguma, nenhuma arma poderia feri-lo. Os terrapardenses diziam que, se ele não conseguisse encontrar comida, devorava homens. A história sobreviveu por muito tempo na Terra Parda.
Helm tinha uma grande trombeta, e logo notou-se que antes de investir contra o inimigo ele emitia um clangor que ecoava no Abismo, então um pavor tão profundo dominava seus inimigos que, em vez de se reunirem para prendê-lo ou matá-lo, eles fugiam Garganta abaixo.
Uma noite os homens ouviram a trombeta tocar, mas Helm não retornou. Na manhã seguinte surgiu um raio de sol, o primeiro depois de muitos dias, e eles viram um vulto branco parado, imóvel sobre o Dique, sozinho, pois nenhum dos terrapardenses ousava se aproximar. Ali estava Helm, morto como pedra, mas ainda ereto. Mesmo assim dizia-se que a trombeta ainda foi ouvida algumas vezes no Abismo e que o espectro de Helm caminhava em meio aos inimigos de Rohan, matando os homens de medo.
Logo depois o inverno cedeu. Então Fréaláf, filho de Hild, a irmã de Helm, desceu do Templo da Colina, para o qual muitos haviam fugido, e com uma pequena comitiva de homens desesperados surpreendeu Wulf em Meduseld e o matou, reconquistando Edoras. Houve grandes enchentes depois da neve, e o Vale do Entágua transformou-se num enorme charco. Os invasores do Leste morreram ou se retiraram, e finalmente chegou ajuda de Gondor, pelas estradas a Leste e a Oeste das montanhas. Antes do término do ano (2759), os terrapardenses foram expulsos, até mesmo de Isengard; então Fréaláf tornou-se rei.
Helm foi trazido do Forte da Trombeta e colocado no nono túmulo. Sempre depois disso, a branca simbelmynë cresceu ali espessa, de modo que o túmulo parecia estar coberto de neve.
Quando Fréaláf morreu, iniciou-se uma outra fileira de túmulos.
O povo dos rohirrim foi dramaticamente reduzido pela guerra, pela miséria e pela perda do gado e dos cavalos, e foi bom que mais nenhum grande perigo voltasse a ameaçá-los por muitos anos, pois foi só na época do Rei Folcwine que eles recuperaram a antiga força.
Foi durante a cerimônia de coroação de Fréaláf que Saruman apareceu, trazendo presentes, e elogiando muito a coragem dos rohirrim. Foi bem recebido por todos. Logo em seguida ele passou a morar em Isengard. Para isso, Beren, regente de Gondor, lhe deu permissão, pois Gondor ainda afirmava que Isengard era uma fortaleza de seu reino, não pertencendo a Rohan. Beren também permitiu que Saruman guardasse as chaves de Orthanc. Aquela torre nunca fora invadida ou danificada por qualquer inimigo.
Dessa forma Saruman começou a se comportar como um senhor de homens, pois no inicio vigiava Isengard como um tenente do regente e um guardião da torre. Mas Fréaláf estava tão satisfeito quanto Beren em relação a isso, considerando que Isengard estava nas mãos de um amigo forte.
Um amigo foi o que Saruman pareceu ser por muito tempo, e talvez no início fosse um amigo sincero. Apesar disso, posteriormente restaram poucas dúvidas nas mentes dos homens de que Saruman foi para Isengard na esperança de ainda encontrar ali a Pedra, e com o propósito de construir um poder para si próprio. Com certeza, depois do último Conselho Branco (2953), seus desígnios com relação a Rohan, embora ele os escondesse, eram malignos.
Então ele tomou Isengard como se fosse propriedade sua, e começou a transformá-la num lugar de força e medo, como se pretendesse rivalizar com Barad-dûr. Conquistou amigos e servidores entre todos aqueles que odiavam Gondor e Rohan, fossem eles homens ou outras criaturas mais malignas.
Os Reis da Terra dos Cavaleiros
Primeira Linhagem
Ano[2]
[2] As datas são dadas de acordo com o Registro de Gondor (Terceira Era). As que estão na margem referem-se ao nascimento e à morte.
2485-2545 — 1— Eorl, o Jovem. Era assim chamado porque sucedeu o pai ainda na juventude e permaneceu loiro e corado até o fim de sua vida. Esta foi encurtada por um novo ataque dos orientais. Eorl morreu em combate no Descampado, e o primeiro túmulo foi erigido. Felaróf também foi colocado ali.
2512-2570 — 2 — Brego. Expulsou o inimigo do Descampado, e Rohan não voltou a ser atacada por muitos anos. Em 2569 ele terminou o grande palácio de Meduseld. Durante o banquete de inauguração, seu filho, Baldor, jurou que iria trilhar “As Sendas dos Mortos”, e nunca mais retornou. Brego morreu de tristeza no ano seguinte.
2544-2645 — 3 — Aldor o Velho. Era o segundo filho de Brego. Tornou-se conhecido como “O Velho”, já que viveu até uma idade avançada, e foi rei por 75 anos. Em sua época, os rohirrim aumentaram em número, e expulsaram ou subjugaram os últimos terrapardenses que restavam a Leste do Isen. O Vale Harg e outros vales foram povoados. Sobre os três reis seguintes há poucas informações, pois em sua época Rohan prosperou e teve paz.
2570-2659 — 4 — Erda. Varão mais velho, mas o quarto descendente de Aldor; já estava velho quando se tornou rei.
2594-2680 — 5 — Fréawine.
26 19-99 — 6 — Goldwine.
2644-2718 — 7 — Déor Em sua época os terrapardenses atacaram várias vezes através do Isen. Em 2710 ocuparam o círculo abandonado de Isengard, e não foi possível expulsá-los.
2668-2741 — 8 — Gram.
2691-2759 — 9 — Helm Mão-de-Martelo. No final de seu reino, Rohan sofreu grandes perdas, devido a invasões e ao Inverno Longo. Helm pereceu, bem como seus filhos Háma e Haleth. Fréaláf, filho da irmã de Helm, tornou-se rei.
Segunda Linhagem
2726-98 — 10 — Fréaláf, filho de Hild. Em sua época Saruman chegou a Isengard, de onde os terrapardenses tinham sido expulsos. Os rohirrim no inicio lucraram com a amizade dele, nos dias de miséria e fraqueza que se seguiram.
2752-2842 — 11 — Brytta. Seu povo o chamava de Léofa, pois era amado por todos, era generoso e ajudava a todos os necessitados. Em sua época houve uma guerra contra os orcs, que, expulsos do Norte, procuraram refugio nas Montanhas Brancas. Por ocasião de sua morte, pensou-se que todos os orcs tinham sido expulsos, mas não era assim.
2780-2851 — 12 — Walda. Foi rei por apenas nove anos. Foi morto com todos os seus companheiros quando foram capturados numa cilada por orcs, ao cruzarem as passagens das montanhas, vindos do Templo da Colina.
2804-64 — 13 — Folca. Foi um grande caçador, mas jurou não perseguir qualquer animal selvagem enquanto restasse um orc em Rohan. Quando a última fortaleza-orc foi encontrada e destruída, ele partiu para caçar o grande javali de Everholt na Floresta Firien. Matou o javali mas morreu devido aos graves ferimentos que este lhe causou.
2830-2903 — 14 — Folcwine. Quando se tornou rei, os rohirrim haviam recuperado sua força. Ele reconquistou a fronteira ocidental (entre o Adorn e o Isen) que os terrapardenses tinham ocupado. Rohan recebera um grande auxilio de Gondor nos dias funestos. Quando, portanto, ele ficou sabendo que os Haradrím estavam atacando Gondor com grandes exércitos, enviou muitos homens em auxílio ao regente. Desejava conduzi-los em pessoa, mas foi dissuadido, e seus filhos gêmeos, Folcred e Fastred (nascidos em 2858), foram em seu lugar. Caíram lado a lado na batalha de Ithilien (2885). Túrin II, de Gondor, enviou a Folcwine uma grande compensação em ouro.
2870-2953 — 15 — Fengel. Era o terceiro filho e quarto descendente de Folcwíne. Não é lembrado com elogios. Era ávido por comida e ouro, e não se entendia com seus marechais ou com seus filhos. Thengel, seu terceiro descendente e único varão, deixou Rohan quando se tornou adulto e viveu um longo tempo em Gondor, conquistando respeito a serviço de Turgon.
2905-80 — 16 — Thengel. Só se casou bem tarde, mas em 2943 tomou como esposa Morwen, de Lossamach, em Gondor, embora ela fosse dezessete anos mais jovem. Ela lhe deu três filhos em Gondor, dos quais Théoden, o segundo, era o único varão. Quando Fengel morreu, os rohirrim o convocaram, e ele retornou a contragosto. Mas mostrou-se um rei bondoso e sábio, embora a língua de Gondor fosse falada em sua casa, e nem todos os homens apreciassem esse fato. Morwen lhe deu mais duas filhas em Rohan, e a última, Théodwyn, era a mais bela, embora tivesse nascido tarde (2963), a filha da velhice do rei. Seu irmão a amava muito. Foi logo depois do retorno de Thengel que Saruman se declarou Senhor de Isengard e começou a causar problemas a Rohan, invadindo suas fronteiras e apoiando seus inimigos.
2948-30 19 — 17 — Théoden. É chamado Théoden Ednew na tradição de Rohan, pois começou a decair devido aos feitiços de Saruman, mas foi curado por Gandalf, e no último ano de sua vida levantou-se e conduziu seus homens para a vitória no Forte da Trombeta, e logo em seguida para os Campos de Pelennor, a maior batalha da Era. Caiu diante dos portões de Mundburg. Por um tempo descansou na terra onde nascera, entre os reis mortos de Gondor, mas foi trazido de volta e colocado no oitavo túmulo de sua linhagem em Edoras. Depois iniciou-se uma nova linhagem.
Terceira Linhagem
Em 2989, Théodwyn casou-se com Éomund, do Folde Oriental, o mais importante Marechal da Terra dos Cavaleiros. Seu filho Éomer nasceu em 2991, e sua filha Éowyn em 2995. Naquela época Sauron se insurgira de novo, e a sombra de Mordor se estendia na direção de Rohan. Orcs começaram a atacar as regiões orientais e a matar ou roubar cavalos. Outros desceram também das Montanhas Sombrias, muitos deles sendo grandes uruks a serviço de Saruman, embora muito tempo se passasse antes que alguém suspeitasse disso.
A principal tarefa de Eomund estava nas fronteiras orientais, ele amava muito os cavalos, e odiava os orcs. Se chegassem noticias sobre um ataque, ele muitas vezes investia contra eles tomado pelo ódio, sem cautela e com poucos homens. Foi assim que ele foi morto em 3002, pois estava perseguindo um pequeno bando até as fronteiras dos Emyn Muil, e lá foi surpreendido por um grande exército que estava á espera escondido nas rochas.
Não muito depois Théodwyn ficou doente e morreu, para a grande tristeza do rei, que acolheu em sua casa os filhos dela, chamando-os de filho e filha. Théoden tinha apenas um filho, Théodred, que na época contava com vinte e quatro anos, a rainha Elfhild morrera no parto, e Théoden não voltou a se casar.
Éomer e Éowyn cresceram em Edoras e viram a sombra escura cair sobre o palácio de Théoden. Éomer era como seus antepassados, mas Éowyn era esguia e alta, tendo uma graça e uma altivez herdadas do Sul, de Morwen de Lossarnach, a quem os rohirrim haviam chamado Brilho do Aço.
2991 QE. 63 (3084) Éomer Éadig. Ainda jovem tornou-se Marechal da Terra dos Cavaleiros (3017), tendo-lhe sido confiada a tarefa que anteriormente fora do pai nas fronteiras orientais. Na Guerra do Anel, Théodred caiu em combate contra Saruman nas Travessias do Isen. Portanto, antes de morrer nos Campos de Pelennor, Théoden nomeou Éomer seu herdeiro e chamou-o de rei. Naquele dia Éowyn também ganhou renome, pois lutou na batalha, cavalgando disfarçada, posteriormente ficou conhecida na Terra dos Cavaleiros como a Senhora do Braço do Escudo[3].
[3] Isso se deve ao fato de que o seu braço que carregava o escudo foi quebrado pela maça do Rei dos Bruxos, mas este ficou reduzido a nada, e assim se cumpriram as palavras ditas por Glorfindel ao Rei Eãmur muito tempo antes, de que o Rei dos Bruxos não cairia pela mão de um homem. Pois conta-se nas canções da Terra dos Cavaleiros que, nesse feito, Éowyn teve a ajuda do escudeiro de Théoden, que também não era um homem, mas um Pequeno, vindo de uma terra distante, embora tenha sido homenageado por Éomer, que lhe deu o nome de Holdwine (esse Holdwine não era ninguém menos que Meriadoc, o Magnifico, Senhor da Terra dos Buques).
Éomer tornou-se um grande rei, e, sendo jovem quando sucedeu Théoden, reinou por sessenta e cinco anos, mais tempo que todos os reis dos rohirrim exceto Aldor, o Velho. Na Guerra do Anel, tornou-se amigo do Rei Elessar, e de Imrahíl, de Dol Amroth, e com freqüência cavalgava até Gondor. No último ano da Terceira Era casou-se com Lothíriel filha de Imrahíl. Seu filho, Elfwine, o Belo, o sucedeu no trono.
Na época de Éomer, os homens da Terra dos Cavaleiros que desejavam paz a tiveram, e o povo cresceu nos vales e nas planícies, e seus cavalos se multiplicaram.
Em Gondor reinava agora o Rei Elessar, que também governava Arnor. Em todas as terras daqueles reinos de outrora ele era rei, exceto em Rohan, pois renovou a dádiva de Cirion para com Éomer, e Éomer prestou outra vez o Juramento de Eorl.
Com frequência o cumpriu, pois, embora Sauron tivesse desaparecido, os ódios e maldades semeados por ele não haviam morrido, e o Rei do Oeste teve de subjugar muitos inimigos antes que a Árvore Branca pudesse crescer em paz.
E, para onde quer que o Rei Elessar conduzisse uma guerra, o Rei Éomer o acompanhava, e além do Mar de Rhún e nos distantes campos do Sul o trovão da cavalaria dos rohirrim foi ouvido, e o Cavalo Branco sobre Verde tremulou em muitos ventos até Éomer ficar velho.
VIII
O POVO DE DURiN
A respeito da origem dos anões, histórias estranhas são contadas tanto pelos eldar quanto pelos próprios anões, mas, uma vez que essas coisas se situam longe no passado, pouco se fala sobre elas aqui.
Durin é o nome que os anões usavam para o mais velho dos Sete Pais de sua raça, e o ancestral de todos os reis dos Barbas-Longas. Ele dormiu sozinho até que, nas profundezas do tempo e no despertar de seu povo, veio para Azanulbízar, e fez sua morada nas cavernas acima do Kheledzâram, na parte Leste das Montanhas Sombrias, onde depois se situaram as Minas de Moria, celebradas nas canções.
Ali viveu por tanto tempo que ficou conhecido em toda parte como Durin, o Imortal. Apesar disso, acabou por morrer antes que os Dias Antigos se tivessem passado, e seu túmulo ficou em Khazad-dûm, mas sua linhagem sempre continuou, e cinco vezes nasceu em sua Casa um herdeiro tão parecido com seu Ancestral que recebia o nome de Durin. Na verdade, os anões achavam que era o Imortal que retornava, pois eles tinham muitas histórias e crenças estranhas a respeito de si e de seu destino no mundo.
Depois do final da Primeira Era, o poder e a riqueza de Khazad-dûm cresceram, pois a casa foi enriquecida por muitas pessoas, muita tradição e muitos ofícios quando as antigas cidades de Nogrod e Belegost, nas Montanhas Azuis, foram arruinadas na destruição de Thangorodrim.
O poder de Moria resistiu através dos Anos Escuros e do domínio de Sauron, pois, embora Eregion tivesse sido destruída e os portões de Moria fechados, os salões de Khazad-dûm eram por demais profundos e fortes e repletos de um povo demasiado numeroso e valente para que Sauron pudesse conquistá-los de fora. Assim sua riqueza permaneceu por muito tempo intacta, embora seu povo começasse a diminuir.
Aconteceu que, no meio da Terceira Era, mais uma vez Durin era o rei dos anões, sendo o sexto que levava aquele nome.
O poder de Sauron, servidor de Morgoth, estava então crescendo no mundo, embora a Sombra na Floresta que olhava na direção de Moria ainda não fosse conhecida pelo que era.
Todos os seres malignos se agitavam.
Naquela época os anões faziam escavações profundas, vasculhando Barazínbar em busca de mithril, o metal de preço inestimável que a cada ano ficava mais difícil de conseguir. Assim eles despertaram de seu sono[4] uma criatura de terror que, fugindo de Thangorodrim, se escondera nos alicerces da terra desde a chegada do Exército do Oeste: um balrog de Morgoth. Durin foi morto por ele, e no ano seguinte Náin I, seu filho. Então o esplendor de Moria desapareceu, e seu povo foi destruído ou fugiu para longe.
A maioria dos que escaparam seguiram para o Norte, e Thrain I, filho de Náin, veio para Erebor, a Montanha Solitária, próxima ás bordas orientais da Floresta das Trevas, ali iniciou novos trabalhos, e tornou-se Rei Sob a Montanha.
Em Erebor encontrou uma jóia, a Pedra Arken, Coração da Montanha. Mas Thorin I, seu filho, mudou-se e penetrou no Norte distante, chegando até as Montanhas Cinzentas, onde agora se reunia a maioria do povo de Durin, pois essas montanhas eram ricas e pouco exploradas. Mas havia dragões nas regiões ermas mais além, e depois de muitos anos eles ficaram fortes outra vez e se multiplicaram, e abriram guerra contra os anões, saqueando suas minas. Por fim, Dáin I, juntamente com Frór, seu segundo filho, foi morto ás portas de seu palácio por um grande dragão-frio.
Não muito depois, a maioria do Povo de Durin abandonou as Montanhas Cinzentas. Grór, filho de Dáin, foi embora com muitos seguidores para as Colinas de Ferro.
Mas Thror, o herdeiro de Dáin, juntamente com Borin, o irmão de seu pai, e o restante do povo retornaram para Erebor. Thror trouxe de volta para o Grande Palácio de Thrain a Pedra Arken, e ele e seu povo prosperaram e ficaram ricos, tendo a amizade de todos os homens que moravam nas redondezas. Pois não só eles faziam objetos de extrema beleza e singularidade, como também armas e armaduras de grande valor, e havia um intenso comércio de minério entre eles e seus parentes das Colinas de Ferro. Dessa forma, os homens do Norte, que viviam entre o Celduin (o Rio Corrente) e o Carnen (Rubrágua), tornaram-se fortes e expulsaram os inimigos do Leste, e os anões viviam com fartura, e havia banquetes e música nos Salões de Erebor.
Assim, rumores sobre a riqueza de Erebor se espalharam e atingiram os ouvidos dos dragões, e por fim Smaug, o Dourado, o maior de todos os dragões de seu tempo, ergueu-se e, sem avisar, investiu contra o Rei Thror, descendo em chamas na Montanha. Não demorou muito para que todo aquele reino fosse destruído, e a cidade de Valle, que ficava nas imediações, ficou abandonada e em ruínas, mas Smaug entrou no Grande Salão e deitou-se ali sobre um leito de ouro.
Muita gente do povo de Thror escapou do saque e do incêndio, e por último, saindo dos corredores por uma porta secreta, vieram o próprio Thror e seu filho Thrain II. Dirigiram-se para o Sul com sua família[5], começando uma longa peregrinação sem destino. Com eles também foi uma pequena comitiva de parentes e seguidores fiéis.
[5] Entre os quais estavam os filhos de Thrãin II: Thorin Escudo de Carvalho, Frerin e Dis. Thorin na época era um jovem pela contagem dos anões. Depois ficou-se sabendo que haviam escapado mais pessoas do Povo-sob-a-Montanha do que a principio se imaginara, mas a maioria deles dirigiu-se para as Colinas de Ferro.
Anos depois, Thror, agora velho, pobre e desesperado, deu ao filho Thrain o único grande tesouro que ainda possuía, o último dos Sete Anéis, e então partiu com apenas um companheiro, de nome Nár. Na despedida ele disse a Thrain sobre o Anel: Ainda pode acabar sendo o alicerce de uma nova fortuna para você, embora isso possa parecer improvável. Mas o Anel precisa de ouro para gerar ouro.
— O senhor não estaria pensando em voltar para Erebor, estaria? — disse Thrain.
— Não na minha idade — disse Thror — Nossa vingança contra Smaug eu a transmito para você e seus filhos. Mas estou cansado da pobreza e do desprezo dos homens. Vou para ver o que posso encontrar.
Ele não disse para onde. Estava um pouco perturbado talvez pela idade e pela tristeza, e por longos anos pensando no esplendor da Moria da época de seus antepassados, ou talvez o Anel estivesse voltando-se para o mal agora que seu mestre despertara, conduzindo Thror para a loucura e a destruição. Da Terra Parda, onde agora estava morando, ele foi para o Norte com Nár, e eles atravessaram a Passagem do Chifre Vermelho e entraram em Azanulbizar.
Quando Thror chegou a Moria, encontrou o Portão aberto. Nár implorou que tivesse cuidado, mas ele não deu ouvidos ao companheiro, e entrou destemido como um herdeiro que retorna. Mas não voltou. Nár ficou ali perto, escondido, por muitos dias. Um dia ouviu um grito alto e o toque de uma corneta, e um corpo foi jogado através da escada. Temendo que fosse Thror, ele começou a se aproximar com cuidado, mas então veio uma voz de dentro do portão:
— Venha cá, barbadinho! Podemos vê-lo. Mas não precisa ficar com medo hoje. Precisamos de você como mensageiro.
Então Nár subiu e descobriu que realmente se tratava do corpo de Thrór, mas a cabeça estava decepada e com o rosto para baixo. Assim que se ajoelhou, ouviu risadas de orcs vindas das sombras, e a voz disse:
— Se os mendigos não esperam na porta, e entram sorrateiramente tentando roubar, isso é o que fazemos com eles. Se qualquer um de seu povo meter sua barba suja aqui outra vez, vai ter o mesmo fim. Vá e diga isso a eles! Mas, se a família dele quiser saber quem é o rei por aqui atualmente, o nome está escrito no rosto dele. Eu escrevi. Eu o matei! Eu sou o mestre!
Então Nár virou a cabeça e viu marcado na testa de Thror em runas dos anões, para que ele pudesse ler, o nome AZOG. O nome ficou marcado no seu coração e nos corações de todos os anões depois disso. Nár abaixou-se para pegar a cabeça, mas a voz de Azog[6] disse:
— Largue isso! Fora daqui! Aqui está a sua paga, mendigo-barbudo.
Uma pequena bolsa lhe foi atirada. Continha algumas moedas de pouco valor.
Chorando, Nár fugiu pelo Veio de Prata, mas olhou mais uma vez para trás e viu que alguns orcs tinham saído pelo portão e estavam despedaçando o corpo e jogando as partes para os corvos negros.
Foi essa a história que Nár trouxe de volta a Thrain, e, quando este já tinha chorado e arrancado muitos fios de sua barba, ficou em silêncio. Ficou sete dias sentado sem dizer palavra. Então levantou-se e disse:
— Isso é intolerável!
Foi assim que começou a Guerra entre os anões e os orcs, que foi longa e mortal, travada em sua maior parte nos lugares profundos embaixo da terra. Thrain imediatamente enviou mensageiros levando a história para o Norte, o Leste e o Oeste, mas demorou três anos para que os anões concentrassem suas forças.
O Povo de Durin reuniu todo o seu exército, que se juntou a grandes forças enviadas das Casas de Outros Pais. Tal desonra para com o herdeiro do Mais Velho de sua raça os encheu de ira. Quando tudo estava pronto, eles atacaram e saquearam cada uma das fortalezas dos orcs que conseguiram, do Gundabad até o Rio de Lis. Ambos os lados foram implacáveis, e houve morte e feitos cruéis de dia e de noite. Mas os anões conquistaram a vitória por sua força, por suas armas incomparáveis e pelo fogo de sua ira, caçando Azog em cada caverna sob a montanha.
Por fim, os orcs que fugiam deles reuniram-se em Moria, e o Exército dos anões que os perseguia chegou a Azanulbizar. Este era um grande vale que ficava entre os braços das montanhas ao redor do lago de Kheled-zâram, e que fora uma parte antiga do Reino de Khazad-dûm. Quando os anões viram o portão de suas antigas moradias sobre a encosta da colina, emitiram um forte grito que ecoou no vale feito trovão. Mas um grande exército de inimigos estava disposto nas encostas acima deles, e dos portões derramou-se uma multidão de orcs que haviam sido reservados por Azog para uma necessidade extrema.
No inicio, a sorte estava contra os anões, pois era um dia escuro de inverno, sem sol, e os orcs, que não vacilaram, estavam em número maior que seus inimigos, e ocupavam o terreno mais alto. Assim começou a Batalha de Azanulbizar (ou Nanduhiron, na Língua Élfica), cuja lembrança ainda faz com que os orcs tremam e os anões chorem.
O primeiro ataque da vanguarda liderado por Thrain foi rechaçado com baixas, e Thrain foi obrigado a se retirar para uma floresta de grandes árvores que na época ainda vicejava, não muito distante do Kheled-zâram. Ali Frerin, seu filho, caiu, e Fundin, seu parente, além de vários outros, juntamente com Thrain e Thorin, ficaram feridos[7].
[7] Conta-se que o escudo de Thorin foi partido, e ele o jogou fora. Cortou então com seu machado um ramo de um carvalho e o segurava com a mão esquerda para se proteger dos golpes dos inimigos, ou para brandi-lo como um porrete. Dessa forma, ganhou seu nome “Thorin Escudo de Carvalho”.
Em outro ponto, a batalha avançava e recuava com grande matança, até que finalmente o povo das Colinas de Ferro virou o jogo. Chegando depois ao campo, com força total, os guerreiros de Náin, filho de Grór, protegidos com malhas metálicas, perseguiram os orcs até o limiar de Moria, gritando “Azog! Azog!”, enquanto derrubavam com suas picaretas todos os que barravam seu caminho.
Então Náin parou diante do Portão e gritou numa voz poderosa:
— Azog! Se estiver aí dentro, saía! Ou será que o jogo no vale está duro demais?
Então Azog saiu, um grande orc com uma enorme cabeça coberta de ferro, e mesmo assim ágil e forte. Junto saíram muitos como ele, os lutadores de sua guarda, e, à medida que avançaram contra a tropa de anões, Azog virou-se para Náin, dizendo:
— O quê? Mais um mendigo em minha porta? Será que vou precisar marcá-lo também?
Com isso avançou contra Náin e eles lutaram. Mas Náin estava meio cego pela ira, e também muito cansado da batalha, enquanto Azog estava descansado, era cruel e cheio de astúcia. Logo Náin desferiu um grande golpe com toda a força que lhe restava, mas Azog pulou de lado e chutou a perna de Náín, de modo que a picareta se estilhaçou contra a pedra onde o orc estivera, enquanto Náín caiu para a frente. Então Azog, com um golpe rápido, atingiu-lhe o pescoço. O colarinho de metal resistiu á lâmina, mas o golpe foi tão pesado que o pescoço de Náin foi quebrado e ele caiu. Então Azog riu, ergueu a cabeça e soltou um grande grito de triunfo. Mas o grito morreu-lhe na garganta, pois ele viu que todo o seu exército no vale fugia em debandada, e os anões iam de um lado e do outro matando como bem queriam, e os que conseguiam escapar deles estavam fugindo para o Sul, correndo e guinchando. Perto de onde estava, todos os soldados de sua guarda jaziam mortos. Azog virou-se e fugiu na direção do Portão. Subindo os degraus atrás dele veio um anão com um machado vermelho.
Era Dain Pé-de-Ferro, filho de Náín. Pegou Azog bem diante da porta, e ali o matou e decepou-lhe a cabeça. Isso foi considerado um grande feito, pois Dain na época era apenas um rapazola para os padrões dos anões. Mas ainda havia uma vida longa e muitas batalhas diante dele, até que velho, mas não curvado, ele acabasse por cair na Guerra do Anel. Todavia, mesmo sendo corajoso e cheio de ira como estava, conta-se que, quando desceu os degraus do Portão, seu rosto estava cinzento, como o de alguém que acabou de passar por um grande medo.
Quando por fim a batalha foi vencida, os anões que restavam reuniram-se em Azanulbizar. Pegaram a cabeça de Azog e meteram-lhe na boca a bolsa com o dinheiro de pouco valor, e então a fincaram numa estaca. Mas naquela noite não houve banquete nem cantoria, pois o número de mortos ultrapassava o cálculo de sua tristeza. Não mais da metade deles, conta-se, ainda conseguia ficar de pé ou ter esperanças de cura.
Não obstante, pela manhã, Thrain estava diante deles. Um de seus olhos fora cegado para sempre, e ele mancava devido a um ferimento na perna, mas mesmo assim disse:
— Muito bem! Conquistamos a vitória! Khazad-dûm é nossa!
Mas eles responderam:
— Você pode ser herdeiro de Durin, mas mesmo com um olho você deveria enxergar com mais clareza. Lutamos nesta batalha por vingança, e nos vingamos. Mas esta vingança não é doce. Se isto for uma vitória, então nossas mãos são muito pequenas para segurá-la.
E os que não faziam parte do Povo de Durin disseram:
— Khazad-dûm não era a casa de nossos Pais. O que representa para nós, além de uma esperança de conseguirmos tesouros? Mas agora, se devemos voltar sem as recompensas e as compensações que nos são devidas, quanto mais cedo voltarmos para nossas próprias terras melhor será.
Então Thrain virou-se para Dain e disse:
— Mas, com certeza, meus próprios parentes não vão me abandonar?
— Não — disse Dain — Você é o pai de nosso Povo, e derramamos nosso sangue por você, e estamos dispostos a fazê-lo de novo. Mas não vamos entrar em Khazad-dûm. Você não vai entrar em Khazad-dûm. Somente eu olhei através da sombra do Portão. Além da sombra ainda o espera a Ruína de Durin. O mundo deve mudar, e algum outro poder que não é o nosso deverá vir antes que o Povo de Durin entre de novo em Moria.
Foi assim que, depois de Azanulbizar, os anões dispersaram-se mais uma vez. Mas antes disso, com grande esforço, despojaram todos os seus mortos, para evitar que os orcs viessem e conseguissem ali um estoque de armas e cotas de malha. Conta-se que cada anão que saiu do campo de batalha vinha vergado sob um grande peso.
Então construíram muitas piras e cremaram todos os corpos de seu povo. Houve grande derrubada de árvores no vale, que depois disso ficou para sempre deserto, e de Lórien foi possível avistar a fumaça da cremação[8].
[8] Foi triste para os anões dispensar aos seus mortos tal tratamento, que era contra os seus hábitos, mas fazer os túmulos que estavam acostumados a construir (uma vez que eles depositam seus mortos na rocha, e não na terra) levaria muitos anos. Portanto, os anões recorreram ao fogo, preferindo isto a expor seu povo a animais, aves ou orcs carniceiros. Mas aqueles que caíram em Azanulbizar eram homenageados na lembrança, e até hoje um anão se refere com orgulho a um de seus antepassados “Ele foi um anão cremado”, e isso é o suficiente.
Quando as horrendas fogueiras estavam em cinzas, os aliados foram embora para suas próprias terras, e Dain Pé-de-Ferro conduziu o povo de seu pai de volta para as Colinas de Ferro.
Então, parando ao lado da grande estaca, Thrain disse a Thorin Escudo de Carvalho:
— Alguém poderia pensar que esta cabeça foi comprada a um alto preço! Pelo menos demos o nosso reino por ela. Você voltará comigo para a bigorna? Ou prefere mendigar pão em portas orgulhosas?
— Para a bigorna — respondeu Thorin — Pelo menos o martelo manterá os braços fortes, até que possam outra vez empunhar armas mais afiadas.
Então Thrain e Thorin, com o restante de seus seguidores (entre os quais estavam Balin e Gloin), voltaram para a Terra Parda, e logo após mudaram-se para Eriador, até que por fim fizeram um lar no exílio, na parte Leste das Ered Luin, além de Lún. A maioria dos objetos que forjaram naquela época era de ferro, mas eles prosperaram de certa maneira, e seu povo lentamente cresceu[9]. Mas, como Thror dissera, o Anel precisava de ouro para gerar ouro, e eles tinham pouco ou quase nada daquele metal e de outros metais preciosos.
Sobre esse Anel pode-se dizer algo aqui.
Os anões do Povo de Durin acreditavam que ele era o primeiro dos Sete que foram forjados, e dizem que ele foi dado ao Rei de Khazad-dûm, Durin III, pelos próprios ferreiros élficos, e não por Sauron, embora sem dúvida o poder maligno deste estivesse no Anel, já que ele ajudara na forja de todos os Sete. Mas os possuidores do Anel não o exibiam nem comentavam sobre ele, e raramente o entregavam antes de estarem ás portas da morte, de modo que os outros não sabiam ao certo onde estava guardado. Alguns pensavam que tinha ficado em Khazad-dûm, nas tumbas secretas dos reis, se é que estas não tivessem sido descobertas e saqueadas, mas entre o povo do Herdeiro de Durin acreditava-se (erroneamente) que Thror o estava usando quando retornou temerariamente para lá.
O que então teria acontecido a ele não sabiam. O Anel não foi encontrado junto ao corpo de Azog.
Não obstante, pode muito bem ser, como acreditam atualmente os anões, que Sauron, por suas artes, tenha descoberto quem estava com o Anel, o último a continuar livre, e que os estranhos infortúnios sofridos pelos herdeiros de Durin se tenham devido em grande parte á malícia dele. Pois os anões se revelaram indomáveis através desse meio. O único poder que o Anel tinha sobre eles era o de inflamar seus corações com uma avidez por ouro e objetos preciosos, de modo que, se eles não tivessem essas coisas, achavam que todas as outras não traziam lucro algum, e eles se enchiam de ira e de desejo de vingança contra todos os que os privavam de tais coisas.
Mas, desde o início, os anões eram feitos de uma fibra que os fazia resistir firmemente a qualquer dominação. Embora pudessem ser mortos ou destruídos, não podiam ser reduzidos a sombras escravizadas por outra vontade, e pelo mesmo motivo suas vidas não eram afetadas por qualquer Anel, não sendo prolongadas ou encurtadas por causa dele. Isso fazia com que Sauron odiasse ainda mais os seus possuidores, e desejasse despojá-los.
Portanto, foi talvez em parte pela malícia do Anel que Thrain, depois de alguns anos, foi ficando inquieto e insatisfeito. O desejo de ouro não saia de sua cabeça. Por fim, quando não conseguia mais contê-lo, voltou sua mente para Erebor, e decidiu retornar para lá. Não mencionou a Thorin nada do que estava em seu coração, mas com Balin e Dwalin e alguns outros levantou-se, disse adeus e partiu.
Pouco se sabe do que se passou com ele depois. Agora parece possível que, assim que se distanciou com poucos companheiros, ele foi perseguido pelos emissários de Sauron. Lobos o caçaram, orcs prepararam-lhe emboscadas, pássaros malignos encheram suas trilhas de sombras, e, quanto mais ele avançava a duras penas para o Norte, mais numerosos eram os infortúnios que se lhe opunham. Chegou uma noite escura na qual ele e seus companheiros vagaram na região além do Anduin, foram forçados a se abrigar nas fronteiras da Floresta das Trevas devido a uma chuva negra. Pela manhã Thrain não foi encontrado no acampamento, e seus companheiros o chamaram em vão. Procuraram-no por muitos dias, até que por fim, sem mais esperanças, partiram ao encontro de Thorin. Só depois de muito tempo se soube que Thrain fora capturado e levado para os poços de Dol Guldur. Ali foi torturado e o Anel lhe foi tomado. E lá acabou por morrer.
Assim Thorin Escudo de Carvalho tornou-se o Herdeiro de Durin, mas um herdeiro sem esperança. Quando Thrain desapareceu, ele tinha noventa e cinco anos, e era um grande anão de porte altivo, mas parecia satisfeito em permanecer em Eriador. Ali trabalhou e negociou por muito tempo, ganhando toda a riqueza possível, seu povo aumentou devido á chegada de muita gente errante do Povo de Durin que ouvia falar de sua morada no Oeste e vinha até ele. Agora tinham belos palácios nas montanhas, e estoques de mercadorias, e seus dias não pareciam tão difíceis, embora suas canções sempre mencionassem a distante Montanha Solitária.
Os anos se alongaram.
As cinzas no coração de Thorin se aqueceram de novo enquanto ele pensava nas iniquidades sofridas por sua Casa e na herança que recebera: a tarefa de vingar-se do Dragão. Pensava em armas e exércitos e alianças, enquanto seu grande martelo ressoava na forja, mas os exércitos estavam dispersos e as alianças rompidas e os machados de seu povo eram poucos, e um enorme ódio sem esperança queimava em seu coração enquanto ele malhava o ferro vermelho na bigorna.
Mas por fim ocorreu um encontro casual entre Thorin e Gandalf que mudou toda a sorte da Casa de Durin, além de conduzir a fins outros e mais importantes.
Uma vez[10], Thorin retornava para o Oeste de uma viagem, quando passou uma noite em Bri. Ali também estava Gandalf. Ia para o Condado, lugar que não visitara já havia vinte anos. Sentia-se cansado, e desejava repousar ali por um tempo. No meio de muitas preocupações, sua mente se concentrava no estado perigoso do Norte, pois ele já sabia na época que Sauron estava planejando uma guerra e pretendia, assim que se sentisse forte o suficiente, atacar Valfenda. Mas agora, para opor resistência contra qualquer tentativa do Leste de reconquistar as terras de Angmar e as passagens do Norte nas montanhas, só havia os anões das Colinas de Ferro. E além destas ficava a desolação do Dragão. Sauron poderia utilizar-se do Dragão com um efeito terrível. Como então seria possível destruir Smaug?
Foi no momento em que Gandalf estava sentado ponderando sobre essas coisas que Thorin parou diante dele e disse:
— Mestre Gandalf, conheço-o apenas de vista, mas agora ficaria feliz em conversar com você. Pois ultimamente tenho pensado em você com frequência, como se me fosse ordenado que o procurasse. De fato teria feito isso, se soubesse onde encontrá-lo.
Gandalf olhou para ele surpreso.
— Isso é estranho, Thorin Escudo de Carvalho — disse ele — Pois também estive pensando em você, e, embora esteja a caminho do Condado, tinha em mente que este também é o caminho para os seus palácios.
— Chame-os assim, se desejar — disse Thorin — São apenas pobres acomodações no exílio. Mas você seria bem-vindo lá, se quisesse nos visitar. Pois dizem que você é sábio e conhece melhor do que qualquer um o que acontece no mundo, há muitas coisas que me preocupam e ficaria feliz em me aconselhar com você.
— Eu irei — disse Gandalf — Pois desconfio que temos pelo menos um problema em comum. O Dragão de Erebor me preocupa, e não acho que será esquecido pelo neto de Thror.
Conta-se em outro lugar sobre as consequências desse encontro: sobre o estranho plano feito por Gandalf para ajudar Thorin, e sobre como Thorin e seus companheiros partiram do Condado em busca da Montanha Solitária, o que resultou em grandes feitos imprevistos. Aqui são relembradas apenas as coisas que se referem diretamente ao Povo de Durin.
O Dragão foi morto por Bard, de Esgaroth, mas houve uma batalha em Valle. Pois os orcs atacaram Erebor assim que ficaram sabendo do retorno dos anões, e eram liderados por Bolg, filho daquele Azog que Dain matara em sua juventude. Naquela primeira batalha de Valle, Thorin Escudo de Carvalho foi mortalmente ferido, morreu e foi enterrado num túmulo sob a Montanha, com a Pedra Arken sobre o peito. Ali também caíram Fili e Kili, os filhos de sua irmã.
Mas Dain Pé-de-Ferro, seu primo, que viera das Colinas de Ferro em seu auxilio e que também era seu herdeiro por direito, tornou-se o Rei Dain II, e o Reino Sob a Montanha foi restaurado, exatamente como Gandalf desejava.
Dain mostrou ser um grande e sábio rei, e os anões prosperaram e se fortaleceram outra vez em sua época.
No fim do verão do mesmo ano (2941), Gandalf conseguira por fim convencer Saruman e o Conselho Branco a atacarem Dol Guldur, e Sauron se retirou, indo para Mordor, onde poderia estar a salvo, segundo pensava, de todos os seus inimigos. Foi assim que, quando a Guerra por fim chegou, o principal ataque foi dirigido para o Sul, mas mesmo assim, com sua mão direita estendida, Sauron poderia ter feito grande mal ao Norte, se o Rei Dain e o Rei Bard não lhe tivessem impedido o caminho.
Foi isso o que Gandalf disse a Frodo e Gimli, quando ficaram morando por um tempo em Minas Tirith. Não fazia muito tempo que tinham chegado a Gondor notícias de eventos distantes.
— Senti pela morte de Thorin — disse Gandalf — E agora ficamos sabendo que Dain morreu, lutando em Valle mais uma vez, ao mesmo tempo em que lutávamos aqui. Consideraria esta uma enorme perda, se não fosse um grande prodígio o fato de que, em sua idade avançada, ele ainda conseguisse brandir seu machado com a força com que dizem que o fez, de pé sobre o corpo do Rei Brand diante do Portão de Erebor até o cair da escuridão. Mas, apesar disso, as coisas poderiam ter sido muito diferentes, e muito piores. Quando vocês pensam na grande Batalha do Pelennor, não devem se esquecer das batalhas de Valle e da coragem do Povo de Durin. Pensem no que poderia ter acontecido. Fogo de Dragão e espadas cruéis em Eriador, noite em Valfenda. Poderia não haver rainha em Gondor. Poderíamos agora ter esperanças de retornar da vitória para encontrar apenas cinzas e ruínas. Mas isso foi evitado, porque eu encontrei Thorin Escudo de Carvalho certa noite no início da primavera em Bri. Um encontro casual, como se diz na Terra-Média.
Dis era filha de Thrain II. É a única mulher-anã mencionada nessas histórias.
Gimli contou que há poucas anãs, provavelmente não mais que um terço de todo o povo. Raramente elas deixam seus lares, a não ser que haja grande necessidade. São tão semelhantes aos anões na voz e na aparência, e nas roupas que usam quando precisam viajar, que olhos e ouvidos dos outros povos não conseguem distingui-los. Isso deu origem entre os homens á tola crença de que não há anãs, e os anões “nascem da pedra”.
A Linhagem dos anões de Erebor, como foi desenhada por Gimli, filho de Gloin, para o Rei Elessar.
1999 Fundação de Erebor.
2589 Dain I morto por um dragão.
2590 Retorno a Erebor.
2770 Erebor saqueada.
2790 Assassinato de Thror.
2790-3 Concentração dos Anões.
2793-9 Guerra entre anões e orcs.
2709 Batalha de Nanduhirion.
2841 Thrain parte sem destino.
2850 Morte de Thrain e perda de seu Anel.
2941 Batalha dos Cinco Exércitos e morte de Thorin II.
2898 Balin vai para Moria.
Os nomes daqueles que foram considerados reis do Povo de Durin, no exílio ou não, estão marcados deste modo. Dos outros companheiros de Thorin Escudo de Carvalho na tomada para Erebor, Ori, Nori e Dori também eram da Casa de Durin, e parentes mais remotos de Thorin. Bifur, Bofur e Bombur descendiam dos anões de Moria mas não eram da linhagem de Durin.
É por causa do reduzido número de mulheres entre eles que a espécie dos anões se multiplica lentamente, e fica ameaçada quando eles não têm uma moradia segura. Pois os anões só se casam uma vez na vida, e são ciumentos, como em todos os seus direitos. O número de anões-varões que se casam é na verdade menos de um terço. Pois nem todas as mulheres se casam: algumas não desejam maridos, outras desejam algum que não podem conseguir e, portanto não aceitam outro. Quanto aos homens, muitos também não desejam o casamento, concentrando-se em seus ofícios.
Gimli, filho de Gloin, é famoso, pois foi um dos Nove Caminhantes que partiram com o Anel, e ficou na companhia do Rei Elessar durante toda a Guerra. Foi chamado de Amigo-dos-Elfos devido ao grande amor nascido entre ele e Legolas, filho do Rei Thranduil, e por causa de sua reverência pela Senhora Galadriel. Depois da queda de Sauron, Gimli trouxe para o Sul uma parte do povo dos anões de Erebor, e tornou-se Senhor das Cavernas Cintilantes. Ele e seu povo realizaram grandes trabalhos em Gondor e em Rohan. Para Minas Tirith forjaram portões de mithril e aço, substituindo aqueles que foram destruídos pelo Rei dos Bruxos.
Legolas, seu amigo, também trouxe para o Sul alguns elfos da Floresta Verde, e eles moraram em Ithilien, que se tornou outra vez o lugar mais belo de todas as Terras do Oeste.
Mas, quando o Rei Elessar entregou sua vida, Legolas seguiu por fim o desejo de seu coração, e navegou atravessando o Mar.
Segue-se aqui uma das últimas notas do Livro Vermelho
Ouvimos dizer que Legolas levou consigo Gimli, filho de Gloin, por causa de sua grande amizade, maior do que qualquer uma que já houve entre um elfo e um anão. Se isto for verdade, então é realmente estranho: que um anão estivesse disposto a deixar a Terra-Média por qualquer amor, e que os eldar o recebessem, ou que os Senhores do Oeste permitissem tal coisa. Mas conta-se que Gimli partiu também movido pelo desejo de rever a beleza de Galadriel, pode ser que ela, sendo poderosa entre os eldar, tenha conseguido tal graça para ele.
Não se pode dizer mais nada sobre esse assunto.
Frase Curiosa: Conjugando o verbo Facebook: Eu posto, Tu comentas, Ele curte, Nós compartilhamos, Vós publicais, Eles riem, Ninguém trabalha.
Frase Curiosa: Errar é humano. Colocar a culpa em alguém é estratégico.
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