terça-feira, 15 de novembro de 2011

A FANTÁSTICA FÁBRICA DE CHOCOLATE - capítulo 2



2
A FÁBRICA DO SR. WILLY WONKA


A noite, depois de tomar sua sopa rala de repolho, Charlie sempre ia para o quarto dos quatro avós para ouvir suas histórias, e depois dizer boa-noite.
Os velhinhos tinham todos mais de noventa anos. Eram enrugados como uvas passas, magros como esqueletos. O dia inteiro, até Charlie aparecer, ficavam amontoados naquela cama, dois de um lado, dois de outro. Sempre com toucas de dormir, para esquentar a cabeça, ficavam o tempo todo cochilando, sem ter nada para fazer. Mas, assim que ouviam a porta abrir e escutavam Charlie dizer “Boa noite Vovô José, Vovó Josefina, Vovô Jorge e Vovó Jorgina”, os quatro de repente se sentavam, iluminavam os rostos enrugados com sorrisos de alegria — e a conversa começava. Eles adoravam aquele menino. Era a única alegria da vida deles, e passavam o dia esperando a hora daquelas visitas. Muitas vezes o pai e a mãe de Charlie também entravam e ficavam encostados na porta, escutando as histórias que os velhos contavam. Assim, todas as noites, por cerca de meia hora, aquele quarto se tornava um lugar feliz, e a família inteira esquecia a fome e a pobreza.
Certa noite, ao visitar os avós, Charlie perguntou:
— É verdade que a fábrica de chocolate Wonka é a maior do mundo?
Verdade? — gritaram os quatro de uma vez — Claro que é verdade! Ora, você não sabia? É umas cinqüenta vezes maior do que qualquer outra!
— E o Sr. Wonka é mesmo o fabricante de chocolates mais esperto e inteligente do mundo?
— Meu querido — disse Vovô José, erguendo-se no travesseiro — o Sr. Wonka é o fabricante de chocolate mais surpreendente, mais fantástico e mais extraordinário que o mundo jamais viu! Todos sabem disso!
— Eu sabia que ele era famoso, e eu sabia que ele era inteligente...
Inteligente! — exclamou o velhinho — Ele é muito mais que isso! É o mago do chocolate! Ele pode fazer qualquer coisa, qualquer coisa que imaginar. Não é verdade, minha gente?
Os outros três velhinhos balançaram a cabeça devagarinho, para cima e para baixo, e responderam: — Verdade absoluta! A maior verdade do mundo.
E Vovô José disse:
— Será que eu nunca lhe contei nada sobre o Sr. Wonka e a fábrica de chocolate?
— Nadinha — respondeu o pequeno Charlie.
— Ora bolas! Como fui deixar acontecer uma coisa dessas?
— Então conte agora, Vovô José! Por favor!
— Claro! Sente-se aqui na cama, meu filho, e preste atenção.
Vovô José era o mais velho dos quatro avós. Tinha noventa e seis anos, e não é todo mundo que consegue ficar tão velho. Como todas as pessoas muito velhas, ele era delicado, frágil e falava bem pouquinho durante o dia. Mas à noite, quando Charlie, seu neto adorado, estava no quarto, era como se ele voltasse a ser jovem. Todo o cansaço ia embora, e ele se tornava esperto e animado como um garoto.
— Puxa, que homem maravilhoso esse Willy Wonka! — exclamou Vovô José — Você sabia, por exemplo, que ele mesmo inventou mais de duzentos tipos de tabletes de chocolate, cada um com um recheio diferente, todos eles mais doces, cremosos e deliciosos do que os produzidos pelas outras fábricas de chocolate?!
— É verdade mesmo! — exclamou Vovó Josefina — E ele os manda para os quatro cantos do mundo! Não é mesmo, Vovô José?
— É, querida, é isso mesmo! E para todos os reis e presidentes do mundo também. Mas ele não fabrica só tabletes de chocolate. Não, minha gente, não! O Sr. Wonka tem invenções realmente fantásticas escondidas na manga, ah, se tem! Você sabia que ele inventou um sorvete de chocolate que continua gelado por horas e horas fora da geladeira? Pode até ficar no sol quente uma manhã inteira sem derreter!
— Mas isso é impossível! — disse Charlie, com os olhos estatelados.
— Claro que é impossível! — disse Vovô José — É completamente absurdo! Mas o Sr. Willy Wonka fez isso!
— Certíssimo — concordaram todos, balançando a cabeça — O Sr. Wonka realmente fez isso.
— E tem mais — o Vovô José continuou falando, bem devagarinho para Charlie não perder nem uma palavra — o Sr. Willy Wonka faz maria-mole com gosto de violeta, e caramelos que mudam de cor a cada dez segundos enquanto você chupa, e docinhos leves como plumas que se derretem deliciosamente assim que você os põe na boca. Faz chicletes que nunca perdem o gosto, balões de açúcar que você pode soprar até ficarem imensos, e depois espetá-los com um alfinete e chupá-los como balas. Por um método super-secreto, ele faz lindos ovos de passarinho azuis com pintinhas pretas, e quando você põe um deles na boca ele vai diminuindo, diminuindo, até se transformar num minúsculo bebê passarinho cor-de-rosa, pousado na ponta da sua língua.
Vovô José fez uma pausa e passou a língua nos lábios.
— Só de pensar, minha boca se enche de água — ele disse.
— A minha também — disse Charlie — Mas continue, por favor.
Enquanto eles falavam, o Sr. e a Sra. Bucket, o pai e a mãe de Charlie, entraram devagarinho no quarto, e ficaram perto da porta, escutando.
— Conte a história daquele príncipe indiano maluco — disse Vovó Josefina — O Charlie vai gostar.
— O Príncipe Pondicherry? — perguntou Vovô José, caindo na gargalhada.
Completamente maluco! — disse Vovô Jorge.
— Mas muito rico — disse Vovó Jorgina.
— O que é que ele fez? — perguntou Charlie, aflito.
— Pois eu vou contar — disse Vovô José.







continua...









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Frase CuriosaErrar é humano. Colocar a culpa em alguém é estratégico.

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