domingo, 27 de novembro de 2011

A FANTÁSTICA FÁBRICA DE CHOCOLATE - capítulo 14





14
O SR. WILLY WONKA


O Sr. Wonka estava ali, sozinho, do lado de dentro dos portões abertos da fábrica. Era um homenzinho incrível!
Na cabeça, uma cartola preta.
Estava com um belo fraque de veludo cor de ameixa.
Suas calças eram verde-garrafa.
Suas luvas eram cinza-pérola.
E, numa das mãos, segurava uma bengala com castão de ouro.
Cobrindo o queixo, tinha uma barbicha preta e pontuda — um cavanhaque. Seus olhos — seus olhos eram incrivelmente brilhantes. Pareciam estar o tempo todo faiscando e cintilando para as pessoas. De fato, todo o rosto dele era iluminado de alegria e felicidade.
E como parecia esperto! Era rápido, decidido e cheio de vida! Começou a fazer movimentos rápidos com a cabeça, balançando-a de um lado para outro, observando tudo com aqueles olhinhos brilhantes. Com aqueles movimentos rápidos parecia um esquilo, um daqueles velhos esquilos ágeis e espertos do parque.
De repente, deu uma dançadinha na neve, abriu os braços num gesto amplo, sorriu para as cinco crianças que estavam apinhadas perto dos portões, e chamou:
— Bem-vindos, meus amiguinhos! Bem-vindos à fábrica!
Sua voz era alta e soava como uma flauta.
— Por favor, entrem um de cada vez — convidou ele — Tragam seus pais. Mostrem-me seus Cupons Dourados e digam-me seus nomes. Quem vai ser o primeiro?
O menino gorducho deu um passo à frente.
— Sou Augusto Glupe — ele disse.
— Augusto! — cumprimentou o Sr. Wonka, sacudindo a mão do menino para cima e para baixo com uma força incrível — Meu garoto, que prazer em ver você! Encantado! Fascinado! Muito feliz por ter você conosco! E esses são seus pais? Que bom! Entrem! Entrem! Isso mesmo! Atravessem os portões!
Via-se que o Sr. Wonka estava tão entusiasmado quanto todas as outras pessoas.
— Meu nome é Veroca Sal — apresentou-se a outra garota.
— Minha querida Veroca! Como vai você? Que prazer! Você tem um nome muito interessante, não é? Sempre pensei que Veroca fosse uma espécie de verruga que nasce na sola do pé! Mas acho que eu estava enganado, não é verdade? Que gracinha você está com esse casaco de vison! Estou muito feliz por você ter vindo! Meus queridos, hoje vai ser mesmo um dia emocionante! Espero que vocês se divirtam! Tenho certeza disso! Sei disso! Seu pai? Como vai o senhor, Sr. Sal? E a Sra. Sal? Encantado em vê-los aqui! Certo, o cupom está em ordem! Por favor, entrem!
As duas outras crianças, Violeta Chataclete e Miguel Tevel se apresentaram para mostrar seus cupons e quase tiveram o braço arrancado do ombro pelo cumprimento animado do Sr. Wonka.
E, por último, uma vozinha nervosa sussurrou:
— Charlie Bucket.
— Charlie! — exclamou o Sr. Wonka. — Muito bem, muito bem, ótimo! Então, aqui está você! Você é o garoto que achou o cupom ontem, não é? Isso mesmo, isso mesmo! Li tudo nos jornais hoje de manhã! Em cima da hora, meu garoto! Estou muito feliz! Muito contente por você! E este? Seu avô? Encantado em conhecê-lo, senhor! Felicíssimo! Extasiado! Maravilhado! Tudo certo! Excelente! Todos aqui? Cinco crianças? Sim! Muito bem! Agora, por favor, venham comigo! Nossa visita começa agora! Mantenham-se juntos! Por favor não se dispersem! Não gostaria de perder ninguém nesta altura dos acontecimentos! Ah, não, não mesmo!
Charlie deu uma olhada para trás, por cima dos ombros, e viu os portões de ferro da entrada se fechando devagarinho. Lá fora, a multidão continuava empurrando e gritando. Depois daquela última olhada de Charlie, os portões bateram, impedindo qualquer visão sobre o mundo lá de fora.
— Cá estamos! — exclamou o Sr. Wonka, trotando à frente do grupo — Por essa porta vermelha, por favor! Isso! Aqui dentro está gostoso e quentinho! Tenho que manter a fábrica aquecida por causa dos empregados! Meus empregados estão acostumados a um clima bem quente! Eles não suportam frio! Se saíssem com esse frio, morreriam congelados!
— Mas quem são esses empregados? — perguntou Augusto Glupe.
— Tudo na sua hora, meu querido — disse o Sr. Wonka, sorrindo para Augusto — Seja paciente! Você vai ver tudo conforme formos andando pela fábrica! Estão todos aqui? Bom! Você se importaria de fechar a porta? Obrigado!
Charlie Bucket viu-se num corredor enorme, que avançava à sua frente até onde era capaz de enxergar. O corredor era tão largo, que daria para andar de carro por ele. As paredes eram cor-de-rosa claro e as luzes eram difusas e agradáveis.
— Que gostoso, tão quentinho! — cochichou Charlie.
— É mesmo. E que cheirinho delicioso! — respondeu Vovô José, respirando fundo. Todos os cheiros mais maravilhosos do mundo pareciam se misturar no ar ao redor deles — o cheirinho de café torrado, de açúcar queimado, de chocolate derretido, de menta, de violetas, de avelã, de flor de maçã, de caramelo, de casquinha de limão...
E, lá de longe, bem do fundo da fábrica fantástica, vinha um ronco abafado de energia, como se uma máquina monstruosa e gigantesca estivesse girando suas rodas numa velocidade espantosa.
Este, minhas queridas crianças — disse o Sr. Wonka, elevando a voz além do barulho — este é o corredor principal. Por favor pendurem seus casacos e chapéus naqueles cabides ali, e sigam-me. Por aqui! Ótimo! Todos prontos? Então venham! Lá vamos nós!
Ele saltitava pelo corredor, e a cauda do fraque de veludo cor de ameixa ia balançando atrás dele. Os visitantes iam correndo atrás dele.
Pensando bem, era um belo grupo. Havia nove adultos e cinco crianças, quatorze ao todo. Dá para imaginar a quantidade de empurrões e esbarrões pelo caminho, todos tentando acompanhar aquela figurinha veloz à frente deles.
— Venham — chamava o Sr. Wonka — mexam-se, por favor! Nunca vamos conseguir dar a volta inteira se vocês continuarem nessa moleza!
Logo ele virou à direita, entrando num corredor mais estreito.
Depois, virou à esquerda.
Depois de novo à esquerda.
Depois à direita.
Depois à esquerda.
Depois à direita.
Depois à direita.
Depois à esquerda.
Parecia um gigantesco labirinto de coelhos, com corredores saindo por todos os lados.


— Não largue minha mão, Charlie — sussurrou Vovô José.
— Observem como todos esses corredores se inclinam para baixo! — mostrou o Sr. Wonka — Agora estamos indo para debaixo da terra! Todas as salas mais importantes da minha fábrica ficam muito abaixo da superfície.
— Por que isso? — alguém perguntou.
— Não haveria espaço suficiente para tudo na superfície — respondeu o Sr. Wonka — As salas que vamos ver agora são enormes! São maiores que campos de futebol! Não há prédio no mundo onde elas caibam todas! Mas aqui, no subsolo, tenho todo o espaço que quero. Não há limites, é só cavar!
O Sr. Wonka virou à direita.
E virou à esquerda.
E virou à direita de novo.
Os corredores desciam cada vez mais.
Então, de repente, o Sr. Wonka parou na frente de uma porta de metal brilhante. As pessoas se amontoaram em volta dele. Na porta estava escrito, com letras enormes:






 continua...








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