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OS
TRABALHADORES MISTERIOSOS
Na noite seguinte, Vovô José continuou sua
história.
— Ouça Charlie, não faz muito tempo havia
milhares de trabalhadores na fábrica do Sr. Willy Wonka. Certo dia, de repente,
o Sr. Wonka pediu para todos irem embora para casa, e nunca mais
aparecerem.
— Por quê? — perguntou Charlie.
— Por causa dos espiões.
— Espiões?
— Pois é. Todos os outros fabricantes de
chocolate começaram a ficar com inveja dos doces maravilhosos que o Sr. Wonka
fazia, e começaram a mandar espiões para roubar o segredo das receitas. Os
espiões pediam emprego na fábrica, fingindo-se de trabalhadores. Lá dentro,
cada um se encarregava de descobrir a receita de uma coisa.
— E depois voltavam para suas fábricas e contavam
o que tinham visto? — perguntou Charlie.
— Provavelmente — respondeu Vovô José — porque
logo a fábrica Melagruder começou a fabricar sorvetes que não derretiam mesmo
debaixo do sol quente. A fábrica do Sr. Naribick começou a fazer chicletes que
não perdiam o sabor depois de mascados. E a fábrica do Sr. Lesmarmoth começou a
fazer balões de açúcar que a gente enchia e depois estourava com um alfinete,
para chupar. E houve muitos outros casos como esses... O Sr. Wonka arrancava os
cabelos e gritava: “Isso é terrível! Eles vão me arruinar! Há espiões por todo
lado! Vou ter que fechar a fábrica!”.
— Mas não fechou — disse Charlie.
— Fechou sim. Reuniu todos os empregados,
disse que sentia muito, mas que eles teriam que ir embora. Aí, acorrentou os
portões e, de uma hora para outra, a fantástica fábrica de chocolate do Sr.
Wonka ficou silenciosa e deserta. As chaminés pararam de soltar fumaça, as
máquinas pararam de chiar. Nenhum chocolate, nenhum doce mais foi produzido.
Ninguém mais entrava e nem saía. Até o Sr. Willy Wonka sumiu.
E o Vovô José continuou:
— Meses e meses se passaram e a fábrica
permanecia fechada. Todo mundo dizia: “Coitado do Sr. Wonka. Era tão bom, fazia
coisas tão maravilhosas! Agora, está tudo acabado”. Então aconteceu uma coisa
surpreendente. Certo dia, bem cedinho, nuvens de fumaça voltaram a sair das
chaminés da fábrica! A cidade parou para olhar. “O que está acontecendo?”,
perguntavam todos, com espanto. “Alguém acendeu as fornalhas! A fábrica está
funcionando de novo”. Correram para os portões, para ver o Sr. Wonka dar boas-vindas
aos empregados que voltavam para o trabalho. Mas os portões continuavam
trancados, acorrentados como antes, e ninguém conseguiu ver o Sr. Wonka. “Mas a
fábrica está funcionando”, as pessoas gritavam. “Escutem! Ouçam o barulho das
máquinas! Estão chiando novamente! Sintam o cheiro do chocolate derretido!”.
Vovô José se ajeitou, apoiou os dedos magros nos
joelhos de Charlie e murmurou:
— Mas o maior mistério de todos são as sombras
que aparecem nas janelas da fábrica. Da rua, dá para ver pequenas sombras
escuras se mexendo por trás das vidraças.
— Sombras de quem? — perguntou Charlie, ansioso.
— É exatamente isso que todo mundo gostaria de
saber. Todos exclamavam: “Está cheio de gente trabalhando, mas ninguém entra e
ninguém sai! Os portões estão trancados! É uma loucura!” Não havia dúvida de
que a fábrica estava funcionando. E continua funcionando até hoje, já há
dez anos. E tem mais: os chocolates e doces estão cada vez mais fantásticos e
deliciosos. E é claro que agora, quando o Sr. Wonka inventa algum doce
maravilhoso, nem o Sr. Melagruder, nem o Sr. Naribick, nem o Sr. Lesmarmoth,
nem ninguém é capaz de copiar. Os espiões já não podem entrar na fábrica para
descobrir as receitas.
— Mas, Vovô, quem — exclamou Charlie — quem
é que o Sr. Wonka está usando para fazer todo o trabalho?
— Ninguém sabe, Charlie.
— Mas isso é um absurdo! Será que ninguém
perguntou para o Sr. Wonka?
— Ele nunca mais foi visto. Ele nunca sai. A
única coisa que sai daquele lugar são os chocolates e os doces. Saem através de
uma espécie de alçapão, todos embrulhados, etiquetados, e são recolhidos
diariamente pelos caminhões do correio.
— Mas, Vovô, que tipo de gente trabalha
lá?
— Garoto — disse Vovô José — esse é um dos
grandes mistérios do mundo do chocolate. Só se sabe uma coisa: é gente muito
pequena. As sombras que aparecem por trás das janelas, especialmente à noite,
quando as luzes estão acesas, são de pessoinhas minúsculas, que chegam no
máximo até meus joelhos.
— Não existe gente assim — disse Charlie.
Naquele instante, o Sr. Bucket entrou no quarto.
Estava chegando da fábrica de pasta de dentes, sacudindo o jornal alegremente.
— Souberam da última? — ele gritou.
Levantou o jornal para todos lerem a manchete:
FINALMENTE
A FÁBRICA
WONKA SERÁ
ABERTA PARA
ALGUNS
FELIZARDOS
Frase Curiosa: Conjugando o verbo Facebook: Eu posto, Tu comentas, Ele curte, Nós compartilhamos, Vós publicais, Eles riem, Ninguém trabalha.
Frase Curiosa: Errar é humano. Colocar a culpa em alguém é estratégico.
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