quarta-feira, 30 de novembro de 2011

A FANTÁSTICA FÁBRICA DE CHOCOLATE - capítulo 17





17
AUGUSTO GLUPE ENTRA PELO CANO


Quando o Sr. Wonka virou e viu o que Augusto Glupe estava fazendo, ele gritou:
— Não, por favor, Augusto, Por favor! Não faça isso. Meu chocolate não pode ser tocado por mãos humanas!
— Augusto! — chamou a Sra. Glupe — Você não ouviu o que o Sr. Wonka disse? Saia de perto desse rio de uma vez por todas!
— Isso é bom demais! — disse Augusto, não ligando a mínima para a mãe e o Sr. Wonka — Nossa, preciso de um balde para beber isso direito!
— Augusto — gritou o Sr. Wonka, pulando muito e sacudindo a bengala no ar — Você tem que sair daí. Você está sujando meu chocolate!
— Augusto! — gritou a Sra. Glupe.
— Augusto! — gritou o Sr. Glupe.
Mas Augusto só ouvia a voz do seu enorme estômago. Estava estendido na grama, debruçado por cima do rio, lambendo o chocolate como se fosse um cachorro.
— Augusto! — berrou a Sra. Glupe — Você está passando esse seu resfriado para milhões de pessoas, no país inteiro.
— Cuidado, Augusto! — gritou o Sr. Glupe — Você está se debruçando demais!
O Sr. Glupe tinha razão. Na mesma hora escutaram um guincho, depois um ploft, e lá se foi Augusto Glupe para dentro do rio, e em um segundo tinha afundado no chocolate.
— Salvem o meu filho! — gritava a Sra. Glupe, pálida, sacudindo o guarda-chuva — Ele vai se afogar! Ele não sabe nadar nem meio metro! Salvem o meu filho!
— Ora, mulher — disse o Sr. Glupe — Eu é que não vou mergulhar lá no meio. Estou com meu melhor terno!
O rosto de Augusto Glupe apareceu de novo na superfície, todo manchado de chocolate.
— Socorro! Socorro! Socorro! — gritava — Venham me buscar!
— Não fique aí parado! — a Sra. Glupe gritava para o marido — Faça alguma coisa!
— Eu estou fazendo alguma coisa — disse o Sr. Glupe tirando o paletó preparando-se para mergulhar no chocolate. Mas, enquanto isso, o coitado do menino foi sendo sugado para perto da boca de um dos imensos canos suspensos sobre o rio. Então, de repente, Augusto foi sugado pela boca do cano.
As pessoas na margem do rio esperavam, com a respiração presa, para ver onde ele ia sair.
Lá vai ele! — alguém gritou, apontando para cima.
Como o cano era feito de vidro, todo mundo via o Augusto Glupe subindo como um torpedo
— Socorro! Assassino! Polícia! — gritava a Sra. Glupe — Augusto, volte, volte! Onde você vai?



— É surpreendente — disse o Sr. Glupe — Como esse cano é enorme! Até o Augusto cabe nele!
— Mas não é o suficiente! — disse Charlie Bucket — Meu Deus, veja! Ele está parando!
— É mesmo! — disse o Vovô José.
— Ele vai ficar entalado! — disse Charlie.
— Acho que vai mesmo! — disse Vovô José!
— Meu Deus, ele entalou! — disse Charlie.
— É por causa da barriga — disse o Sr. Glupe.
— Ele está bloqueando o cano! — disse Vovô José.
— Quebrem o cano! — gritava a Sra. Glupe, ainda sacudindo o guarda-chuva no ar — Augusto, saia já daí!
Quem olhava de baixo podia ver o chocolate batendo por todos os lados do menino, se acumulando por baixo dele, formando uma massa grossa, empurrando-o com força. A pressão era terrível. Alguma coisa tinha que acontecer. Alguma coisa tinha que ceder, e quem cedeu foi Augusto. VUUF! Lançado de novo para o alto, como uma bala de canhão!
— Ele sumiu! — gritou a Sra. Glupe — Para onde vai esse cano? Depressa! Chamem os bombeiros!
— Calma, calma! — exclamou o Sr. Wonka — Fique calma, minha senhora, fique calma. Não tem perigo nenhum! Augusto foi fazer uma viagenzinha, só isso. Uma viagenzinha muito interessante. Mas vai voltar dela muito bem, esperem e verão!
— Como é possível que ele consiga se sair bem! — vociferou a Sra. Glupe — Ele vai se transformar em musse em menos de cinco segundos!
— Impossível! — exclamou o Sr. Wonka — Impensável! Inconcebível! Absurdo! Ele jamais será transformado em musse!
— E posso saber por quê? — gritou a Sra. Glupe.
— Porque aquele cano não passa nem perto das musses! O cano onde Augusto entrou vai dar direto na sala onde eu faço o mais delicioso tipo de cobertura de chocolate sabor morango...
— Então ele vai ser transformado em cobertura de chocolate sabor morango! — gritou a Sra. Glupe — Coitadinho do meu Augusto! Amanhã ele vai estar sendo servido aos quilos pelo país inteiro!
— Isso mesmo — disse o Sr. Glupe.
— Eu sei que é isso mesmo — disse a Sra. Glupe.
— Não é brincadeira — disse o Sr. Glupe.
— Parece que o Sr. Wonka não pensa assim! —  gritou a Sra. Glupe — Olhe só para ele! Está se sacudindo de tanto rir! Como alguém ousa rir dessa maneira enquanto meu filhinho está correndo perigo no meio desses canos! Monstro! — ela guinchou, apontando o guarda-chuva para o Sr. Wonka e correndo na direção dele.
— O senhor acha engraçado, não é? Acha que o fato de meu filho ter sido sugado para a sala de cobertura de chocolate é uma grande, uma enorme piada, não é mesmo?
— Ele vai sair são e salvo — disse o Sr. Wonka, dando uma risadinha.
— Ele vai virar cobertura de chocolate! — berrou a Sra. Glupe.
— Nunca! — exclamou o Sr. Wonka.
— E por que não? — berrou a Sra. Glupe.
— Porque teria um gosto horrível — disse o Sr. Wonka — Pense bem. Cobertura de chocolate sabor Augusto Glupe! Ninguém compraria!
— Claro que compraria! — exclamou o Sr. Glupe, indignado.
— Não quero nem pensar nisso! — berrou a Sra. Glupe.
— Nem eu — disse o Sr. Wonka — E eu juro, minha senhora, que seu filho querido sairá são e salvo.
— Se ele está tão bem, então onde ele está? — perguntou o Sr. Glupe — Leve-me até ele agora mesmo!
O Sr. Wonka deu uma volta e estalou os dedos três vezes, clep, clep, clep. Imediatamente um umpa-lumpa apareceu ao lado dele, ninguém sabe de onde. O umpa-lumpa fez uma reverência e sorriu, mostrando seus dentes lindos, branquinhos. Sua pele era cor-de-rosa clara, seus cabelos castanhos dourados e sua cabeça chegava bem na altura dos joelhos do Sr. Wonka. Usava uma pele de veado sobre os ombros.
— Agora, escute — disse o Sr. Wonka, olhando para baixo, para o minúsculo homenzinho — Quero que você leve o Sr. e a Sra. Glupe para a sala de cobertura de chocolate e os ajude a achar seu filho, Augusto, que acabou de subir pelo cano — O umpa-lumpa olhou para a Sra. Glupe e explodiu numa gargalhada — Fique quieto! — disse o Sr. Wonka — Controle-se! A Sra. Glupe não está achando nenhuma graça!
— Não mesmo — disse a Sra. Glupe.
— Vá direto para a sala de calda de chocolate — disse o Sr. Wonka ao umpa-lumpa — Pegue um pau bem comprido e fique remexendo o barril de misturar chocolate. Tenho quase certeza de que vai encontrá-lo lá dentro. E seja rápido. Se ele ficar muito tempo dentro do barril, pode acabar indo para o tacho de fervura e, aí sim, vai ser um desastre! Vai estragar tudo! Meu chocolate vai ficar incomível!
A Sra. Glupe soltou um guincho furioso.
— Estou brincando — disse o Sr. Wonka, sorrindo malicioso por trás da barba — Não quis dizer isso. Desculpe. Sinto muito. Até logo, Sra. Glupe! Até logo, Sr. Glupe! Até depois...
Assim que o Sr. e a Sra. Glupe saíram com seu minúsculo acompanhante, os cinco umpa-lumpas do outro lado do rio começaram a pular e dançar, tocando uns tambores bem pequenini-nhos.
— Augusto Glupe! — cantavam eles — Augusto Glupe! Augusto Glupe! Augusto Glupe!
— Vovô! — exclamou Charlie — Escute só, vovô! O que eles estão fazendo?
— Psssst! — cochichou Vovô José — Acho que eles vão cantar uma música para nós!

Augusto-gusto! Augusto-gusto!
É olhar pra ele e morrer de susto!
Pão, requeijão, bala, macarrão,
Só pensa em comer o gordo bobão.
Não dá sossego, tudo ele quer,
Por todo canto ele mete a colher.
Não sabe cantar, não sabe sorrir,
Sua vida é só mastigar e engolir.
Menino mais chato, pessoa xinfrim!
O que fazer em casos assim?
A gente podia estalar o dedo
E fazer Augusto virar brinquedo!
Bola de gude, pião, peteca,
Jogo de damas, balão, boneca.
Mas desse menino tão mal humorado
Só ia sair brinquedo quebrado.
E se o Augusto, minha gente,
Virasse um tubo de pasta de dente?
Mas pasta de dente tem gosto de menta,
E o gosto do Augusto ninguém agüenta!
Mudar de verdade esse paspalho
Vai dar mesmo muito trabalho
Pra adoçar esse humor tacanho
A primeira coisa vai ser um banho
Mas não pensem vocês que vai ser de chuveiro
O Augusto vai entrar de corpo inteiro
Num rio de calda de chocolate.
Depois então é bate-que-bate,
Põe creme, enrola e põe cobertura
Que tem de secar até ficar dura.
Esta receita é pra fazer bombom fino,
Mas não sei se dá certo bombom de menino.
É um bom tratamento, sem crueldade,
Ninguém está a fim de fazer maldade.
O Augusto é fogo, haja paciência!
Mas não é caso pra agir com violência.
Então não se assustem, não tenham medo.
Só queremos um Augusto menos azedo.

— Eu disse a vocês que eles adoravam cantar! — exclamou o Sr. Wonka — Não são umas gracinhas? Não são encantadores? Mas não acreditem em nada do que eles estão dizendo. É tudo absurdo, brincadeira!
— Será que os umpa-lumpas estão mesmo brincando, vovô? — perguntou Charlie.
— Claro que estão — respondeu Vovô José — Eles têm que estar brincando. Pelo menos, espero que estejam. Você também não espera?



 continua... 







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Frase CuriosaErrar é humano. Colocar a culpa em alguém é estratégico.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

A FANTÁSTICA FÁBRICA DE CHOCOLATE - capítulo 16





16
OS UMPA-LUMPAS


— Umpa-lumpas! repetiram todos ao mesmo tempo — Umpa-lum-pas!
— Importados diretamente de Lumpalópolis — disse o Sr. Wonka, orgulhoso.
— Mas esse lugar não existe — disse a Sra. Sal.
— Desculpe, senhora, mas...
— Sr. Wonka — exclamou a Sra. Sal — Sou professora de geografia...
— Então, a senhora deve saber tudo sobre Lumpalópolis — disse o Sr. Wonka — Que país terrível! Florestas cerradas infestadas das mais perigosas feras do mundo: chifrodontes, golpes-sujos e os malvados chicotáculos. Um chicotáculo é capaz de devorar dez umpa-lumpas no café da manhã e ainda voltar correndo para repetir a dose. Quando estive lá, encontrei os pequenos umpa-lumpas morando em casas no alto das árvores. Eram obrigados a morar nas árvores para se protegerem dos golpes sujos, dos chifrodontes e dos chicotáculos. Os umpa-lumpas alimentavam-se de lagartas verdes, que têm um gosto horrível, e eles passavam o dia todo vasculhando as copas das árvores procurando alguma outra coisa para misturar com as lagartas, para elas ficarem com um gostinho um pouco melhor — por exemplo, besouros vermelhos, folhas de eucaliptos, e cascas de certas árvores, tudo muito ruim, mas não tão ruim quanto as lagartas. Coitadinhos dos umpa-lumpas! A comida que eles mais desejavam eram sementes de cacau. Mas não conseguiam encontrar! Um umpa-lumpa dava-se por satisfeito se conseguisse achar três ou quatro sementes de cacau por ano. E era a coisa que mais almejavam! Sonhavam com cacau a noite toda e durante o dia só falavam em cacau. Bastava alguém pronunciar a palavra “cacau” perto de um umpa-lumpa para ele ficar com água na boca.
— A semente de cacau — continuou o Sr. Wonka — que cresce no pé de cacau, é justamente o ingrediente principal de que é feito o chocolate. É impossível fazer chocolate sem cacau. Cacau é chocolate. Eu mesmo uso bilhões de sementes de cacau todas as semanas aqui na fábrica. Então, meus queridos, assim que eu percebi que os umpa-lumpas eram loucos por cacau, subi até sua aldeia de casas arborícolas, enfiei a cabeça pela porta da casa do chefe da tribo. O pobrezinho parecia magro e faminto, estava sentado, tentando comer uma vasilha cheia de lagartas verdes amassadas.
“Escute aqui”, eu disse (em umpa-lumpês é claro), “Veja bem, se você e todo o seu povo forem comigo para o meu país para morar na minha fábrica, vocês poderão comer sementes de cacau à vontade! Tenho montanhas delas nos meus depósitos! Vocês poderão comer cacau em todas as refeições! Vão poder se empanturrar! Posso até pagar seus salários em cacau, se vocês quiserem!” O chefe dos umpa-lumpas, saltando da cadeira, exclamou: “Está falando sério?” “Claro”, eu disse. “E vocês também vão poder comer chocolate. Chocolate é mais gostoso do que cacau, porque ainda leva açúcar e leite”. O homenzinho soltou um grito de alegria e jogou a vasilha de lagartas esmagadas pela janela da casa. “Combinado”, ele gritou. “Venha, vamos embora!” Então eu trouxe todos eles para cá de navio, todos os homens, mulheres e crianças da tribo dos umpa-lumpas. Foi fácil. Contra-bandeei todos eles dentro de enormes caixas furadas, e assim chegaram são e salvos. São trabalhadores maravilhosos. Agora, todos eles falam inglês. Adoram música e dança. Estão sempre inventando canções. Espero que vocês ouçam muita música hoje. Mas é bom vocês se prevenirem, porque eles são meio travessos. Adoram brincar. Ainda usam o mesmo tipo de roupa que usavam na floresta. Insistem nisso. Os homens, como vocês podem ver do outro lado do rio, usam só pele de veado. As mulheres andam cobertas de folhas, e as crianças não vestem absolutamente nada. As mulheres trocam de folhas todos os dias...
Papai — gritou Veroca Sal (a menina que tem tudo o que quer) — Papai! Eu quero um umpa-lumpa! Eu quero que você me compre um umpa-lumpa! Eu quero um umpa-lumpa já, agora! Quero levar um para casa! Vamos papai. Compre um umpa-lumpa pra mim!
— Já, já, minha querida! — disse o pai dela — Não podemos interromper o Sr. Wonka.


Mas eu quero um umpa-lumpa! — gritava Veroca.
— Está bem Veroca, está bem. Mas não posso comprar um nesse minuto. Por favor, tenha um pouquinho de paciência. Vou mandar comprar um pra você antes do fim do dia.
— Augusto! — gritou a Sra. Glupe — Augusto, meu filho, acho melhor você não fazer isso.
Augusto Glupe, como vocês devem ter adivinhado, tinha escapado quietinho para a beira do rio, e estava ajoelhado na margem, enchendo a boca de calda de chocolate quente, o mais rápido que podia.




continua... 







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segunda-feira, 28 de novembro de 2011

A FANTÁSTICA FÁBRICA DE CHOCOLATE - capítulo 15





15
A SALA DOS CHOCOLATES


— Esta é uma sala importante! — exclamou o Sr. Wonka, tirando um molho de chaves do bolso e enfiando uma delas na fechadura — Este é o centro nervoso de toda a fábrica, o coração de tudo isso! E é tão bonito! Faço questão de que minhas salas sejam bonitas! Não tolero feiúra nas fábricas! Vamos entrar! Mas com cuidado, meus queridos! Não percam a cabeça! Não se excitem demais! Mantenham-se calmos!
O Sr. Wonka abriu a porta. Cinco crianças e nove adultos se lançaram para dentro — e oh, que espetáculo surpreendente diante de seus olhos! Lá embaixo avistaram um vale lindo. De cada lado desse vale estendia-se uma campina muito verde, e pelo meio dele corria um rio marrom. No meio do rio havia uma cachoeira fantástica — um rochedo imenso por onde a água vinha ondulando e rolando, até se transformar num imenso lençol que caía num borbulhante redemoinho de espuma.
Embaixo da cachoeira (e isso era o mais espantoso), enormes canos de vidro afundavam no rio, pendurados em algum lugar bem lá no alto do teto! Os canos eram realmente gigantescos. Havia pelo menos uma dúzia deles, sugando a água marrom do rio e levando-a Deus sabe para onde! Como eram de vidro, dava para ver o líquido fluindo e borbulhando dentro deles. Além do barulho da cachoeira, a gente ouvia o som interminável do glub, glub, glub dos canos sugando a água do rio.
Árvores e arbustos graciosos cresciam ao longo das margens do rio — chorões e amieiros, maços de hortênsias com suas flores rosadas, vermelhas e azuis. Nos campos havia milhares de copos-de-leite.
— Vejam ali! — exclamou o Sr. Wonka, dançando para cima e para baixo e apontando o grandioso rio marrom com a bengala de castão de ouro — É tudo chocolate! Cada gota desse rio é pura calda de chocolate quente da mais alta qualidade! Chocolate suficiente para encher todas as banheiras do país inteiro! E todas as piscinas, também! Não é extraordinário? Dêem uma olhada nos canos! Eles sugam o chocolate e o transportam para todas as outras salas da fábrica aonde ele é necessário! Milhões de galões por hora, minhas caras crianças! Milhões e milhões de galões!
As crianças e os pais estavam tão perplexos que nem conseguiam falar. Estavam tontos. Bestificados. Deslumbrados e estarrecidos. Estavam totalmente abalados diante da imensidão daquilo tudo. Só conseguiam ficar ali parados, com os olhos arregalados!
— A cachoeira é a parte mais importante de tudo! — continuou o Sr. Wonka — Ela mistura o chocolate! Ela bate, amassa, mexe e remexe! Faz o chocolate ficar leve, espumoso! Nenhuma outra fábrica no mundo mistura o chocolate em cachoeira! Mas esse é o único jeito certo de fazer isso! O único! E das minhas árvores, vocês gostam? — exclamou, apontando com a bengala — E meus arbustos? Não são bonitinhos? Digo e repito: detesto a feiúra! E, tem mais, é tudo comestível! Cada coisa é feita de algo diferente, delicioso! E as campinas? Vocês gostam da grama e dos meus copos-de-leite? A grama que vocês estão pisando, meus queridos, é feita de um novo tipo de açúcar mentolado que eu mesmo inventei! Chamo de verdoce! Experimentem uma folhinha de grama! Por favor, provem! É deliciosa!
Automaticamente, todos se abaixaram e pegaram um pedacinho da grama — todos, quer dizer, menos Augusto Glupe, que pegou uma mão cheia.
E Violeta Chataclete, antes de experimentar sua grama, tirou da boca o chiclete quebrador do recorde mundial e o grudou cuidadosamente atrás da orelha.
— Não é maravilhoso? — murmurou Charlie — Não é um sabor fantástico, Vovô?
— Eu seria capaz de comer esse gramado todo! — disse Vovô José, rindo de satisfação — Eu até andaria de quatro, como uma vaca, para comer cada pedacinho de grama deste lugar!
— Experimentem os copos-de-leite! — disse o Sr. Wonka — São mais gostosos ainda!
De repente, uns gritos excitados tomaram conta de tudo. Era Veroca Sal, que gritava apontando freneticamente para o outro lado do rio.
— Vejam, ali! — ela berrava — O que é aquilo? Está se mexendo! Está andando! É uma pessoinha! É um homenzinho! Ali, embaixo da cachoeira!
Todos pararam de colher copos-de-leite e olharam para o outro lado do rio.


Ela tem razão, Vovô — exclamou Charlie — É um homenzinho! Está vendo?
— Estou, sim, Charlie — respondeu Vovô José, excitado.
E aí todos começaram a gritar ao mesmo tempo.
— São dois!
— É mesmo, olha só!
— São mais de dois! Tem um, dois, três, quatro, cinco!
— O que é que eles estão fazendo?
De onde eles vêm?
— Quem são?
As crianças e os pais correram para a margem do rio para verem mais de perto.
— Não são fantásticos?
— Chegam à altura dos meus joelhos!
— Que cabelos compridos, engraçados!
Os minúsculos homenzinhos — não eram maiores que uma boneca de tamanho médio — pararam o que estavam fazendo, e ficaram olhando para os visitantes do outro lado do rio. Um deles apontou para as crianças, cochichou alguma coisa para os outros e os quatro tiveram um acesso de riso.
— Não é possível que eles sejam pessoas de verdade — disse Charlie.
— Claro que são pessoas de verdade — o Sr. Wonka respondeu — Eles são umpa-lumpas.


  

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domingo, 27 de novembro de 2011

A FANTÁSTICA FÁBRICA DE CHOCOLATE - capítulo 14





14
O SR. WILLY WONKA


O Sr. Wonka estava ali, sozinho, do lado de dentro dos portões abertos da fábrica. Era um homenzinho incrível!
Na cabeça, uma cartola preta.
Estava com um belo fraque de veludo cor de ameixa.
Suas calças eram verde-garrafa.
Suas luvas eram cinza-pérola.
E, numa das mãos, segurava uma bengala com castão de ouro.
Cobrindo o queixo, tinha uma barbicha preta e pontuda — um cavanhaque. Seus olhos — seus olhos eram incrivelmente brilhantes. Pareciam estar o tempo todo faiscando e cintilando para as pessoas. De fato, todo o rosto dele era iluminado de alegria e felicidade.
E como parecia esperto! Era rápido, decidido e cheio de vida! Começou a fazer movimentos rápidos com a cabeça, balançando-a de um lado para outro, observando tudo com aqueles olhinhos brilhantes. Com aqueles movimentos rápidos parecia um esquilo, um daqueles velhos esquilos ágeis e espertos do parque.
De repente, deu uma dançadinha na neve, abriu os braços num gesto amplo, sorriu para as cinco crianças que estavam apinhadas perto dos portões, e chamou:
— Bem-vindos, meus amiguinhos! Bem-vindos à fábrica!
Sua voz era alta e soava como uma flauta.
— Por favor, entrem um de cada vez — convidou ele — Tragam seus pais. Mostrem-me seus Cupons Dourados e digam-me seus nomes. Quem vai ser o primeiro?
O menino gorducho deu um passo à frente.
— Sou Augusto Glupe — ele disse.
— Augusto! — cumprimentou o Sr. Wonka, sacudindo a mão do menino para cima e para baixo com uma força incrível — Meu garoto, que prazer em ver você! Encantado! Fascinado! Muito feliz por ter você conosco! E esses são seus pais? Que bom! Entrem! Entrem! Isso mesmo! Atravessem os portões!
Via-se que o Sr. Wonka estava tão entusiasmado quanto todas as outras pessoas.
— Meu nome é Veroca Sal — apresentou-se a outra garota.
— Minha querida Veroca! Como vai você? Que prazer! Você tem um nome muito interessante, não é? Sempre pensei que Veroca fosse uma espécie de verruga que nasce na sola do pé! Mas acho que eu estava enganado, não é verdade? Que gracinha você está com esse casaco de vison! Estou muito feliz por você ter vindo! Meus queridos, hoje vai ser mesmo um dia emocionante! Espero que vocês se divirtam! Tenho certeza disso! Sei disso! Seu pai? Como vai o senhor, Sr. Sal? E a Sra. Sal? Encantado em vê-los aqui! Certo, o cupom está em ordem! Por favor, entrem!
As duas outras crianças, Violeta Chataclete e Miguel Tevel se apresentaram para mostrar seus cupons e quase tiveram o braço arrancado do ombro pelo cumprimento animado do Sr. Wonka.
E, por último, uma vozinha nervosa sussurrou:
— Charlie Bucket.
— Charlie! — exclamou o Sr. Wonka. — Muito bem, muito bem, ótimo! Então, aqui está você! Você é o garoto que achou o cupom ontem, não é? Isso mesmo, isso mesmo! Li tudo nos jornais hoje de manhã! Em cima da hora, meu garoto! Estou muito feliz! Muito contente por você! E este? Seu avô? Encantado em conhecê-lo, senhor! Felicíssimo! Extasiado! Maravilhado! Tudo certo! Excelente! Todos aqui? Cinco crianças? Sim! Muito bem! Agora, por favor, venham comigo! Nossa visita começa agora! Mantenham-se juntos! Por favor não se dispersem! Não gostaria de perder ninguém nesta altura dos acontecimentos! Ah, não, não mesmo!
Charlie deu uma olhada para trás, por cima dos ombros, e viu os portões de ferro da entrada se fechando devagarinho. Lá fora, a multidão continuava empurrando e gritando. Depois daquela última olhada de Charlie, os portões bateram, impedindo qualquer visão sobre o mundo lá de fora.
— Cá estamos! — exclamou o Sr. Wonka, trotando à frente do grupo — Por essa porta vermelha, por favor! Isso! Aqui dentro está gostoso e quentinho! Tenho que manter a fábrica aquecida por causa dos empregados! Meus empregados estão acostumados a um clima bem quente! Eles não suportam frio! Se saíssem com esse frio, morreriam congelados!
— Mas quem são esses empregados? — perguntou Augusto Glupe.
— Tudo na sua hora, meu querido — disse o Sr. Wonka, sorrindo para Augusto — Seja paciente! Você vai ver tudo conforme formos andando pela fábrica! Estão todos aqui? Bom! Você se importaria de fechar a porta? Obrigado!
Charlie Bucket viu-se num corredor enorme, que avançava à sua frente até onde era capaz de enxergar. O corredor era tão largo, que daria para andar de carro por ele. As paredes eram cor-de-rosa claro e as luzes eram difusas e agradáveis.
— Que gostoso, tão quentinho! — cochichou Charlie.
— É mesmo. E que cheirinho delicioso! — respondeu Vovô José, respirando fundo. Todos os cheiros mais maravilhosos do mundo pareciam se misturar no ar ao redor deles — o cheirinho de café torrado, de açúcar queimado, de chocolate derretido, de menta, de violetas, de avelã, de flor de maçã, de caramelo, de casquinha de limão...
E, lá de longe, bem do fundo da fábrica fantástica, vinha um ronco abafado de energia, como se uma máquina monstruosa e gigantesca estivesse girando suas rodas numa velocidade espantosa.
Este, minhas queridas crianças — disse o Sr. Wonka, elevando a voz além do barulho — este é o corredor principal. Por favor pendurem seus casacos e chapéus naqueles cabides ali, e sigam-me. Por aqui! Ótimo! Todos prontos? Então venham! Lá vamos nós!
Ele saltitava pelo corredor, e a cauda do fraque de veludo cor de ameixa ia balançando atrás dele. Os visitantes iam correndo atrás dele.
Pensando bem, era um belo grupo. Havia nove adultos e cinco crianças, quatorze ao todo. Dá para imaginar a quantidade de empurrões e esbarrões pelo caminho, todos tentando acompanhar aquela figurinha veloz à frente deles.
— Venham — chamava o Sr. Wonka — mexam-se, por favor! Nunca vamos conseguir dar a volta inteira se vocês continuarem nessa moleza!
Logo ele virou à direita, entrando num corredor mais estreito.
Depois, virou à esquerda.
Depois de novo à esquerda.
Depois à direita.
Depois à esquerda.
Depois à direita.
Depois à direita.
Depois à esquerda.
Parecia um gigantesco labirinto de coelhos, com corredores saindo por todos os lados.


— Não largue minha mão, Charlie — sussurrou Vovô José.
— Observem como todos esses corredores se inclinam para baixo! — mostrou o Sr. Wonka — Agora estamos indo para debaixo da terra! Todas as salas mais importantes da minha fábrica ficam muito abaixo da superfície.
— Por que isso? — alguém perguntou.
— Não haveria espaço suficiente para tudo na superfície — respondeu o Sr. Wonka — As salas que vamos ver agora são enormes! São maiores que campos de futebol! Não há prédio no mundo onde elas caibam todas! Mas aqui, no subsolo, tenho todo o espaço que quero. Não há limites, é só cavar!
O Sr. Wonka virou à direita.
E virou à esquerda.
E virou à direita de novo.
Os corredores desciam cada vez mais.
Então, de repente, o Sr. Wonka parou na frente de uma porta de metal brilhante. As pessoas se amontoaram em volta dele. Na porta estava escrito, com letras enormes:






 continua...








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sexta-feira, 25 de novembro de 2011

A FANTÁSTICA FÁBRICA DE CHOCOLATE - capítulo 13





13
O GRANDE DIA


Na manhã do grande dia o sol brilhava, mas o chão continuava coberto de neve e o ar muito frio.
Fora dos portões da fábrica Wonka, uma enorme multidão se aglomerava para assistir à entrada dos cinco felizes ganhadores dos Cupons Dourados. A emoção era imensa. Faltava pouco para as dez horas. As pessoas gritavam, empurravam, enquanto policiais formavam uma corrente tentando afastá-las dos portões.
Ao lado dos portões, num pequeno grupo que a polícia protegia da multidão, estavam as cinco famosas crianças, com os adultos que tinham vindo acompanhá-las.
A figura alta e magra de Vovô José destacava-se entre eles, e a seu lado, segurando sua mão, Charlie Bucket.
Cada criança, menos Charlie, tinha vindo com o pai e a mãe, e era bom que fosse assim, pois senão teriam estragado a festa.
Estavam tão impacientes para entrar, que os pais tiveram que segurá-las com força para elas não pularem os muros.
— Calma — gritavam os pais — Quietos! Ainda não está na hora! Não são dez horas!
Atrás dele, Charlie Bucket ouvia os gritos da multidão empurrando e lutando para ver as famosas crianças.
— Olhem só, é Violeta Chataclete — ele ouviu alguém gritar — É ela mesmo! Lembro-me da fotografia dela nos jornais!
— E sabe de uma coisa? — gritou outra pessoa. — Ela ainda está mascando aquele pedaço horrível de chiclete velho, que já tinha três meses! Olhe a mandíbula dela! Está mascando, mascando!
— Quem é aquele menino gorducho?
— É o Augusto Glupe!
— Então é esse aí!
— Enorme, não é?
— Fantástico!
— Quem é aquele menino com a foto do Cavaleiro Solitário estampada no blusão?
— É Miguel Tevel! O tal fanático por televisão!
— Ele deve ser doido! Olha só o monte de pistolas de brinquedo que ele tem penduradas pelo corpo.
— Eu quero é ver a Veroca Sal! — gritou outra voz no meio da multidão — É a menina para quem o pai comprou meio milhão de tabletes de chocolate e fez os empregados da fábrica dele desembrulharem um por um, até encontrarem o Cupom Dourado! O pai dá tudo o que ela quer! Tudinho! É só ela começar a gritar e pronto! Consegue tudo o que quer!
— Terrível, não é?
— Um horror!
— Quem você acha que é ela?
— Aquela ali, à esquerda! A menininha com o casaco de vison prateado!
— E qual deles é Charlie Bucket?
— Charlie Bucket? Deve ser aquele magricela ao lado daquele senhor com cara de esqueleto. Logo aqui pertinho, está vendo?
— Por que será que ele não está de casaco, com todo esse frio?
— Nem me pergunte. Vai ver que não tem dinheiro para comprar.
— Meu Deus! Ele deve estar congelando!
Charlie, que estava há alguns passos dali, apertou a mão do Vovô José, o velhinho deu uma olhada para Charlie e sorriu.
Ao longe, o relógio de uma igreja começou a bater dez horas.
Devagar, rangendo as dobradiças enferrujadas, os grandes portões de ferro da fábrica começaram a se abrir.
A multidão silenciou de repente. As crianças pararam de correr de um lado para o outro. Todos os olhos se fixaram nos portões.
Lá está ele! — alguém gritou — É ele!
E era ele mesmo!




continua...







Frase Curiosa: Conjugando o verbo Facebook: Eu posto, Tu comentas, Ele curte, Nós compartilhamos, Vós publicais, Eles riem, Ninguém trabalha.
Frase CuriosaErrar é humano. Colocar a culpa em alguém é estratégico.