sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Harry Potter e o Enigma do Príncipe - Capítulo 4





— CAPÍTULO QUATRO —
Horácio Slughorn



AINDA QUE, NOS ÚLTIMOS DIAS, tivesse passado todos os momentos de vigília desejando desesperadamente que Dumbledore viesse buscá-lo, Harry se sentiu pouco à vontade quando partiram juntos da Rua dos Alfeneiros. Nunca tivera uma conversa para valer com o diretor, fora de Hogwarts: lá havia sempre uma escrivaninha entre os dois. Além disso, a lembrança do seu último encontro não parava de lhe ocorrer, e aumentava o seu constrangimento: gritara muito naquela ocasião, isto sem falar em seus esforços para destruir vários objetos de estimação de Dumbledore.
O diretor, porém, parecia completamente descontraído.
— Mantenha sua varinha à mão, Harry — disse, animado.
— Mas pensei que não tinha licença para usar a magia fora da escola, professor.
— Se houver um ataque, eu lhe darei permissão para usar qualquer contra-feitiço ou contra-maldição que lhe ocorra. Mas acho que hoje à noite não vai precisar se preocupar com ataques.
— Por que não, professor?
— Porque você está comigo — respondeu Dumbledore com simplicidade — Aqui já está bom, Harry.
O bruxo parou bruscamente ao fim da Rua dos Alfeneiros.
— Naturalmente, você ainda não passou no teste de Aparatação, não é?
— Não. Pensei que precisava ter dezessete anos.
— Precisa. Então, segure com força no meu braço. No esquerdo, se não se importar... você deve ter reparado que o braço com que seguro a varinha está um pouco sensível no momento.
Harry agarrou o braço oferecido por Dumbledore.
— Bem, então vamos.
Harry sentiu o braço do bruxo torcer e fugir-lhe, e redobrou o seu aperto, no momento seguinte tudo escureceu, teve a impressão de estar sendo fortemente puxado em todas as direções, não conseguia respirar, tiras de ferro envolviam seu peito, comprimindo-o, suas órbitas estavam sendo empurradas para o fundo da cabeça, seus tímpanos entravam crânio adentro, então...
Ele aspirou grandes golfadas do ar frio da noite e abriu os olhos lacrimejantes. Teve a sensação de que o enfiavam por uma mangueira de borracha apertada. Passaram-se alguns segundos até ele entender que a Rua dos Alfeneiros desaparecera. Viu que ele e Dumbledore estavam, agora, parados na praça deserta de algum povoado, no centro da qual havia um memorial de guerra e alguns bancos. O entendimento finalmente alcançou os seus sentidos, e Harry percebeu que acabara de aparatar pela primeira vez na vida.
— Você está bem? — perguntou Dumbledore, olhando-o, solícito — Leva algum tempo para acostumar com a sensação.
— Estou ótimo — respondeu Harry, esfregando as orelhas, que pareciam ter deixado a Rua dos Alfeneiros com uma certa relutância — Mas acho que prefiro as vassouras.
Dumbledore sorriu, aconchegou melhor a capa em torno do pescoço e disse:
— Vamos por aqui.
E, andando rapidamente, passou por uma estalagem vazia e algumas casas. Segundo o relógio de uma igreja vizinha, era quase meia-noite.
— Agora me diga, Harry, a sua cicatriz... tem doído?
Harry levou a mão à testa inconscientemente e esfregou a marca em forma de raio.
— Não, e tenho me perguntado o porquê. Pensei que iria arder o tempo todo, agora que Voldemort está recuperando o poder.
Ele olhou para Dumbledore e notou que tinha uma expressão satisfeita.
— Já eu pensei o contrário — disse Dumbledore — Lorde Voldemort finalmente percebeu como é perigoso o acesso que você tem tido aos pensamentos e emoções dele. Imagino que agora esteja usando a Oclumência contra você.
— Por mim, tudo bem — comentou Harry, que não sentia falta dos sonhos perturbadores nem dos vislumbres intuitivos da mente de Voldemort.
Eles viraram uma esquina, passaram por uma cabine telefônica e uma parada de ônibus. Harry tornou a olhar Dumbledore pelo canto dos olhos.
— Professor?
— Harry?
— Ãã... onde é que nós estamos exatamente?
— No encantador povoado de Budleigh Babberton.
— E que estamos fazendo aqui?
— Ah sim, claro. Não lhe contei. Já perdi a conta do número de vezes que repeti isso nos últimos anos, mas estamos novamente desfalcados de um funcionário nos nossos quadros. Estamos aqui para convencer um velho colega meu a suspender a aposentadoria e voltar a Hogwarts.
— E como vou ajudar o senhor?
— Ah, acho que encontraremos uma maneira — respondeu o diretor vagamente — À esquerda aqui, Harry.
Eles tomaram uma rua íngreme e estreita ladeada de casas. Todas as janelas estavam escuras. A friagem estranha que pairara sobre a Rua dos Alfeneiros nessas duas semanas persistia li. Lembrando-se dos dementadores, Harry deu uma espiada por cima do ombro e segurou a varinha em seu bolso com firmeza.
— Professor, por que não aparatamos diretamente na casa do seu ex-colega?
— Porque seria tão grosseiro quanto derrubar a porta da casa a pontapés. A cortesia exige que demos aos colegas bruxos a oportunidade de nos negar entrada. Em todo caso, a maioria das casas bruxas são magicamente protegidas de pessoas indesejáveis que aparatem. Em Hogwarts, por exemplo...
—... não se pode aparatar nos prédios nem nos terrenos — completou Harry depressa — Foi a Hermione Granger quem me disse.
— E está certa. Viramos à esquerda outra vez.
Às suas costas, o relógio da igreja bateu meia-noite. Harry se perguntou se Dumbledore não considerava falta de educação visitar um colega tão tarde, mas, agora que a conversa começara a fluir, ele tinha perguntas mais urgentes a fazer.
— Professor, li no Profeta Diário que Fudge foi demitido...
— É verdade — confirmou Dumbledore, agora virando para uma ladeira secundária — Foi substituído, e tenho certeza que você também leu isso, por Rufo Scrimgeour, que costumava chefiar a Seção de Aurores.
— Ele é... o senhor acha que ele é bom? — perguntou Harry.
— Uma pergunta interessante. Sem dúvida, ele é competente. Mais decidido e enérgico do que Cornélio.
— Sei, mas eu quis dizer...
— Entendi o que você quis dizer. Rufo é um homem de ação e, tendo combatido bruxos das trevas a maior parte da sua vida profissional, não subestima Lorde Voldemort.
Harry esperou, mas Dumbledore não mencionou o desentendimento que o Profeta Diário noticiara, e, como não teve coragem de insistir, mudou de assunto.
— E... senhor... e Madame Bonés?
— É — disse Dumbledore baixinho — Uma perda funesta. Era uma grande bruxa. É logo aqui, acho... aí!
Apontara com a mão machucada.
— Professor, que aconteceu com a sua... ?
— Não tenho tempo para explicar agora. É uma história eletrizante, e quero contá-la como merece ser contada.
Ele sorriu para Harry, que compreendeu que aquilo não era uma negativa e que tinha permissão para continuar com as perguntas.
— Senhor... recebi um folheto do Ministro da Magia por correio-coruja, sobre as medidas de segurança que devemos tomar para nos proteger dos Comensais da Morte...
— Eu também recebi — continuou Dumbledore, ainda sorrindo —Você achou o folheto útil?
— Não muito.
— Não, eu achei que não. Você não me perguntou, por exemplo, qual é o sabor de geléia que prefiro, para verificar se sou realmente o Professor Dumbledore, e não um impostor.
— Não perguntei... — começou Harry, um pouco inseguro quanto a estar ou não sendo repreendido.
— Para sua referência futura, é amora... embora, é claro, se eu fosse um Comensal da Morte, teria tido o cuidado de pesquisar minhas geleias preferidas antes de me fazer passar por mim mesmo.
— Ãa... certo. Bem, o folheto dizia alguma coisa sobre Inferi. Que vem a ser isso? Não ficou muito claro.
— São defuntos — respondeu Dumbledore calmamente — Defuntos enfeitiçados para cumprir ordens de um bruxo das trevas. Mas não vemos Inferi há muito tempo, pelo menos desde a última vez que Voldemort teve o poder... ele matou gente suficiente para formar um exército deles, é claro. É aqui, Harry, bem aqui...
Aproximavam-se de uma casinha de pedra, bem cuidada, no meio do jardim. Harry estava ocupado demais, digerindo a pavorosa ideia de mortos-vivos, para dar atenção a qualquer outra coisa, mas, quando alcançaram o portão da casa, Dumbledore estacou e Harry colidiu com ele.
— Que lástima! Que lástima!
O garoto acompanhou o olhar do diretor pela entrada bem conservada e sentiu um aperto no coração. A porta da casa fora arrancada das dobradiças. Dumbledore olhou para cima e para baixo da rua. Parecia deserta.
— Pegue a varinha e me siga, Harry — disse em voz baixa.
Abriu o portão e entrou pelo jardim, rápida e silenciosamente, o garoto em seus calcanhares, então empurrou a porta da casa bem devagar, com a varinha erguida e pronta.
— Lumus!
A ponta da varinha do diretor acendeu, iluminando um corredor estreito. A esquerda, havia outra porta aberta. Empunhando a varinha acesa, Dumbledore entrou na sala de estar com Harry logo atrás. Depararam com uma cena de total devastação. Um relógio de carrilhão jazia aos seus pés, o mostrador estilhaçado, o pêndulo, mais adiante, como uma espada abandonada. O piano estava virado de lado, as teclas espalhadas pelo chão. Os destroços de um lustre caído brilhavam à pequena distância. Almofadas murchas, as penas do enchimento saindo pelos rasgos laterais, cacos de vidro e louça cobriam tudo como se fossem pó.
Dumbledore ergueu a varinha mais alto, para a luz clarear as paredes, cujo papel tinha manchas vermelho-escuras e gelatinosas. O ruído da inspiração de Harry fez Dumbledore virar a cabeça.
— Nada bonito, não é — disse oprimido — Alguma coisa terrível aconteceu aqui.
O diretor avançou cuidadosamente até o meio da sala, examinando os destroços pelo chão. Harry acompanhou-o, olhando para os lados, meio apavorado com o que poderia ver escondido sob o piano ou o sofá virados e destruídos, mas não viu sinal de cadáver.
— Talvez tenha havido uma luta... e o levaram embora, professor? — sugeriu Harry, tentando não imaginar a gravidade dos ferimentos de um homem que pudesse deixar aquelas manchas espalhadas até a metade das paredes.
— Acho que não — respondeu Dumbledore em voz baixa, espiando atrás de uma poltrona excessivamente estofada e tombada de lado.
— O senhor quer dizer que ele...
— Ainda está por aqui? Isto mesmo.
E, inesperadamente, Dumbledore se curvou, e enfiou a ponta da varinha no assento da poltrona, que gritou:
—Ai!
— Boa noite, Horácio — cumprimentou Dumbledore, tornando a se erguer.
O queixo de Harry caiu. Onde, uma fração de segundo antes, havia uma poltrona, agora via-se encolhido um velho imensamente gordo e careca que massageava o baixo-ventre e apertava os olhos para enxergar Dumbledore com um olhar lacrimejante e ofendido.
— Não precisava enfiar a varinha com tanta força — reclamou mal-humorado, pondo-se de pé — Doeu.
A luz da varinha cintilou em sua careca, seus olhos protuberantes, sua bigodeira prateada que lembrava a de um leão-marinho e os botões muito polidos do roupão cor de vinho que usava sobre o pijama de seda lilás. Sua cabeça mal alcançava o queixo de Dumbledore.
— Que foi que me denunciou? — resmungou, erguendo-se com dificuldade e ainda esfregando o baixo-ventre.
Parecia excepcionalmente descarado para um homem que acabara de ser descoberto fingindo-se de poltrona.
— Meu caro Horácio — respondeu Dumbledore, parecendo divertir-se — Se realmente os Comensais da Morte lhe tivessem feito uma visita, a Marca Negra teria sido deixada sobre sua casa.
O bruxo deu um tapinha na enorme testa.
— A Marca Negra — murmurou — Eu sabia que havia uma coisa... ah, bem. Seja como for, eu não teria tido tempo. Tinha acabado de dar os últimos retoques no estofamento quando você entrou na sala.
E deu um profundo suspiro que fez as pontas dos seus bigodes esvoaçarem.
— Quer minha ajuda para arrumar a sala? — perguntou Dumbledore educadamente.
— Por favor — disse o outro.
Eles se postaram de costas um para o outro, o bruxo alto e magro e o baixo e gordo, e acenaram com as varinhas, num gesto amplo e idêntico.
Os móveis voltaram instantaneamente aos seus lugares, os enfeites se recompuseram no ar, as penas flutuaram para dentro das almofadas, os livros rasgados se emendaram e tomaram seus lugares nas prateleiras, os candeeiros a óleo voaram para as mesinhas e reacenderam, uma vasta coleção de molduras de prata quebradas deslocara-se, refulgindo pela sala, e pousara, intacta e polida, com seus respectivos retratos, sobre uma escrivaninha, rasgos, rachaduras e buracos se consertaram por toda parte e as paredes se limparam.
— A propósito, que tipo de sangue era aquele? — perguntou Dumbledore em voz alta, para abafar o carrilhão do relógio recém-consertado.
— Nas paredes? Dragão — gritou o bruxo chamado Horácio enquanto o lustre tornava a se prender ao teto, com ensurdecedores ruídos metálicos.
O piano tocou uma nota final, e tudo silenciou.
— É, de dragão — repetiu o bruxo, dando seguimento à conversa — Meu último vidro, e os preços andam na estratosfera. Mas quem sabe ainda consiga usá-lo?
Ele se dirigiu aborrecido ao móvel em que estava uma garrafinha de cristal e ergueu-a à luz, examinando o líquido espesso que continha.
— Hum... um pouco de borra.
Repôs a garrafa sobre o móvel e suspirou. Foi então que seu olhar recaiu sobre Harry.
— Oho — exclamou, os grandes olhos redondos fixando a testa de Harry e a cicatriz em forma de raio — Oho!
— Este — disse Dumbledore, adiantando-se para fazer as apresentações — É Harry Potter. Harry, este é um velho amigo e colega, Horácio Slughorn.
O bruxo virou-se para Dumbledore, com uma expressão astuta no olhar.
— Então foi assim que você pensou que ia me convencer? Pois bem, a resposta é não, Alvo.
Ele passou por Harry, com o rosto resolutamente virado e o ar de um homem que tenta resistir à tentação.
— Suponho que pelo menos possamos tomar uma bebida? — perguntou Dumbledore — Para lembrar os velhos tempos?
Slughorn hesitou.
— Tudo bem, então, um drinque — concedeu de má vontade.
Dumbledore sorriu para Harry e conduziu-o a uma poltrona parecida com a que Slughorn tão recentemente encarnara, que ficava ao lado da lareira recém-acesa e da luz forte de um candeeiro a óleo. Harry sentou com a nítida impressão de que o diretor, por alguma razão, queria que ele ficasse bem visível. E acertou. Quando Slughorn, que estivera ocupado com garrafas e copos, se virou de frente para a sala, seus olhos bateram imediatamente em Harry.
— Hum — resmungou, desviando os olhos como se tivesse medo de feri-los — Tome...
Entregou a bebida a Dumbledore, que sentara sem convite, empurrou a bandeja para o garoto e, em seguida, afundou nas almofadas do sofá restaurado, em um silêncio contrariado. Suas pernas eram tão curtas que não tocavam o chão.
— Bem, e como tem andado, Horácio? — perguntou Dumbledore.
— Não muito bem — respondeu Slughorn imediatamente — Fraqueza no peito. Asma. E reumatismo também. Não consigo me mexer como antigamente. Bem, é o normal. Velhice. Cansaço.
— Contudo, você deve ter se mexido bem rápido para improvisar aquela recepção para nós. Não deve ter tido mais de três minutos de aviso, não é?
Slughorn respondeu, entre irritado e orgulhoso:
— Dois. Não ouvi o meu Feitiço contra Intrusos disparar, estava tomando banho. Ainda assim — acrescentou circunspecto, parecendo se controlar — O fato é que estou velho, Alvo. Um velho cansado que conquistou o direito a uma vida tranquila e a alguns confortos materiais.
E esses não faltavam, pensou Harry, percorrendo a sala com o olhar. Era abafada e excessivamente atravancada. Ninguém, porém, poderia dizer que fosse desconfortável: havia poltronas macias e descansos para os pés, bebidas e livros, caixas de bombons e almofadas fofas. Se Harry não soubesse quem morava ali, teria pensado que era uma velhota rica e exigente.
— Você ainda não tem a minha idade, Horácio — replicou Dumbledore.
— Bem, então você também deveria pensar em se aposentar — disse Slughorn sem rodeios. Seus olhos verde-claros tinham registrado a mão machucada de Dumbledore — Estou vendo que as reações já não são o que eram.
— Você tem toda a razão — respondeu o diretor tranquilamente, jogando a manga para trás e revelando as pontas dos dedos queimados e enegrecidos, a visão fez os pêlos da nuca de Harry se eriçarem desagradavelmente — Sem dúvida, estou mais lento. Mas por outro lado...
Ele sacudiu os ombros e espalmou as mãos, como se dissesse que a idade trazia compensações, e Harry notou um anel, na mão machucada, que nunca vira Dumbledore usar: era grande e incômodo, aparentemente de ouro, engastado com uma pesada pedra negra que parecia rachada ao meio. O olhar de Slughorn se demorou um momento na pedra também, e Harry percebeu uma pequena ruga marcar momentaneamente a larga testa.
— Então, todas essas precauções contra intrusos, Horácio... são para segurar os Comensais da Morte ou a mim? — perguntou Dumbledore.
— Que é que os Comensais da Morte iriam querer com um velhote incompetente e alquebrado como eu?
— Imagino que iriam querer que você empregasse o seu considerável talento para coagir, torturar e matar. Você está realmente me dizendo que eles ainda não vieram recrutá-lo?
Por um momento Slughorn encarou Dumbledore com hostilidade, então murmurou:
— Não lhes dei chance. Não parei de viajar nesse último ano. Nunca me demoro mais de uma semana no mesmo lugar. Mudo de uma casa de trouxa para outra, os donos desta casa estão de férias nas Ilhas Canárias. Tem sido muito agradável, terei pena de partir. É bem fácil uma vez que se aprende, um simples Feitiço Paralisante nesses absurdos alarmes que usam em vez de bisbilhoscópios garante que os vizinhos não vejam ninguém entrar carregando um piano.
— Engenhoso. Mas está me parecendo muito cansativo para um velhote incompetente e alquebrado que procura uma vida calma. Agora, se você retornasse a Hogwarts...
— Se você vai me dizer que eu teria mais paz naquela escola pestilenta, pode poupar o seu fôlego, Alvo! Eu posso estar me escondendo, mas chegaram aos meus ouvidos uns boatos engraçados desde que a Dolores Umbridge saiu! Se é assim que você agora está tratando os professores...
— A Professora Umbridge se meteu em confusões com o nosso rebanho de centauros — disse Dumbledore — Acho que você, Horácio, teria tido o bom senso de não entrar na Floresta e chamar uma horda de centauros de “mestiços nojentos”.
— Então foi isso que ela fez? Que mulher idiota! Jamais gostei dela.
Harry riu baixinho, e os dois bruxos se viraram para ele.
— Desculpem — apressou-se o garoto a dizer — É que... eu também não gostava dela.
Dumbledore levantou-se de repente.
— Você já está indo? — perguntou Slughorn depressa, esperançoso.
— Não, será que eu poderia usar o seu banheiro?
— Ah — respondeu Slughorn, visivelmente desapontado — Segunda porta à esquerda, seguindo pelo corredor.
Dumbledore atravessou a sala. Depois que fechou a porta ao passar, fez-se silêncio.
Logo em seguida, Slughorn se levantou, mas pareceu não saber muito bem o que fazer. Lançou um olhar furtivo a Harry, foi até a lareira e virou-se de costas para aquecer seu grande traseiro.
— Não pense que não sei por que ele o trouxe até aqui — disse bruscamente.
Harry apenas olhou para Slughorn. Os olhos lacrimosos do bruxo deslizaram pela cicatriz do garoto, desta vez examinando-lhe todo o rosto.
— Você se parece muito com o seu pai.
— É o que dizem.
— Exceto nos olhos. Você tem...
— Os olhos de minha mãe, eu sei — Harry já ouvira esse comentário tantas vezes que o achava aborrecido.
— Hum-hum. Bem. Um professor não devia ter alunos favoritos, mas ela era um dos meus. Sua mãe — acrescentou Slughorn em resposta ao olhar de indagação de Harry — Lílian Evans. Uma das mais inteligentes a quem lecionei. Viva, sabe. Uma menina encantadora. Eu costumava dizer a ela que deveria ter ido para a minha Casa. E, sabe, costumava me dar respostas petulantes.
— Qual era a sua Casa?
— Eu era diretor da Sonserina. Ah, vamos... — apressou-se a dizer, vendo a expressão no rosto de Harry, apontando o dedo em riste para o garoto — Não deixe que isto o influencie contra mim! Você deve ser da Grifinória como ela, não? É, em geral, está no sangue. Mas nem sempre. Já ouviu falar de Sirius Black? Deve ter ouvido... tem sido notícia de jornal nos últimos dois anos... morreu faz umas semanas...
Foi como se uma garra invisível tivesse torcido e apertado os intestinos de Harry.
— Bem, em todo caso, foi um grande companheiro do seu pai na escola. Toda a família Black pertenceu à minha Casa, mas Sirius acabou na Grifinória! Uma vergonha... era um garoto talentoso. Fiquei com o irmão dele, Regulo, quando apareceu, mas eu teria preferido a família toda.
Ele falava como se fosse um colecionador entusiasmado que tivesse perdido um lance em um leilão. Olhava para a parede oposta, parecendo absorto em lembranças, girando o corpo lentamente, sem sair do lugar, para permitir um aquecimento uniforme do traseiro.
— Sua mãe, naturalmente, nasceu trouxa. Não consegui acreditar quando soube. Eu achava que devia ser puro-sangue, era tão inteligente!
— Uma das minhas melhores amigas nasceu trouxa — comentou Harry — E é a melhor aluna da nossa série.
— Engraçado como isso às vezes acontece, não é?
— Não acho — retrucou Harry friamente.
Slughorn olhou para ele surpreso.
— Você não deve pensar que sou preconceituoso! Não, não e não! Não acabei de dizer que sua mãe foi uma das minhas alunas favoritas? E tive também Dirk Cresswell, uma série acima, agora chefe da Seção de Ligação com os Duendes, naturalmente, outro nascido trouxa, um estudante muito bom que ainda hoje me passa excelentes informações sobre o que acontece internamente no Gringotes!
O bruxo mexeu-se um pouco para cima e para baixo, sorrindo satisfeito consigo mesmo, e apontou para as muitas fotografias em molduras reluzentes sobre o aparador, cada qual com pequeninos ocupantes agitados.
— São todas de ex-alunos, todas com dedicatórias. Você pode ver Barnabás Cuffe, editor do Profeta Diário, sempre interessado em conhecer a minha leitura das notícias do dia. E Ambrósio Flume, da Dedosdemel, um cestão todo aniversário, e tudo porque o apresentei a Cícero Harkiss, que lhe deu o primeiro emprego! E mais atrás... pode vê-la, se esticar o pescoço... Gwenog Jones, que é a capitã do Harpias de Holyhead... as pessoas sempre se surpreendem quando me ouvem chamando os jogadores do Harpias pelo primeiro nome, e ganho entradas grátis sempre que quero!
Este pensamento pareceu animá-lo enormemente.
— E toda essas pessoas sabem onde encontrar o senhor para lhe mandar presentes? — perguntou Harry, que não pôde deixar de se perguntar por que os Comensais da Morte ainda não tinham rastreado Slughorn se cestas de doces, bilhetes de quadribol e visitantes desejosos de ouvir seus conselhos e opiniões conseguiam encontrá-lo.
O sorriso desapareceu do rosto de Slughorn com a mesma rapidez que o sangue das paredes da sala.
— Claro que não — protestou, olhando para Harry — Há um ano que não tenho contato com ninguém.
Harry teve a impressão de que Slughorn se chocara com o que tinha acabado de dizer, por um momento pareceu bastante perturbado. Depois sacudiu os ombros.
— Entretanto... o bruxo prudente procura não deixar a cabeça de fora em tempos como esses. Dumbledore pode dizer o que quiser, mas aceitar um cargo em Hogwarts agora seria o mesmo que declarar publicamente a minha lealdade à Ordem da Fênix! E, embora eu acredite que eles sejam admiráveis e corajosos e tudo o mais, não me agrada muito o seu índice de mortalidade.
— O senhor não precisa pertencer à Ordem para ensinar em Hogwarts — respondeu Harry, que não conseguiu esconder um tom de desdém na voz, era difícil simpatizar com a vida cheia de confortos de Slughorn quando se lembrava de Sirius, escondido em uma gruta, se alimentando de ratos — A maioria dos professores não pertence, e nenhum deles foi morto... bem, a não ser que o senhor esteja contando Quirrell, mas ele recebeu o que merecia, considerando que trabalhava para o Voldemort.
Harry tinha certeza de que Slughorn era um daqueles bruxos que não suportavam ouvir o nome de Voldemort em alto e bom som, e não se desapontou: Slughorn estremeceu e soltou um grasnido de protesto, a que o garoto não deu atenção.
— Imagino que os funcionários estarão mais seguros que a maioria das pessoas enquanto Dumbledore for diretor, acredita-se que ele seja o único de quem Voldemort tem medo, não é? — continuou Harry.
Por uns momentos o olhar de Slughorn pareceu distante: provavelmente refletia sobre as palavras do garoto.
— Bem, é verdade que Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado nunca procurou lutar com Dumbledore — murmurou contrafeito — E imagino que alguém possa argumentar que se não me uni aos Comensais da Morte, tampouco Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado pode me incluir entre seus amigos... caso em que eu talvez estivesse mais seguro perto de Alvo... não posso fingir que a morte de Amélia Bonés não tenha me abalado... se ela, com todos os seus contatos e proteção no Ministério...
Dumbledore voltou à sala, sobressaltando Slughorn, que parecia ter esquecido que o amigo estava na casa.
— Ah, aí está, Alvo. Ausentou-se por um bom tempo. Ruim do estômago?
— Não, estava apenas lendo revistas trouxas. Adoro as receitas de tricô. Bem, Harry, já abusamos demais da hospitalidade do Horácio, acho que está na hora de partir.
Não demonstrando a menor relutância em obedecer, Harry pulou da poltrona.
Slughorn ficou surpreso.
— Vocês já estão indo?
— Estamos. Acho que sei reconhecer uma causa perdida quando a vejo.
— Perdida...?
Slughorn pareceu nervoso. Girou os polegares gordos e agitou-se enquanto observava Dumbledore abotoar a capa de viagem e Harry fechar o blusão.
— Bem, lamento que não queira o emprego, Horácio — disse Dumbledore, erguendo a mão perfeita em um gesto de adeus —Hogwarts teria se alegrado com o seu retorno. Apesar das medidas mais rigorosas de segurança que tomamos, você será sempre bem-vindo se quiser nos visitar.
— Ah... bem... muito gentil... como digo...
— Adeus, então.
— Tchau — disse Harry.
Estavam à porta da casa quando ouviram um grito às suas costas.
— Muito bem, muito bem, eu vou!
Dumbledore virou-se e viu Slughorn ofegante à porta da sala de estar.
— Vai interromper a aposentadoria?
— Vou, vou — respondeu Slughorn impaciente — Devo estar louco, mas vou.
— Maravilhoso — disse um sorridente Dumbledore — Então, Horácio, veremos você no primeiro dia de Setembro.
— Com certeza verão — resmungou Slughorn.
Quando os visitantes já atravessavam o jardim, a voz de Slughorn acompanhou-os.
— Vou querer um aumento no salário, Dumbledore!
O diretor riu baixinho.
O portão do jardim se fechou, e eles começaram a descer a ladeira em meio ao torvelinho de névoa escura.
— Muito bom, Harry — elogiou Dumbledore.
— Eu não fiz nada — respondeu Harry, surpreso.
— Ah, fez, sim. Mostrou ao Horácio exatamente o que ele tem a ganhar se retornar a Hogwarts. Você gostou dele?
— Ããh...
Harry não tinha certeza se tinha gostado ou não de Slughorn. Supunha que o bruxo fora agradável a seu jeito, mas também lhe parecera vaidoso e, apesar dos seus protestos, demasiado surpreso que alguém nascido trouxa pudesse dar um bom bruxo.
— Horácio — disse Dumbledore, aliviando Harry da responsabilidade de opinar — Gosta de conforto. E também gosta da companhia dos famosos, bem-sucedidos e poderosos. Gosta de sentir que influencia essas pessoas. Nunca quis ocupar o trono, preferiu ficar em segundo plano, onde tem mais espaço para se espalhar, entende. Costumava escolher a dedo os seus favoritos em Hogwarts, às vezes por suas ambições ou inteligência, outras por seu encanto ou talento, e tinha uma habilidade incrível de eleger os que futuramente se tornariam excepcionais em seus campos. Horácio formou uma espécie de clube de favoritos em torno dele, fazendo apresentações, promovendo contatos úteis entre os membros e sempre colhendo algum tipo de benefício, fosse uma caixa de seu abacaxi cristalizado preferido ou uma oportunidade de recomendar o próximo funcionário júnior para a Seção de Ligação com os Duendes.
Ocorreu a Harry a nítida imagem de uma grande aranha inchada, tecendo a teia em torno dele, torcendo um fio aqui e outro ali para trazer mais perto suas moscas gordas e sumarentas.
— Digo tudo isso — continuou Dumbledore — Não para indispor você contra Horácio, ou como o chamaremos de hoje em diante, Professor Slughorn, mas para alertá-lo. Ele certamente tentará aliciá-lo, Harry. Você seria o diamante da coleção dele: O Menino Que Sobreviveu... ou como o chamam ultimamente, o Eleito.
Ao ouvir isso, Harry sentiu um arrepio que não tinha relação com a névoa que os cercava. Lembrou-se das palavras que ouvira havia algumas semanas, palavras que para ele tinham um significado terrível e particular.
Nenhum dos dois pode viver enquanto o outro sobreviver...
Dumbledore parará em frente à igreja pela qual tinham passado mais cedo.
— Aqui está bom, Harry. Se você puder segurar o meu braço.
Experiente, desta vez, Harry não se esquivou da Aparatação, embora continuasse a achá-la desagradável. Quando a pressão cessou, e ele sentiu que conseguia respirar de novo, estava parado em uma estrada rural ao lado de Dumbledore, diante da silhueta torta do segundo prédio de que mais gostava no mundo: A Toca. Apesar do medo que acabara de experimentar, não podia deixar de se animar à vista da casa. Rony estava ali dentro... e também a Sra. Weasley que cozinhava melhor do que qualquer outra pessoa que ele conhecia...
— Se não se importar, Harry — disse Dumbledore, ao cruzarem o portão — Gostaria de dar umas palavrinhas com você antes de nos despedirmos. Em particular. Talvez ali?
O diretor apontou para uma casinha de pedra desmantelada onde os Weasley guardavam as vassouras. Um pouco intrigado, Harry acompanhou o bruxo e entraram por uma porta rangedora em um espaço menor do que um guarda-roupa normal. Dumbledore acendeu a ponta da varinha, fazendo-a brilhar como um archote, e sorriu para Harry.
— Espero que me perdoe por dizer isto, Harry, mas estou contente e até orgulhoso com o seu comportamento depois de tudo que aconteceu no Ministério. Permita-me dizer que Sirius teria sentido admiração por você.
Harry engoliu em seco, sua voz parecia tê-lo abandonado. Achava que não suportaria discutir Sirius. Já fora bastante doloroso ouvir o Tio Válter se admirar, “O padrinho dele morreu?”, e mais doloroso ainda ouvir o nome de Sirius dito displicentemente por Slughorn.
— Foi cruel — disse Dumbledore baixinho — Que você e Sirius tivessem convivido tão pouco tempo. Um fim brutal para o que poderia ter sido uma amizade feliz e duradoura.
Harry concordou com a cabeça, seus olhos resolutamente fixos na aranha que agora subia pelo chapéu do diretor. Sentia que Dumbledore compreendia, e mesmo suspeitava que, até a chegada de sua carta, ele tivesse passado quase todo o tempo deitado na cama, em casa dos Dursley, se recusando a comer, com os olhos fixos na janela enevoada, tomado pelo vazio gélido que passara a associar com os dementadores.
— É duro — disse Harry finalmente, em voz baixa — Saber que ele não escreverá mais para mim.
Seus olhos arderam de repente, e ele piscou. Sentiu-se idiota admitindo isso, mas o fato de ter alguém fora de Hogwarts que se importava com o que lhe acontecia, quase como um parente, tinha sido uma das melhores coisas de ter aquele padrinho... e agora a chegada do correio-coruja nunca mais o confortaria...
— Sirius representou muita coisa que você não tinha conhecido antes — disse Dumbledore com suavidade — Naturalmente, a perda é devastadora.
— Mas enquanto estava na casa dos Dursley — interrompeu Harry, sua voz tornando-se mais firme — Percebi que não posso me isolar de tudo, senão vou ficar maluco. Sirius não teria gostado disso, não é? De qualquer jeito, a vida é curta demais... vê a Madame Bonés, vê a Emelina Vance... eu poderia ser o próximo, não é? Mas, se eu for — disse com ferocidade, agora encarando os olhos azuis de Dumbledore, brilhando à luz da varinha — Vou fazer questão de levar comigo o maior número de Comensais da Morte que puder, e Voldemort também, se tiver forças.
— Você falou como filho de Lílian e Tiago e um legítimo afilhado de Sirius! — disse Dumbledore dando uma palmadinha de aprovação em suas costas — Tiro o chapéu para você, ou tiraria se não fosse o receio de provocar uma chuva de aranhas em sua cabeça. E agora, Harry, falando de outro assunto muito próximo... imagino que você tenha recebido O Profeta Diário nessas duas últimas semanas?
— Recebi — seu coração acelerou um pouquinho.
— Então deve ter visto que houve não só vazamentos mas verdadeiras inundações sobre a sua aventura na Sala da Profecia?
Harry confirmou.
— E agora todo o mundo sabe que eu sou o...
— Não, não sabe — interrompeu Dumbledore — Só há duas pessoas no mundo inteiro que conhecem toda a profecia sobre você e Lorde Voldemort, e as duas estão aqui neste barraco de vassouras, malcheiroso e cheio de aranhas. É verdade, porém, que muita gente adivinhou corretamente que Voldemort mandou os seus Comensais da Morte roubarem a profecia, e que ela se referia a você. Agora, acho que estou certo em pensar que você não contou a nenhum conhecido seu o que dizia a profecia?
— Está — respondeu Harry.
— Uma decisão sensata em termos gerais. Embora eu ache que pode abrandá-la em favor dos seus amigos, o Sr. Ronald Weasley e a Srta. Hermione Granger. Sim — continuou o diretor, ao ver Harry se espantar — Acho que eles devem saber. Seria um desserviço aos seus amigos se não contasse a eles uma coisa tão importante.
— Eu não queria...
— Preocupar ou assustar os dois? — disse Dumbledore, estudando Harry por cima dos oclinhos de meia-lua — Ou talvez admitir que está preocupado e assustado? Você precisa dos seus amigos, Harry. E, como disse com tanto acerto, Sirius não teria querido que você se isolasse.
Harry não respondeu, mas Dumbledore não precisava, de fato, de uma resposta. Prosseguiu:
— Sobre um assunto diferente, mas correlato, este ano quero que tenha aulas particulares comigo.
— Particulares... com o senhor? — repetiu Harry, surpreso, quebrando o seu silêncio tenso.
— É. Acho que está na hora de participar mais da sua educação.
— Que é que o senhor vai me ensinar?
— Uma coisa aqui e outra ali — respondeu Dumbledore vagamente.
Harry aguardou, esperançoso, mas o diretor não explicou, então aproveitou para perguntar uma coisa que o preocupava havia algum tempo.
— Se vou ter aulas com o senhor, não terei de frequentar aulas de Oclumência com Snape, terei?
— Professor Snape, Harry... e não, não terá.
— Que bom — exclamou Harry aliviado — Porque elas foram um...
E parou, cuidando para não dizer o que realmente pensava.
— Acho que a palavra “fiasco” caberia bem — sugeriu Dumbledore, assentindo com a cabeça.
Harry riu.
— Bem, isto quer dizer que de agora em diante não verei o Professor Snape muitas vezes, porque ele não vai me deixar continuar em Poções a não ser que eu tire um “Ótimo” nos meus N.O.M.s, e sei que não tirei.
— Não conte com os ovos que as corujas ainda não botaram — disse Dumbledore sentencioso — O que, se não me engano, deve acontecer ainda hoje. Agora, mais duas coisas antes de nos separarmos. Primeiro, quero que, a partir deste momento, carregue sempre a Capa da Invisibilidade com você. Até mesmo em Hogwarts. Só para se precaver, está me entendendo?
Harry confirmou com a cabeça.
— E, por último, enquanto estiver aqui, A Toca estará recebendo a maior segurança que o Ministério da Magia pode oferecer. Isto causou uma certa inconveniência a Arthur e Molly, toda a correspondência deles, por exemplo, é verificada pelo Ministério antes de ser entregue. Eles não se incomodam, porque a única preocupação que têm é a sua segurança. Mas seria uma péssima retribuição se você arriscasse seu pescoço enquanto estiver aqui.
— Entendo — apressou-se Harry a dizer.
— Muito bem, então — disse Dumbledore, abrindo a porta do barraco de vassouras e saindo — Vejo luz na cozinha. Não vamos privar Molly, nem mais um instante, da oportunidade de lamentar como você está magro.








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