quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

A FANTÁSTICA FÁBRICA DE CHOCOLATE - capítulo 18





18
DESCENDO O RIO DE CHOCOLATE


— Lá vamos nós! — exclamou o Sr. Wonka — Depressa! Sigam-me até a próxima sala! E, por favor, não se preocupem com Augusto Glupe. Com toda a certeza ele vai ser expelido. Vamos continuar nossa visita de barco! Aí vem ele! Vejam!
Uma neblina de vapor se levantava do rio enorme e quente de chocolate e, do meio da neblina, surgiu de repente um fantástico barco cor-de-rosa. Era um imenso barco a remo com a proa e a popa altas (como os velhos barcos dos Vikings), tão brilhante que parecia feito de espelho cor-de-rosa. Tinha vários remos de ambos os lados e, à medida que o barco se aproximava, as pessoas que estavam na margem foram percebendo que os remadores eram umpa-lumpas — havia no mínimo dez em cada remo.
— Esse é meu iate particular! — exclamou o Sr. Wonka, sorrindo com prazer — Ele é esculpido em doce! Não é lindo? Vejam como vem deslizando pelo rio!
O incrível barco de doce cor-de-rosa deslizou até a margem do rio. Cem umpa-lumpas descansaram seus remos e fitaram os visitantes. Então, de repente, por alguma razão que só eles sabiam, começaram a rir com seu riso guinchado.
— Qual é a graça? — perguntou Violeta Chataclete.
— Não ligue para eles! — exclamou o Sr. Wonka — Estão sempre rindo! Acham tudo uma grande piada! Pulem todos para dentro do barco! Venham! Depressa!
Assim que todos se instalaram, os umpa-lumpas arrastaram o barco da margem e começaram a remar velozmente, rio abaixo.
— Ei, você aí! Miguel Tevel! — exclamou o Sr. Wonka — Por favor, pare de lamber o barco. Ele vai ficar todo melado!
— Papai — disse Veroca Sal — quero um barco igual a esse! Quero que você me compre um barco de doce cor-de-rosa igualzinho ao do Sr. Wonka. E também quero um monte de umpa-lumpas para remar, e quero um rio de chocolate, e quero... e quero...
— Ela quer uma palmada no bumbum — sussurrou Vovô José para Charlie.
O velhinho estava sentado na parte de trás do barco e o pequeno Charlie Bucket estava ao lado dele. Charlie segurava firme a mão velha e ossuda do avô. Ele estava tonto de tanta excitação. Tudo o que já tinha visto — o enorme rio de chocolate, a cachoeira, os grandes canos sugadores, os campos de açúcar mentolado, os umpa-lumpas, o maravilhoso barco cor-de-rosa e, principalmente, o próprio Sr. Willy Wonka — era tudo tão extraordinário que Charlie se perguntava se ainda haveria mais alguma coisa espantosa para ser vista. E agora? Para onde estavam indo? O que iriam ver? O que iria acontecer na próxima sala?
— Não é maravilhoso? — disse Vovô José, sorrindo para Charlie.
Charlie concordou e sorriu para Vovô José.
De repente, o Sr. Wonka, que estava sentado do outro lado de Charlie, pegou uma caneca no fundo do barco, mergulhou-a no rio, encheu-a de chocolate e ofereceu para Charlie.
— Beba — ele disse — Vai lhe fazer bem! Você parece morto de fome!
Depois o Sr. Wonka encheu mais uma caneca e deu para Vovô José.
— Você também — ele disse — Parece um esqueleto! Qual é o problema? Não tem tido o que comer em casa?
— Não muito — disse Vovô José.
Charlie levou a caneca até os lábios e um chocolate quentinho, cremoso, saboroso lhe desceu pela garganta, até sua barriga vazia. Todo o seu corpo, da cabeça aos pés, começou a tremer de prazer, e um sentimento de intensa satisfação tomou conta dele.
— Gostou? — perguntou o Sr. Wonka.
— Puxa, é maravilhoso! — disse Charlie.
— O chocolate mais delicioso e cremoso que já experimentei! — disse Vovô José, estalando os lábios.
— É porque foi misturado pela cachoeira — disse o Sr. Wonka.
O barco descia o rio. O rio foi ficando mais estreito. À frente deles havia uma espécie de túnel escuro — um túnel grande e redondo, que parecia um cano gigante — e o rio corria exatamente para dentro dele. E o barco também!
— Remem — gritava o Sr. Wonka, dando pulinhos e sacudindo a bengala no ar — Força total, em frente!
Com os umpa-lumpas remando mais rápido do que nunca, o barco entrou no túnel escuro como breu, e todos os passageiros gritaram agitados.
— Como eles conseguem enxergar para onde estão indo? — guinchou Violeta Chataclete, no escuro.
— Eles não sabem para onde estão indo! — exclamou o Sr. Wonka, dando risada.
Não dá para adivinhar Onde vão se enfiar Não dá pra imaginar Pra onde vão remar! Luz nenhuma pra orientar O perigo a aumentar Vão remando sem enxergar Sem saber onde parar Pra onde vão nos levar...
— Está balançando! — gritou um dos pais, horrorizado.
E os outros fizeram coro, gritando assustados:
— Ele é louco!
— Ele é doidão!
— É malucão!
— É beberrão!
— É piradão!
— É tontão!
— É caducão!
— É tolão!
— É patetão!
— É bobão!
— É loucão!
— É tortão!
— É birutão!
— É parvalhão!
— Não é não! — disse Vovô José.
— Acendam as luzes! — gritou o Sr. Wonka.
Imediatamente o túnel inteiro se iluminou e Charlie viu que, na verdade, estavam dentro de um cano gigantesco, e que o teto do cano era completamente branco, sem uma manchinha. O rio de chocolate corria veloz pelo cano, e os umpa-lumpas remavam como loucos, e o barco continuava embalado, numa velocidade furiosa. O Sr. Wonka ia lá atrás, pulando, e mandava os remadores remarem cada vez mais depressa. Ele parecia estar adorando a emoção da corrida ao longo do túnel branco, num barco cor-de-rosa, no rio de chocolate. Batia palmas, ria e olhava para os passageiros, para ver se estavam se divertindo tanto quanto ele.



— Olhe vovô! — gritou Charlie. — Uma porta na parede!
Era uma porta verde na parede do túnel, logo acima do nível do rio. Ao passarem voando por ela, só tiveram tempo para ler o que estava escrito: SALA DE ESTOQUE N° 54. TODOS OS CREMES, CREME DE LEITE, CREME CHANTILLY, CREME VIOLETTE, CREME DE CAFÉ, CREME DE ABACAXI, CREME DE BAUNILHA E CREME PARA CABELOS.
— Creme para cabelos? — exclamou Miguel Tevel — Não é possível que vocês usem creme para cabelos!
— Continuem remando! — gritou o Sr. Wonka — Não podemos perder tempo respondendo perguntas bobas!
Passaram voando por uma porta preta: SALA DE ESTOQUE Nº 71, estava escrito. SALA DOS CHICOTES — DE TODAS AS FORMAS E TAMANHOS.
— Chicotes! — gritou Veroca Sal — Para que vocês precisam de uma sala de chicotes?
— Para fazer creme batido, é óbvio — disse o Sr. Wonka — Não dá para fazer creme batido sem chicotes, assim como não dá para fazer ovos estrelados sem estrelas. Remem, por favor!
Passaram por uma porta amarela onde estava escrito: SALA DE ESTOQUE Nº 77 — SEMENTES DE TODOS OS TIPOS — SEMENTES DE CACAU, SEMENTES DE CAFÉ, SEMENTES DE GELÉIA E SEMENTES DE JÁ ERA.
Já era? — gritou Violeta Chataclete.
— Você mesma é uma já era! — disse o Sr. Wonka — Não temos tempo para discutir. Vamos em frente, em frente!
Cinco segundos depois, quando avistaram uma porta vermelha brilhante, o Sr. Wonka, balançando a bengala de castão de ouro, ordenou:
— Parem o barco!



 continua...







Frase Curiosa: Conjugando o verbo Facebook: Eu posto, Tu comentas, Ele curte, Nós compartilhamos, Vós publicais, Eles riem, Ninguém trabalha.
Frase CuriosaErrar é humano. Colocar a culpa em alguém é estratégico.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe seu comentário para elogiar ou criticar o T.World. Somente com seu apoio e ajuda, o T.World pode se tornar ainda melhor.