segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

A FANTÁSTICA FÁBRICA DE CHOCOLATE - capítulo 27





27
MIGUEL TEVEL É TRANSMITIDO PELA TELEVISÃO


Ao ver a barra de chocolate ser transmitida pela TV, Miguel Tevel ficou mais entusiasmado ainda do que Vovô José.
— Mas, Sr. Wonka, dá para mandar outras coisas pelo ar, desse mesmo jeito? Cereais para o café da manhã, por exemplo?
— Ah, minha santa tia! Não fale dessa comida nojenta na minha frente. Sabe do que são feitos esses cereais? Daquelas raspinhas de madeira que se formam quando a gente aponta lápis.
— Mas, se a gente quisesse, daria para mandar pela TV, como o chocolate? — perguntou Miguel Tevel.
— Claro que daria!
— E gente? Dá para mandar uma pessoa viva de um lugar para o outro, do mesmo jeito?
— Uma pessoal Ficou maluco? — exclamou o Sr. Wonka.
— Mas daria para fazer isso?
— Nossa, menino! Nem sei... Pode ser... É... acho que sim... é claro que sim. Mas eu não arriscaria. Poderia ser desastroso...
Mas Miguel Tevel já tinha saído correndo. Assim que ouviu o Sr. Wonka dizer “acho que sim”, virou-se e saiu correndo em direção à câmera:
— Olhem só para mim! Vou ser a primeira pessoa a ser “transmitida” pela TV!
— Não, não, não! — gritou o Sr. Wonka.
— Miguel! Pare! Volte! Você vai virar picadinho! — gritou a Sra. Tevel.
Mas não dava mais para segurar o Miguel Tevel. O maluco correu direto para a alavanca da câmera, abrindo caminho entre os umpa-lumpas, aos empurrões.
— Até logo mais, minha gente! — ele gritou. E, empurrando a alavanca para baixo, mergulhou na luz brilhante das lentes poderosas.
Um raio ofuscante iluminou a sala. Depois, silêncio.
A Sra. Tevel avançou correndo... mas parou no meio da sala, olhando, estatelada, para o lugar onde o filho tinha estado... escancarou a boca enorme e vermelha e gritou:
— Ele sumiu! Ele sumiu!
— Puxa vida, ele sumiu mesmo — exclamou o Sr. Tevel.
O Sr. Wonka colocou a mão no ombro da Sra. Tevel.
— Vamos esperar pelo melhor — disse ele — Vamos rezar para o menino sair inteiro do outro lado da coisa.
— Miguel! — gritou a Sra. Tevel, levando as mãos à cabeça — Onde está você?
— Posso lhe dizer onde ele está — prontificou-se o Sr. Wonka — Voando por cima das nossas cabeças, dividido em milhões de pedacinhos!
— Não fale assim! — choramingou a Sra. Tevel.
— Precisamos assistir à televisão. Ele pode aparecer a qualquer momento — animou o Sr. Wonka.
O Sr. e a Sra. Tevel, o Vovô José e Charlie reuniram-se na frente da TV, ansiosos. Na tela não havia nada.
— Está demorando muito para voltar — disse o Sr. Tevel, enxugando o suor da testa.
— Ai, ai, ai, tomara que não fique faltando nenhuma parte dele — disse o Sr. Wonka.
— O que está querendo dizer? — perguntou o Sr. Tevel, zangado.
— Não quero alarmá-los, mas pode acontecer que só a metade dos pedacinhos seja transmitida ao televisor. Aconteceu na semana passada. Não sei por que, mas só a metade de um tablete apareceu no vídeo.
A Sra. Tevel soltou um grito de horror:
— Então pode ser que só meio Miguel volte para nós?
— Esperemos que seja, pelo menos, a metade de cima — disse o Sr. Tevel.
— Parem! Olhem a tela! Alguma coisa está acontecendo! — exclamou o Sr. Wonka.
A tela começou a piscar. Apareceram algumas ondas.
O Sr. Wonka ajustou um dos botões e as ondas sumiram. Devagar, muito devagar, a tela foi ficando cada vez mais brilhante.
— Está chegando! — urrou o Sr. Wonka. — É ele mesmo!
— Está inteiro? — perguntou a Sra. Tevel.
— Não tenho certeza. Ainda é cedo para dizer — respondeu o Sr. Wonka.
Meio embaçado, no começo, mas tornando-se cada vez mais nítido, Miguel Tevel apareceu na tela. Estava de pé, acenando para o público, e com um sorriso que ia de uma orelha à outra.
— Mas ele virou anão! — exclamou o Sr. Tevel.
— Miguel! — gritou a Sra. Tevel — você está bem? Inteirinho?
— Ele não vai crescer? — perguntou o Sr. Tevel.
— Fale comigo, Miguel. Diga alguma coisa! Diga que está bem! — pediu a Sra. Tevel.
Da tela saiu uma voz fininha, baixinha como um chiado de rato.
— Oi mãe, oi pai! Olhem só! A primeira pessoa transmitida pela televisão!
— Agarrem-no! — ordenou o Sr. Wonka — Depressa!
A Sra. Tevel estendeu a mão e puxou para fora da tela a figurinha de Miguel Tevel.
— Viva — gritou o Sr. Wonka — Está inteiro! Não aconteceu nada!
— O senhor chama isso de inteiro? — zangou-se a Sra. Tevel, olhando o garoto do tamanho de um dedo que corria pela palma da sua mão, brandindo seus revólveres. Não tinha mais do que 2,5 cm de altura.
— Ele encolheu! — disse o Sr. Tevel.
— Claro que encolheu — respondeu o Sr. Wonka — O que o senhor esperava?
— Mas é horrível! — chorava a Sra. Tevel — O que vamos fazer agora?
— Ele não pode voltar à escola. Vai ser esmagado! — soluçou o Sr. Tevel.
— Não vai conseguir fazer nada! — gritou a Sra. Tevel.
— Ah, posso sim! — disse a vozinha esganiçada do Miguel — Ainda posso assistir à televisão!
Nunca mais! — berrou o Sr. Tevel — Vou jogar o televisor pela janela assim que chegar em casa. Chega de televisão!
Ao escutar isso, Miguel Tevel começou a ter um ataque de birra. Pulava na palma da mão da mãe, gritando e se esgoelando, tentando morder os dedos dela.
— Eu quero assistir TV! — guinchava ele — Quero assistir TV! Eu quero! eu quero!


— Espere. Deixe esse pirralho comigo! — disse o Sr. Tevel. Pegou o garoto, enfiou-o no bolso do paletó e colocou o lenço por cima. Do bolso saíam gritos e guinchos, e ele se mexia furiosamente enquanto o prisioneiro tentava fugir.
— Ah, Sr. Wonka — implorou a Sra. Tevel — o que vamos fazer para ele crescer?
O Sr. Wonka passou a mão pela barba, olhando pensativamente para o teto:
— Na verdade, acho que não vai ser fácil. Mas meninos pequenos são muito maleáveis e elásticos. Têm uma capacidade enorme de esticar. Podemos colocá-lo na máquina especial de testar a elasticidade do chiclete. Talvez ele volte ao tamanho normal.
— Obrigada, obrigada! — exclamou a Sra. Tevel.
— De nada, de nada, minha senhora.
— Quanto o senhor acha que ele vai esticar? — perguntou o Sr. Tevel.
— Talvez alguns quilômetros. Quem sabe? Mas vai ficar muito magrinho. Todo mundo fica magrinho quando estica  —  respondeu  o  Sr. Wonka.
— Como chiclete? — perguntou o Sr. Tevel.
— Exatamente.
— Quanto ele vai pesar? — perguntou a Sra. Tevel, ansiosa.
— Não tenho a menor idéia. Mas na verdade não importa, porque vai ser fácil engordá-lo de novo. É só ele tomar uma dose tripla do meu Chocolate Super-vitaminado. O Chocolate Super-vitaminado contém muita vitamina A e B. E também vitamina C, vitamina D, vitamina E, vitamina F, vitamina G, vitamina I, vitamina J, vitamina K, vitamina L, vitamina M, vitamina N, vitamina O, vitamina P, vitamina Q, vitamina R, vitamina T, vitamina U, vitamina V, vitamina W, vitamina X, vitamina Y, e, acredite ou não, vitamina Z. Só não tem vitamina S, que dá enjôo, e vitamina H, que faz crescer chifres na testa, como um touro. Mas tem uma quantidade bem pequena da vitamina mais rara e mais mágica de todas, a vitamina Wonka.
— E o que essa vitamina vai fazer com ele? — perguntou o Sr. Tevel, muito aflito.
— Vai fazer os dedos dos pés ficarem do tamanho dos dedos das mãos...
— Ah, não! — choramingou a Sra. Tevel.
— Não seja boba. Isso é ótimo. Ele vai poder tocar piano com os pés — esclareceu o Sr. Wonka.
— Mas, Sr. Wonka...
— Chega de discussão, por favor — irritou-se o Sr. Wonka. Afastou-se e estalou os dedos três vezes no ar. Imediatamente um umpa-lumpa perfilou-se ao seu lado — Siga estas instruções — disse o Sr. Wonka, entregando ao umpa-lumpa um pedaço de papel — O menino está no bolso do pai. Podem ir! Até logo, Sr. Tevel! Até logo, Sra. Tevel! E não fiquem tão preocupados! Tudo vai acabar bem, tudo...
Na extremidade da sala os umpa-lumpas à volta da câmera gigante já batiam seus pequenos tambores e começavam a dançar ao ritmo da música.
— Já vão começar de novo. Acho que não vamos conseguir fazê-los parar de cantar — disse o Sr. Wonka.
Charlie pegou a mão do Vovô José e os dois ficaram ao lado do Sr. Wonka, no meio da sala comprida e brilhante, escutando os umpa-lumpas. E eles cantaram:

Era e não era, que história maluca,
Será uma aventura ou uma arapuca?
Dos cinco do início da história
Só um vai obter a vitória.
Três já tomaram chá de sumiço.
Falta só um pra acabar o serviço.
Pois tem um sujeito que é um grande palhaço
E sempre se acha o bom do pedaço.
O tonto se chama Miguel Tevel,
Tem rima no nome e é um grande pastel.
Não lê, mal conversa, não pinta, não borda,
Não brinca de pique e nem pula corda.
O tonto só tem uma grande paixão,
Só pensa e só fala em televisão.
Deixa a TV o dia todo ligada
E nem vê o que presta, só vê patacoada.
Papo com ele não dá pra levar,
Por falta de assunto já vou terminar.
O cara é um chato, não tem outro jeito,
Vai ter que ir pro ar, e eu acho bem-feito.




 continua...








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Frase CuriosaErrar é humano. Colocar a culpa em alguém é estratégico.

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