William Henry Hartnell nasceu em Londres, em 8 de Janeiro de 1908. O início de sua carreira no cinema aconteceu em 1932, no longa
Say It with Music, dirigido por Jack Raymond. Nos anos seguintes, o ator estaria presente em uma grande quantidade de filmes e séries de TV, mas sempre interpretando personagens mais turronas. Dentre os trabalhos cinematográficos de Hartnell, destacamos
A Caixa Mágica (1951),
A Cruz do Meu Destino (1955),
Carry on Sergeant (1958),
O Rato que Ruge (1959) e o excelente
O Pranto de um Ídolo (1963), dirigido pelo renomado diretor anglo-indiano Lindsay Anderson.
Como 1º Doutor, Hartnell não pode fugir completamente da personalidade birrenta que interpretava no cinema. Seu Doutor às vezes era rude, mas aos poucos se afeiçoou aos humanos que raptara no início da série. O Primeiro Doutor era sério a maior parte do tempo e não era difícil de fazê-lo ficar irritado, mas Hartnell sempre interpretava esses momentos de modo a fazer o espectador rir. Parecia de fato um avô irritado com os netos mais novos, especialmente por chamar a todos de “my child” ou “my dear boy”. Todavia, a rudeza dele era apenas a de um Time Lord que nunca tinha tido contato presente com humanos, e que a partir de Ian e Barbara, se torna dócil.
Na série, o Primeiro Doutor foi obrigado a se regenerar depois de seu primeiro e mortal encontro com os Cybermen. Esse foi o fim de sua primeira encarnação e o início do truque que manteve
Doctor Who no ar nos últimos 50 anos.
Na vida real, William Hartnell foi obrigado a deixar o papel em 1966, por conta de sua doença avançada. Ele não conseguia mais decorar todas as falas e isso gerava alguns incômodos para o andamento da série, colocando inclusive o ator em algumas agulhadas com o produtor, de quem era bastante próximo. Hartnell tinha dito à imprensa que passaria 5 anos no papel, e sua saída antes do tempo o deixou bastante triste. Foi então que ele deu duas ideias que permitiram a série se firmar e atravessar as décadas: a Regeneração e a escolha de seu amigo de longa data para substituí-lo, o ator Patrick Troughton.
A esposa de Hartnell disse certa vez que ele assistia e adorava os episódios do 2º Doutor, mas deixou de ver a série na Era de Jon Pertwee. Ele aceitou, mesmo completamente afetado pela doença, a participar do Especial de 10 anos da série,
Os Três Doutores (1972-73), mas não conseguiu decorar uma única linha, tendo que ler todas as falas, escritas em algum ponto atrás das câmeras.
No início de 1975, ele sofreu uma série de acidentes vasculares cerebrais, e morreu durante o sono de insuficiência cardíaca em 23 de abril de 1975, com a idade de 67 anos.