quinta-feira, 17 de maio de 2012

Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban - Capítulo 15








— CAPÍTULO QUINZE —
A Final do Campeonato de Quadribol



— Ele... ele me mandou isto — disse Hermione entregando a carta.
Harry apanhou-a. O pergaminho estava úmido, e enormes gotas de lágrimas tinham borrado tão completamente a tinta em alguns pontos, que era difícil ler a carta.

Cara Mione,
Perdemos. Tive permissão de trazer Bicuço de volta a Hogwarts. A data de execução vai ser marcada. Bicucinho gostou de Londres. Não vou esquecer toda a ajuda que você nos deu.

Hagrid.

— Eles não podem fazer isso — disse Harry — Não podem. Bicuço não é perigoso.
— O pai de Malfoy deve ter intimidado a Comissão para ela fazer isso — disse Hermione, enxugando as lágrimas — Vocês sabem como ele é. Os outros são um bando de velhos caducos e bobos e ficaram com medo. Mas vai haver recurso, sempre há. Só que não consigo ver nenhuma esperança... nada vai mudar até lá.
— Vai, sim — disse Rony com ferocidade — Você não vai ter que fazer o trabalho todo sozinha desta vez, Mione. Eu vou ajudar.
— Ah, Rony!
Hermione atirou os braços ao pescoço de Rony e desabou completamente. Rony, com cara de terror, acariciou muito sem jeito o topo da cabeça da garota. Finalmente, ela se afastou.
— Rony, eu realmente sinto muito, muito mesmo, pelo Perebas... — soluçou ela.
— Ah... bem... ele estava velho — disse Rony, parecendo muitíssimo aliviado por Hermione o ter soltado — E estava ficando meio inútil. Nunca se sabe, talvez mamãe e papai me comprem uma coruja agora.
As medidas de segurança impostas aos alunos desde a segunda invasão de Black impediram que Harry, Rony e Hermione fossem visitar Hagrid à noite. A única oportunidade que tinham de falar com ele era durante a aula de Trato das Criaturas Mágicas. Ele parecia ter ficado aparvalhado com o veredicto da Comissão.
— É tudo minha culpa. Me atrapalhei para falar. Eles estavam sentados lá, vestidos de preto, e eu não parava de deixar cair as minhas anotações e esquecer as datas que você viu para mim, Mione. Depois Lúcio Malfoy ficou em pé e falou, e a Comissão fez exatamente o que ele mandou...
— Ainda tem recurso! — disse Rony ferozmente — Não desista ainda, estamos trabalhando nisso!
Os quatro regressavam ao castelo com o restante da classe. À frente, viam Malfoy, que caminhava com Crabbe e Goyle e não parava de olhar para trás, rindo com ar de deboche.
— Não adianta, Rony — disse Hagrid, muito triste, quando chegavam à entrada do castelo — Aquela comissão faz o que Lúcio Malfoy manda. Eu só vou tomar providências para que os últimos dias do Bicucinho sejam os mais felizes que teve na vida. Devo isso a ele...
Hagrid deu meia-volta e saiu correndo em direção à sua cabana, o rosto escondido no lenço.
— Olhem só ele chorando feito um bebezão!
Malfoy, Crabbe e Goyle tinham parado às portas do castelo, escutando.
— Vocês já viram uma coisa mais patética? — perguntou Malfoy — E dizem que ele é nosso professor!
Harry e Rony se voltaram com violência para Malfoy, mas Hermione chegou primeiro.
PÁ!
Ela deu um tapa na cara de Malfoy com toda a força que conseguiu reunir. Malfoy cambaleou. Harry, Rony, Crabbe e Goyle ficaram parados, estupefatos, enquanto Hermione tornava a levantar a mão.
— Não se atreva a chamar Hagrid de patético, seu sujo... seu perverso...
— Mione! — exclamou Rony com a voz fraca, e tentou segurar a mão da garota ao vê-la tomar novo impulso.
— Sai, Rony!
Hermione puxou a varinha. Malfoy recuou. Crabbe e Goyle olharam para ele pedindo instruções, inteiramente abobados.
— Vamos — murmurou Malfoy e, num instante, os três tinham desaparecido no corredor que levava às masmorras.
— Mione!— tornou a exclamar Rony, parecendo ao mesmo tempo espantado e impressionado.
— Harry, acho bom você dar uma surra nele na final de Quadribol! — disse a garota com a voz esganiçada — Acho bom dar, porque não vou suportar ver Sonserina vencer!
— Está na hora da aula de Feitiços — disse Rony, ainda olhando para Hermione — É melhor a gente ir andando.
E os três subiram correndo a escadaria de mármore para chegar à classe do Prof. Flitwick.
— Vocês estão atrasados, garotos! — disse o professor, em tom de censura, quando Harry abriu a porta da sala — Vamos, depressa, tirem as varinhas, hoje estamos fazendo experiências com os feitiços para animar, já dividimos os pares...
Harry e Rony correram para as carteiras ao fundo e abriram as mochilas.
Rony olhou para trás.
— Aonde é que foi a Mione?
Harry também a procurou. Hermione não entrara na sala, no entanto, Harry sabia que a garota estivera bem ao seu lado quando ele abrira a porta.
— Que coisa esquisita — comentou Harry, encarando Rony — Vai ver... vai ver ela foi ao banheiro ou outra coisa qualquer.
Mas a garota não apareceu durante toda a aula.
— Ela bem que precisava de um feitiço para animar, também — comentou Rony quando os alunos saíram para almoçar, todos muito sorridentes, os feitiços para animar tinham deixado em todos uma sensação de grande contentamento.
Hermione não apareceu no almoço tampouco. Na altura em que terminaram a torta de maçã, os efeitos dos feitiços estavam se dissipando, e Harry e Rony começaram a se preocupar um pouco.
— Você acha que Draco fez alguma coisa a ela? — perguntou Rony, ansioso, quando seguiam apressados para a Torre da Grifinória.
Passaram pelos trasgos de segurança, deram a senha à Mulher Gorda (“Flibbertigibbet”) e treparam pelo buraco do retrato para chegar à Sala Comunal.
Hermione estava sentada à mesa, profundamente adormecida, a cabeça pousada sobre um livro aberto de Aritmancia. Os garotos se sentaram, um de cada lado.
Harry cutucou-a de leve para acordá-la.
— Ó!... quê? — exclamou Hermione, acordando e olhando assustada para os lados — Já está na hora de ir? Qual é a aula que temos agora?
— Adivinhação, mas só daqui a vinte minutos — respondeu Harry — Mione, por que você não foi à aula de Feitiços?
— Quê? Ah não! — guinchou Hermione — Me esqueci de ir à aula de Feitiços!
— Mas como é que você pôde esquecer? — perguntou Harry — Você estava conosco até chegarmos à porta da sala de aula!
— Eu não acredito! — lamentou-se Hermione — O Prof. Flitwick ficou aborrecido? Ah, foi o Malfoy, eu estava pensando nele e me atrapalhei!
— Sabe de uma coisa, Mione? — disse Rony, olhando para o livrão de Aritmancia que a garota estivera usando como travesseiro — Acho que você está sofrendo um colapso mental. Está tentando fazer coisas demais.
— Não estou, não! — retrucou ela, afastando os cabelos dos olhos e procurando a mochila, com um ar de desamparo — Foi só um engano! É melhor eu procurar o Prof. Flitwick e pedir desculpas... vejo vocês na aula de Adivinhação!
Hermione se reuniu aos dois garotos ao pé da escada para a sala da Profª. Trelawney, vinte minutos mais tarde, com um ar extremamente encabulado.
— Não posso acreditar que perdi os feitiços para animar! E aposto como vão cair nos exames; o Prof. Flitwick insinuou que poderiam cair!
Juntos, eles subiram a escada para a sala escura e abafada da torre. Brilhando em cada mesinha havia uma bola de cristal cheia de uma névoa branco-pérola.
Harry, Rony e Hermione se sentaram juntos à mesma mesa bamba.
— Pensei que não íamos começar bolas de cristal antes do próximo trimestre — resmungou Rony, lançando à sala um olhar preocupado, à procura da professora, caso ela estivesse espreitando por ali.
— Não reclame, isso significa que terminamos quiromancia — murmurou Harry em resposta — Eu já estava ficando cheio de ver Trelawney fazer careta de aflição todas as vezes que examinava as minhas mãos.
— Bom dia para todos! — saudou a voz etérea e familiar, e a professora saiu das sombras em sua costumeira e dramática aparição.
Parvati e Lilá estremeceram de excitação, os rostos iluminados pelo brilho leitoso das bolas de cristal.
— Resolvi começar a bola de cristal mais cedo do que tinha planejado — disse a professora, sentada de costas para a lareira, olhando para a turma — As Parcas me informaram que o exame de vocês em Junho tratará do orbe, e estou ansiosa para oferecer-lhes muita prática.
Hermione deu uma risadinha.
— Bem, francamente... “as Parcas a informaram”... quem é que prepara o exame? Ela mesma! Que profecia assombrosa! — continuou a garota sem se preocupar em manter a voz baixa.
Harry e Rony sufocaram risadinhas.
Era difícil dizer se a professora os ouvira, pois seu rosto estava oculto pelas sombras. Ela, no entanto, continuou como se não tivesse ouvido.
— A vidência com a bola de cristal é uma arte particularmente requintada — disse em tom sonhador — Por isso não espero que vocês vejam alguma coisa ao procurarem examinar pela primeira vez as profundezas infinitas do orbe. Vamos começar praticando o relaxamento da mente consciente e da visão exterior — Rony começou a soltar risadinhas irrefreáveis e precisou meter o punho na boca para abafar o som — Para vocês poderem limpar a visão interior e a supraconsciência. Talvez, se tivermos sorte, alguns de vocês consigam ver alguma coisa antes do fim da aula.
E então começaram a praticar. Harry, pelo menos, sentiu-se extremamente bobo de mirar a bola de cristal, tentando manter a mente vazia, enquanto pensamentos do tipo “que coisa mais idiota” não paravam de lhe ocorrer. Rony não ajudava nada com seus acessos de riso silencioso nem Hermione com seus muxoxos.
— Viram alguma coisa? — perguntou Harry aos dois, depois de manter os olhos fixos na bola uns quinze minutos.
— Já, tem uma queimadura no tampo dessa mesa — disse Rony apontando — Alguém derrubou uma vela.
— Isto é uma baita perda de tempo — sibilou Hermione — Eu podia estar praticando alguma coisa útil. Podia estar recuperando a matéria de feitiços para animar...
A Profª. Trelawney passou farfalhando.
— Alguém gostaria que eu ajudasse a interpretar os portentos obscuros que aparecem em seu orbe? — murmurou sobrepondo a voz ao tilintar dos seus badulaques.
— Eu não preciso de ajuda — sussurrou Rony — É óbvio o que isto significa. Vai haver um nevoeiro daqueles hoje à noite.
Harry e Hermione explodiram em risadas.
— Ora, francamente! — exclamou a Profª. Trelawney quando todas as cabeças dos alunos se viraram em sua direção.
Parvati e Lilá fizeram caras escandalizadas.
— Vocês estão perturbando as vibrações da vidente!
A professora se aproximou da mesa dos garotos e espiou as bolas de cristal dos três. Harry sentiu um grande desânimo. Tinha certeza de que sabia o que viria a seguir...
— Vejo algo aqui! — sussurrou a professora, aproximando o rosto da bola, de modo que esta se refletiu duas vezes em seus enormes óculos — Alguma coisa que se move... mas o que é isso?
Harry estava preparado para apostar tudo que tinha, inclusive a Firebolt, que, seja o que fosse, não seria uma boa notícia. E não deu outra...
— Meu querido... — sussurrou a professora, erguendo os olhos para ele — Está aqui, mais claro que antes... meu querido, aproximando-se de você, cada vez mais perto... o Sin...
— Ah, pelo amor de Deus — exclamou Hermione em voz alta — Não é aquele ridículo Sinistro outra vez!
A Profª. Trelawney ergueu os enormes olhos para a garota. Parvati cochichou alguma coisa com Lilá, e as duas olharam feio para Hermione também. A professora se ergueu, fitando Hermione com inconfundível raiva.
— Sinto dizer que do instante em que você entrou nesta sala, minha querida, ficou evidente que não tinha o talento que a nobre arte da Adivinhação exige. Na verdade, eu não me lembro de jamais ter encontrado uma aluna cuja mente fosse tão irreparavelmente terrena.
Seguiu-se um momento de silêncio. Então...
— Ótimo! — exclamou Hermione, de repente, levantando-se e enfiando o exemplar de Esclarecendo o Futuro na mochila — Ótimo! — repetiu, atirando a mochila sobre o ombro e quase derrubando Rony da cadeira — Eu desisto! Vou-me embora.
E para assombro da turma, Hermione se dirigiu ao alçapão, abriu-o com um pontapé e desceu a escada, desaparecendo de vista. Levou alguns minutos para todos se aquietarem outra vez.
A professora parecia ter se esquecido completamente do Sinistro. Deu as costas, bruscamente, à mesa de Harry e Rony, respirando forte e ajeitando o diáfano xale mais perto do corpo.
— Oooooh! — exclamou Lilá de repente, assustando todo mundo — Ooooooh, Profª. Trelawney, acabei de me lembrar! A senhora viu a Hermione nos deixando, não foi? Não foi, professora? Na altura da Páscoa, alguém aqui vai deixar o nosso convívio para sempre! A senhora disse isso há um tempão, professora!
Trelawney sorriu suavemente.
— É verdade, minha querida, eu sabia que a Srta. Granger iria nos deixar. Esperemos, no entanto, que tenhamos nos enganado com os sinais... a visão interior pode ser um fardo, sabem...
Lilá e Parvati pareceram profundamente interessadas e trocaram de lugar para que a professora pudesse parar à mesa delas.
— Um dia Hermione vai capotar, hein? — murmurou Rony para Harry, fazendo cara de espanto.
— É...
Harry examinou mais uma vez a bola de cristal, mas não viu nada além de uma névoa espiralada. Será que a professora vira, de fato, o Sinistro novamente? Será que ele, Harry, veria? A última coisa de que precisava era outro acidente quase fatal, com a final de Quadribol cada dia mais próxima.
As férias da Páscoa não foram exatamente relaxantes. Os alunos do terceiro ano nunca tinham recebido tantos deveres para casa. Neville Longbottom parecia às vésperas de um colapso nervoso, e não era o único.
— Chamam a isso de férias! — bradou Simas Finnigan certa tarde na Sala Comunal — Ainda faltam séculos para os exames, qual é a deles!
Mas ninguém tinha tanto a fazer quanto Hermione. Mesmo sem Adivinhação, ela estava estudando mais matérias do que todos os outros. Em geral era a última a deixar a Sala Comunal à noite, a primeira a chegar na Biblioteca na manhã seguinte, tinha olheiras iguais as de Lupin e parecia estar constantemente prestes a cair no choro.
Rony assumira a responsabilidade pelo recurso de Bicuço. Quando não estava cuidando dos próprios deveres, estava examinando volumes grossíssimos com títulos do tipo O Manual da Psicologia do Hipogrifo e Ave ou Vilão? Um Estudo Sobre a Brutalidade do Hipogrifo. Ficou tão absorto que até se esqueceu de ser antipático com o Bichento.
Entrementes, Harry teve que encaixar os deveres entre os treinos diários de Quadribol, para não falar das intermináveis discussões de táticas com Olívio.
A partida Grifinória versus Sonserina fora marcada para o primeiro Sábado depois das férias da Páscoa. Sonserina liderava o campeonato por exatos duzentos pontos. Isto significava (conforme Olívio não parava de lembrar ao seu time) que eles precisavam vencer a partida por um número de pontos superior a duzentos para ganhar a Taça. Significava, ainda, que a responsabilidade de vencer cabia em grande parte a Harry, porque capturar o Pomo valia cento e cinquenta pontos.
— Por isso você deve capturar o Pomo somente quando obtivermos uma vantagem de mais de cinquenta pontos — dizia Olívio a Harry constantemente — Só se tivermos mais de cinquenta pontos Harry, senão ganhamos a partida, mas perdemos a Taça. Você entendeu bem? Você só pode apanhar o pomo se tivermos...
— JÁ SEI, OLÍVIO! — berrou Harry.
Toda a Grifinória estava obcecada com a próxima partida. A casa não ganhava a Taça de Quadribol desde que o lendário Carlinhos Weasley (o segundo irmão mais velho de Rony) jogara como apanhador. Mas Harry duvidava se alguém no mundo, mesmo Olívio, queria essa vitória tanto quanto ele.
A inimizade entre Harry e Malfoy atingira o auge. Malfoy ainda sofria com o incidente da pelota de lama em Hogsmeade e ficara ainda mais furioso que Harry tivesse conseguido escapar do castigo. Harry, por sua vez, não se esquecia da tentativa de Malfoy de sabotá-lo durante o jogo contra Corvinal, mas foi o caso de Bicuço que o deixou ainda mais decidido a vencer Malfoy diante da escola inteira.
Nunca, na lembrança de ninguém, uma partida se aproximara com uma atmosfera tão carregada. Quando as férias terminaram, a tensão entre os dois times e suas Casas estava a ponto de explodir. Pequenas brigas irrompiam nos corredores, que culminaram em um incidente perverso, no qual um quartanista da Grifinória e um sextanista da Sonserina acabaram na Ala Hospitalar, com alhos porós brotando dos ouvidos.
Harry, pessoalmente, estava passando um mau pedaço. Não podia ir e vir sem que os alunos da Sonserina esticassem as pernas tentando fazê-lo tropeçar. Crabbe e Goyle não paravam de aparecer onde quer que ele estivesse e se afastar desapontados quando o viam cercado de colegas.
Olívio dera instruções para que Harry estivesse sempre acompanhado em todo lugar, para a eventualidade de algum aluno da Sonserina querer inutilizá-lo para o jogo. Toda a Grifinória assumiu o desafio com entusiasmo, tornando impossível Harry chegar às aulas na hora certa, porque andava rodeado por uma aglomeração de colegas barulhentos. Mas o garoto se preocupava mais com a segurança da Firebolt do que com a própria. Quando não estava voando, ele trancava a vassoura no malão e muitas vezes dava uma corrida à Torre da Grifinória, nos intervalos das aulas, para verificar se ela continuava lá.
Todas as atividades normais na Sala Comunal foram abandonadas na véspera do jogo. Até Hermione pusera os livros de lado.
— Não consigo estudar, não consigo me concentrar — comentou ela, nervosa.
Havia uma grande algazarra. Fred e Jorge Weasley enfrentavam a pressão agindo com mais barulho e exuberância que nunca. Olívio estava a um canto debruçado sobre a maquete de um campo de Quadribol, empurrando bonequinhos com a varinha e resmungando. Angelina, Alicia e Cátia riam das piadas de Fred e Jorge.
Harry se sentara com Rony e Hermione afastado do centro das atividades, procurando não pensar no dia seguinte, porque toda vez que o fazia, tinha a terrível sensação de que alguma coisa enorme estava tentando voltar do seu estômago.
— Você vai se sair bem — disse Hermione a ele, embora parecesse decididamente aterrorizada.
— Você tem uma Firebolt! — animou-o Rony.
— É... — respondeu Harry, o estômago se revirando.
Foi um alívio quando Wood se levantou e gritou:
— Time! Cama!
Harry dormiu mal. Primeiro, sonhou que perdera a hora e que Wood gritava “Onde é que você se meteu? Tivemos que chamar Neville para substituí-lo!”. Depois sonhou que Malfoy e o resto do time da Sonserina chegavam para a partida montados em dragões. Harry voava a uma velocidade vertiginosa, tentando evitar o jorro de chamas que saía da boca da montaria de Malfoy, quando percebeu que esquecera sua vassoura. Começou, então, a cair pelo ar e acordou assustado.
Levou alguns segundos para se lembrar que a partida ainda não se realizara, que estava seguro em sua cama, e que, decididamente, o time da Sonserina não teria permissão para jogar montado em dragões.
Sentiu uma sede enorme. O mais silenciosamente que pôde, levantou-se da cama de colunas e foi se servir de água de uma jarra de prata sob a janela.
Não havia movimento nem som nos jardins. Nenhum sopro de vento perturbava as copas das árvores na Floresta Proibida. O Salgueiro Lutador estava imóvel e transpirava inocência. Parecia que as condições para a partida seriam perfeitas.
Harry pousou o copo e já ia voltar para a cama quando alguma coisa prendeu sua atenção. Havia um animal rondando o gramado prateado. Harry correu à sua mesa-de-cabeceira, apanhou os óculos, colocou-os, e voltou depressa à janela. Não podia ser o Sinistro, não agora, não na véspera da partida... ele tornou a espiar os jardins e, depois de uma busca ansiosa, localizou-o. O animal ia contornando a orla da floresta agora...
Não era o Sinistro...
Era um gato. Harry agarrou o peitoril da janela aliviado ao reconhecer aquele rabo de escovinha. Era só o Bichento...
Mas seria só o Bichento?
Harry apurou a vista, esborrachando o nariz contra a vidraça. Bichento parecia ter parado. O menino teve certeza de que estava vendo outra coisa andando sob a sombra das árvores, também.
Naquele momento, ele apareceu, um cão gigantesco, peludo e negro, que se movia sorrateiramente pelos gramados. Bichento caminhava ao seu lado. Harry arregalou os olhos. Que significaria isso? Se Bichento também via o cão, como é que ele podia ser um agouro da morte de Harry?
— Rony! — sibilou Harry — Rony acorda!
— Hum?
— Preciso que você me diga se vê uma coisa!
— Tá tudo escuro, Harry — murmurou o amigo com a voz empastada — Do que é que você está falando?
— Ali embaixo...
Harry espiou depressa pela janela. Bichento e o cão haviam desaparecido. Ele subiu, então, no peitoril para ver lá embaixo, nas sombras do castelo, mas os bichos não estavam mais lá. Aonde teriam ido?
Um forte ronco lhe informou que Rony tornara a cair no sono.

* * *

Harry e o resto do time da Grifinória entraram no Salão Principal, no dia seguinte, sob uma tempestade de aplausos. O garoto não pôde deixar de dar um grande sorriso quando viu que as mesas da Corvinal e Lufa-Lufa os aplaudiam também. A mesa da Sonserina vaiou alto quando eles passaram. Harry reparou que Malfoy parecia mais pálido do que de costume.
Olívio passou o café da manhã inteiro insistindo para que o time comesse, sem, contudo, se servir de nada. Depois apressou-os a se dirigirem ao campo antes que os outros tivessem terminado, para terem uma ideia das condições de jogo. Quando saíram do Salão Principal, receberam novos aplausos.
— Boa sorte, Harry! — gritou Cho.
Harry sentiu o rosto corar.
— Ok... não tem vento... o sol está meio forte, o que pode prejudicar a visão, tomem cuidado... o chão está bem firme, bom, isso vai nos dar um bom impulso inicial...
Olívio andou pelo campo examinando tudo, com o time atrás. Finalmente, eles viram as portas do castelo se abrirem ao longe e o restante da escola se espalhar pelos gramados.
— Vestiário — disse Olívio tenso.
Ninguém falou enquanto se despiam e vestiam os uniformes vermelhos. Harry ficou imaginando se todos estariam se sentindo como ele: como se tivesse comido alguma coisa que se mexia demais dentro da barriga.
Não parecia ter transcorrido mais que um segundo quando ele ouviu Olívio dizer:
— Ok, pessoal, vamos...
O time entrou em campo sob uma onda gigantesca de aplausos. Três quartos da torcida usavam rosetas vermelhas, agitavam bandeiras vermelhas com o leão da Grifinória ou faixas com palavras de ordem: “PRA FRENTE GRIFINÓRIA!” e “A COPAS DOS LEÕES!”.
Atrás das balizas da Sonserina, porém, duzentos torcedores se cobriam de verde, a serpente prateada da casa brilhava em suas bandeiras e o Prof. Snape estava sentado na primeira fila, vestindo verde como os demais, exibindo um sorriso muito sinistro.
— E aí vem o time da Grifinória! — bradou Lino Jordan, que, como sempre, fazia a irradiação — Potter, Bell, Johnson, Spinnet, Weasley, Weasley e Wood. Considerado por todos o melhor time que Hogwarts já viu em muitos anos...
Os comentários de Lino foram abafados por uma onda de vaias da torcida da Sonserina.
— E aí vem o time da Sonserina, liderado pelo Capitão Flint. Ele fez algumas alterações no esquema tático e parece ter preferido o peso à qualidade...
Mais vaias da torcida da Sonserina. Harry, porém, achou que Lino tinha razão. Malfoy era, sem discussão, o menor jogador do time; todos os outros eram enormes.
— Capitães, apertem-se as mãos! — disse Madame Hooch.
Flint e Wood se aproximaram e apertaram as mãos com força, davam a impressão de que estavam querendo quebrar os dedos um do outro.
— Montem nas vassouras! — disse Madame Hooch — Três... dois... um...
O som do seu apito se perdeu no estrondo das torcidas na hora em que as catorze vassouras levantaram voo. Harry sentiu os cabelos voarem para longe da testa, seu nervosismo o abandonou na excitação do voo, olhou para os lados e viu Malfoy na sua esteira e aumentou a velocidade para ir à procura do Pomo.
— E Grifinória com a posse da bola, Alicia Spinnet da Grifinória com a goles, voando direto para as balizas da Sonserina, em boa forma, Alicia! Arre, não, a goles foi interceptada por Warrington. Warrington da Sonserina partindo em velocidade pelo campo.
PAM!
— Uma boa rebatida de um balaço por Jorge Weasley, Warrington deixa cair a goles, que é apanhada por... Johnson, Grifinória com a posse da bola outra vez, aí Angelina, bom desvio de Montague, se abaixa Angelina, aí vem um balaço! ELA MARCA! DEZ A ZERO PARA GRIFINÓRIA!
Angelina deu um soco no ar ao sobrevoar o extremo do campo, o mar vermelho nas arquibancadas berrou de felicidade...
OUCH!
Angelina quase foi derrubada da vassoura por Marcos Flint ao colidir em cheio com ela.
— Desculpe! — disse Flint enquanto os torcedores lá embaixo vaiavam — Desculpe eu não vi a jogadora!
Não demorou muito, Fred Weasley atirou o bastão contra a cabeça de Flint, cujo nariz bateu com força no cabo da vassoura e começou a sangrar.
— Chega! — gritou Madame Hooch, mergulhando entre os dois — Pênalti contra Grifinória pelo ataque gratuito ao artilheiro do seu adversário! Pênalti contra Sonserina por prejuízo intencional ao artilheiro do seu adversário!
— Ah nem vem! — berrou Fred, mas Madame Hooch apitou e Alicia se adiantou para cobrar o pênalti.
— Aí, Alicia! — gritou Lino no silêncio que se abatera sobre as arquibancadas — SIM, SENHORES! ELA FUROU O GOLEIRO! VINTE A ZERO PARA GRIFINÓRIA!
Harry deu uma guinada na Firebolt para ver Flint, ainda sangrando à beça, voar para cobrar o pênalti contra Sonserina.
Olívio sobrevoava as balizas de Grifinória, os maxilares contraídos.
— É claro que Wood é um esplêndido goleiro! — comentou Lino Jordan para os ouvintes enquanto Flint aguardava o apito de Madame Hooch — Esplêndido! Difícil de vazar... muito difícil mesmo... SIM SENHORES! EU NÃO ACREDITO! ELE AGARROU A BOLA!
Aliviado, Harry se afastou velozmente, espiando para todos os lados à procura do Pomo, mas sem perder nenhuma palavra dos comentários de Lino. Era fundamental para ele manter Malfoy afastado do Pomo até Grifinória atingir cinqüenta pontos de vantagem.
— Grifinória com a posse, não, Sonserina com a posse, não! Grifinória retoma a posse e é Cátia Bell, Cátia Bell de Grifinória com a goles, a jogadora corta o campo... FOI INTENCIONAL!
Montague, um artilheiro de Sonserina, cortou a frente de Cátia e em vez de agarrar a goles, agarrou a cabeça da jogadora. Cátia deu uma cambalhota no ar, conseguiu continuar montada, mas deixou cair a goles.
O apito de Madame Hooch soou mais uma vez ao sobrevoar Montague e começar a gritar com ele. Um minuto depois, Cátia tinha marcado mais um pênalti contra a defesa da Sonserina.
— TRINTA A ZERO! TOMA, SEU SUJO, SEU COVARDE...
— Jordan, se você não consegue irradiar imparcialmente...
— Estou irradiando o que acontece, professora!
Harry sentiu um grande tremor de excitação. Acabara de ver o Pomo, refulgia ao pé de uma das balizas da Grifinória, mas ele não devia apanhá-lo por ora e se Malfoy o visse...
Fingindo uma expressão de súbita concentração, Harry deu meia-volta na Firebolt e correu em direção ao campo da Sonserina, a manobra funcionou. Malfoy saiu a toda velocidade atrás dele, pensando evidentemente que Harry vira o pomo lá...
CHISPA.
Um dos balaços passou voando pela orelha direita de Harry, arremessado pelo gigantesco batedor da Sonserina, Derrick. Então, novamente...
CHISPA.
O segundo balaço roçou pelo cotovelo de Harry.
O outro batedor, Bole, vinha se aproximando. Harry teve um vislumbre fugaz de Bole e Derrick voando em sua direção, com os bastões erguidos... virou a Firebolt para o alto no último segundo e os dois batedores colidiram com um baque de provocar náuseas.
— Há! Há! Há! — bradou Lino Jordan quando os batedores da Sonserina se separaram, levando as mãos à cabeça — Mau jeito, rapazes! Vão ter que acordar mais cedo para vencer uma Firebolt! E Grifinória fica com a posse da bola mais uma vez, quando Johnson toma a goles, Flint emparelhado com ela, mete o dedo no olho dele, Angelina! Foi só uma brincadeira, professora, só uma brincadeira, ah não, Flint toma a bola, Flint voa para as balizas de Grifinória, agora é com você Wood, agarra...
Mas Flint marcou; houve uma erupção de vivas do lado da Sonserina e Lino xingou tanto que a Profª. Minerva McGonagall tentou arrancar o megafone mágico das mãos dele.
— Desculpe professora, desculpe! Não vai acontecer de novo! Então, Grifinória está à frente, trinta a dez, e Grifinória tem a posse...
O jogo estava deteriorando no mais sujo de que Harry já participara. Enraivecidos porque Grifinória tomara a dianteira desde o inicio, os adversários estavam rapidamente recorrendo a todos os meios para roubar a goles. Bole atingiu Alicia com o bastão e tentou alegar que pensara que era um balaço. Jorge Weasley foi à forra dando uma cotovelada na cara de Bole. Madame Hooch puniu os dois times e Wood fez mais uma defesa espetacular, elevando o placar para quarenta a dez para Grifinória.
O Pomo tornara a desaparecer. Malfoy continuou a acompanhar Harry de perto quando o garoto sobrevoou o campo, procurando, agora, o Pomo, “quando Grifinória estiver cinquenta pontos à frente...”
Cátia marcou. Cinquenta a dez. Fred e Jorge Weasley mergulharam cercando a garota, os bastões erguidos, caso os jogadores da Sonserina pensassem em se vingar.
Bole e Derrick aproveitaram a ausência de Fred e Jorge para arremessar os dois balaços em Wood, eles o atingiram no estômago, um após o outro, e o goleiro virou de cabeça para baixo no ar, agarrando-se à vassoura, completamente sem ar.
Madame Hooch ficou fora de si.
— Não se ataca o goleiro a não ser que a goles esteja na área — gritou ela para Bole e Derrick — Pênalti a favor da Grifinória!
— Angelina marcou. Sessenta a dez.
Instantes depois Fred Weasley arremessou um balaço contra Warrington, derrubando a goles de suas mãos, Alicia apanhou a bola e enterrou-a no gol da Sonserina.
— Setenta a dez.
A torcida da Grifinória lá embaixo estava rouca de tanto gritar, a Casa passara sessenta pontos à frente e se Harry apanhasse o Pomo naquele momento, a Taça seria dela. O garoto chegava quase a sentir as centenas de olhos acompanhando-o enquanto sobrevoava o campo, muito acima das equipes, com Malfoy correndo atrás dele. Então Harry o viu. O Pomo estava brilhando seis metros acima dele.
O garoto imprimiu maior velocidade à vassoura; o vento rugiu em seus ouvidos; ele estendeu a mão, mas, de repente, a Firebolt começou a desacelerar... horrorizado, ele olhou para os lados. Malfoy se atirara para frente, agarrara a cauda da Firebolt e procurava atrasá-la.
— Seu...
Harry se enfureceu o suficiente para bater em Malfoy, mas não conseguiu alcançá-lo. Malfoy ofegava com o esforço de segurar a Firebolt, porém seus olhos brilhavam de malícia. Conseguira o seu intento, o Pomo tornara a desaparecer.
— Pênalti! Pênalti a favor da Grifinória! Nunca vi uma tática igual! — Madame Hooch guinchava, enquanto velozmente se dirigia até o ponto em que Malfoy deslizava de volta à sua Nimbus 2001.
— SEU SAFADO NOJENTO! — urrava Lino Jordan no megafone, saltando fora do alcance da Profª. McGonagall — SEU SAFADO NOJENTO, FILHO...
A professora nem se deu o trabalho de ralhar com Lino. Na verdade ela sacudia o dedo na direção de Malfoy, seu chapéu caíra da cabeça, e ela também berrava furiosamente.
Alicia cobrou o pênalti para Grifinória, mas estava tão zangada que errou por mais de meio metro. O time da Grifinória começou a perder a concentração e os jogadores da Sonserina, encantados com a falta de Malfoy em cima de Harry, se sentiam estimulados a tentar vôos mais altos.
— Sonserina com a posse, Sonserina corre para o gol... Montague marca — gemeu Lino. — Setenta a vinte para Grifinória...
Harry agora estava marcando Malfoy tão de perto que os joelhos dos dois se batiam o tempo todo. Harry não ia deixar Malfoy sequer se aproximar do Pomo...
— Sai da frente, Potter! — gritou Malfoy, frustrado, ao tentar se virar e deparar com Harry no bloqueio.
— Angelina Johnson pega a goles para Grifinória, aí Angelina, VAI, VAI!
Harry olhou para os lados. Todos os jogadores da Sonserina, a exceção de Malfoy, estavam correndo pelo campo em direção a Angelina, inclusive o goleiro do time, todos iam bloqueá-la...
Harry deu meia-volta na Firebolt, curvou-se até deitar o corpo sobre seu cabo, e impeliu-a para frente. Como uma bala, ele se precipitou em alta velocidade contra os jogadores da Sonserina.
— AAAAAAAAIIIIIIIII!
Os jogadores se dispersaram quando viram a Firebolt vindo, o caminho de Angelina ficou desimpedido.
— ELA MARCOU! ELA MARCOU! Grifinória lidera por oitenta a vinte!
Harry, que quase mergulhara de cabeça nas arquibancadas, parou derrapando no ar, inverteu a direção da vassoura e voltou a toda para o meio do campo.
E então ele viu uma coisa que fez o seu coração parar.
Malfoy estava mergulhando, uma expressão de triunfo no rosto, lá a menos de um metro acima do gramado, lá embaixo, havia um minúsculo reflexo dourado. Harry apontou a Firebolt para baixo, mas Malfoy estava quilômetros à sua frente.
— Vai! Vai! Vai! — Harry dizia à vassoura.
A distância que o separava de Malfoy foi diminuindo. Harry deitou-se no cabo da vassoura quando viu Bole arremessar um balaço contra ele, já encostara nos calcanhares de Malfoy, emparelhou...
Harry se atirou à frente, tirou as mãos da vassoura. Afastou o braço de Malfoy do caminho com um empurrão e...
— PEGOU!
Tirou, então, a vassoura do mergulho, a mão no ar, e o estádio explodiu. Harry sobrevoou as arquibancadas, um zumbido estranho nos ouvidos. A bolinha de ouro estava bem segura em sua mão, batendo inutilmente as asinhas contra seus dedos.
No momento seguinte, Wood veio voando ao seu encontro, quase cego pelas lágrimas; agarrou Harry pelo pescoço e soluçou sem se conter no ombro do garoto. Harry sentiu dois grandes trancos quando Fred e Jorge colidiram com eles, depois as vozes de Alicia e Cátia:
— Ganhamos a Taça! Ganhamos a Taça!
Embotados num abraço de muitos braços, o time da Grifinória foi descendo, berrando roucamente, de volta ao chão. Onda sobre onda de torcedores vermelhos saltou as barreiras do campo. Choveram mãos nas costas dos jogadores. Harry teve uma impressão confusa de ruído e corpos que o empurravam. Então ele e o resto do time foram erguidos nos ombros dos torcedores. Empurrado para a luz, ele viu Hagrid, emplastrado de rosas vermelhas...
— Você os derrotou, Harry, você os derrotou! Espere até eu contar a Bicuço!
Lá estava Percy, pulando que nem maluco, toda a dignidade esquecida. A Profª. McGonagall soluçava mais até que Wood, enxugando os olhos com uma enorme bandeira da Grifinória, e lá, lutando para chegar a Harry, vinham Rony e Hermione. Faltaram palavras aos amigos. Simplesmente sorriram radiantes ao ver Harry ser carregado para a arquibancada onde Dumbledore aguardava de pé com a enorme Taça de Quadribol.
Se ao menos tivesse havido um dementador por ali... quando um Wood, soluçante, passou a Taça a Harry e este a ergueu no ar, o garoto sentiu que seria capaz de produzir o melhor Patrono do mundo.








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