quinta-feira, 24 de novembro de 2011

A FANTÁSTICA FÁBRICA DE CHOCOLATE - capítulo 12





12
O QUE DIZIA O CUPOM DOURADO


Charlie irrompeu pela porta, gritando:
— Mamãe! Mamãe! Mamãe!
A Sra. Bucket estava no quarto dos velhinhos, servindo a sopa da noite.
— Mamãe! — berrou Charlie, entrando como um furacão — Olhe! É meu! Olhe, mamãe, olhe! O último Cupom Dourado! Ele é meu! Encontrei um dinheirinho na rua e comprei duas barras de chocolate e na segunda encontrei o Cupom Dourado, e as pessoas se aglomeraram a meu lado querendo ver o cupom e o vendedor me salvou e eu corri sem parar até chegar em casa e aqui estou! É O QUINTO CUPOM DOURADO, MAMÃE, E FUI EU QUEM O ENCONTROU!
A Sra. Bucket parou estatelada.
Os quatro velhinhos, que estavam sentados na cama equilibrando as tigelas de sopa no colo, largaram as colheres e caíram duros nos travesseiros.
Houve dez segundos de silêncio absoluto no quarto. Ninguém ousava se mexer ou falar. Foi um momento mágico.
Depois, bem devagar, Vovô José disse:
— Não é possível, Charlie, fale a verdade. Está brincando conosco?
— Juro que não — gritou Charlie, correndo até a cama, segurando o maravilhoso Cupom Dourado para que eles pudessem ver.
Vovô José se aproximou para ver de perto, o nariz quase encostando no cupom. Os outros ficaram esperando o veredito.
Então, devagarinho, com um sorriso suave e magnífico no rosto, Vovô José levantou a cabeça e olhou fixo para Charlie. Suas bochechas começaram a ficar coradas, seus olhos arregalados, brilhando de alegria, e, no meio de cada olho, bem no meio mesmo, na pupila preta, brilhava uma faísca de alegria.
O velhinho respirou fundo e de repente, sem qualquer aviso prévio, pareceu ter explodido por dentro. Levantou os braços e gritou:
Iupiii!
Seu corpo ossudo levantou da cama fazendo voar a tigela de sopa bem em cima da Vovó Josefina. Num salto fantástico, aquele velhote de noventa e seis anos e meio, que não saía da cama há mais de vinte anos, pulou no chão e começou a dançar, de pijama, a dança da vitória.
—  Iuuppiiiiii — ele gritava — Três vivas para Charlie! Hip! Hip! Hurra!
Nesse momento, a porta se abriu, e o Sr. Bucket entrou no quarto. Tinha varrido a neve das ruas durante todo o dia.
Nossa! — ele gritou — o que está acontecendo por aqui?
Não levou muito tempo para ele saber.
— Não acredito — ele disse — é impossível!
— Mostre o cupom para ele, Charlie — falou Vovô José, ainda dançando e girando no chão, parecendo um muçulmano de pijama listado — Mostre para seu pai o quinto e último Cupom Dourado do mundo!
— Deixe-me ver, Charlie — disse o Sr. Bucket caindo numa cadeira e estendendo as mãos. Charlie se aproximou com o precioso documento.
O Cupom Dourado era muito bonito. Parecia uma folha de ouro puro, da espessura de um papel. De um dos lados, impresso em letras pretas, vinha o convite do Sr. Wonka.
— Leia em voz alta — disse Vovô José, voltando finalmente para a cama — Vamos ver exatamente o que diz o convite.
O Sr. Bucket segurou o lindo Cupom Dourado bem perto dos olhos. Suas mãos estavam tremendo um pouco, e ele parecia meio fora de si com aquilo tudo. Respirou fundo várias vezes. Então limpou a garganta e disse:
— Está bem, vou ler. Lá vai:

“Parabéns, feliz ganhador do Cupom Dourado.
Parabéns do Sr. Willy Wonka! Meus cumprimentos! Coisas extraordinárias aguardam você! Surpresas maravilhosas o esperam! Por enquanto, gostaria que você viesse visitar minha fábrica e fosse meu convidado por um dia — você e todos os outros felizardos que encontraram o Cupom Dourado. Eu, Willy Wonka, vou conduzi-los pessoalmente pela fábrica, mostrando tudo o que há para ser visto. Depois, quando chegar a hora de ir embora, serão escoltados até suas casas por um cortejo de caminhões enormes. Prometo que esses caminhões estarão cheios de deliciosos petiscos, que durarão anos e anos, para você e toda a sua família. E, quando o estoque acabar, é só você voltar à fábrica e mostrar o Cupom Dourado. Terei o maior prazer em reabastecê-lo com tudo o que desejar. Desse modo, poderá manter seu estoque de saborosas guloseimas pelo resto da vida. Mas isso não é o mais emocionante que vai acontecer no dia de sua visita. Estou preparando outras surpresas mais maravilhosas e fantásticas ainda, para você e todos os meus queridos possuidores do Cupom Dourado — surpresas fascinantes, deliciosas, intrigantes, espantosas e incríveis! Nem nos seus sonhos mais loucos você poderá imaginar as coisas que lhe poderão acontecer! Espere para ver! Agora, as instruções: o dia que escolhi para a visita é primeiro de fevereiro. Nesse dia, e só nesse dia, você deverá comparecer aos portões da fábrica exatamente às dez horas da manhã. Não se atrase! Pode levar um ou dois membros da sua família para tomar conta de você e para garantir que não faça nenhuma travessura. Mais uma coisa — não esqueça de trazer o cupom, pois sem ele não poderá entrar.
Assinado: Willy Wonka.”

— Dia primeiro de fevereiro! — exclamou o Sr. Bucket — Mas já é amanhã! Hoje é o último dia de janeiro. Eu tenho certeza!
— Puxa vida — disse a Sra. Bucket — É isso mesmo!
— Está em cima da hora! — exclamou Vovô José — Não há tempo a perder. Você precisa começar a se aprontar logo! Lave o rosto, penteie os cabelos, lave as mãos, escove os dentes, assoe o nariz, corte as unhas, engraxe os sapatos, passe a camisa e, por favor, limpe o barro das calças! Vamos, meu garoto! Você tem que estar preparado para o dia mais importante da sua vida!
— Não fique tão agitado, Vovô — disse o Sr. Bucket — Não confunda o coitado do Charlie. Temos que tentar manter a calma. Agora, a primeira coisa a resolver é a seguinte: quem vai acompanhar Charlie à fábrica?
— Eu! — gritou Vovô José, pulando de novo da cama — Eu vou com ele! Vou tomar conta dele! Pode deixar comigo!
A Sra. Bucket sorriu, voltou-se para o marido e disse:
— E você, querido? Não acha melhor você ir?
— Bem... — disse o Sr. Bucket, parando para pensar — não... Não sei se devo ir.
— Mas você precisa ir!
— Nisso não tem nada de precisar, minha querida — disse gentilmente o Sr. Bucket — Sabe de uma coisa? Eu adoraria ir. Seria emocionante. Mas, por outro lado... Acho que, de todos nós, quem merece ir mesmo é Vovô José. Parece que ele entende mais do assunto do que nós. Contanto, é claro, que ele esteja disposto...


— Iuupiiii — gritou Vovô José, pegando Charlie pela mão e dançando pelo quarto.
— Ele realmente parece muito disposto — disse a Sra. Bucket, rindo — É... talvez você tenha razão. Talvez Vovô José seja a pessoa certa para acompanhá-lo. Eu mesma não posso ir e deixar os outros três velhinhos sozinhos na cama o dia inteiro.
— Aleluia — gritou Vovô José — Graças a Deus!
Nessa hora, ouviram uma batida forte na porta da frente. O Sr. Bucket foi abrir, e a casa foi invadida por um enxame de repórteres e fotógrafos. Tinham saído à procura do menino do quinto Cupom Dourado, e agora todos queriam saber a história toda para colocarem nas primeiras páginas dos jornais do dia seguinte. Por muitas horas, aquela casinha virou um pandemônio, e devia ser quase meia-noite quando o Sr. Bucket conseguiu se livrar dos repórteres, e Charlie pôde ir para a cama.




continua...







Frase Curiosa: Conjugando o verbo Facebook: Eu posto, Tu comentas, Ele curte, Nós compartilhamos, Vós publicais, Eles riem, Ninguém trabalha.
Frase CuriosaErrar é humano. Colocar a culpa em alguém é estratégico.

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